Título: A Queda
Autor: Albert Camus
Tradutor: José Terra
Opinião: Eu não sei qual é o meu preconceito inconsciente e involuntário contra este autor, mas já é a segunda vez que leio um livro dele, e a segunda vez em que tive de ser influenciado a fazê-lo.
Desta vez ainda foi pior, porque eu já sabia perfeitamente que gostava do autor e da sua escrita. E no entanto, nunca mais peguei em nada de Camus.
Caro falecido Albert Camus, perdoe-me. Acredite que lhe tenho o maior dos respeitos, e uma boa dose de admiração.
Se já assim pensava depois de ler O Estrangeiro, esta leitura confirmou a minha ideia sobre o autor e a sua escrita: fantástica.
Confesso que já não me lembrava de detalhes, apenas de que tinha gostado bastante da escrita. Pois bem, fiquei impressionado, ainda achei a escrita melhor do que aquilo que eu me lembrava.
A forma como a narração é feita é bastante curiosa, uma vez que o narrador fala directamente para o leitor, como se este fosse uma personagem que o acompanha noite após noite, do bar para as ruas.
O efeito disto, como devem imaginar, é tremendo. A forma como Camus nos envolve, não só com a sua escrita descomplicada, directa e viciante, mas também com esse "truque", é muito boa.
É claro sendo Camus, a maior parte do livro é perdida em reflexões e em conversas que surgem quase do nada e que parecem não ter nada a ver com nada, mas que servem como uma espécie de confissão do narrador, que diz ser um "juiz penitente".
O resultado é um livro aparentemente bastante parado, mas que cativa bastante. A escrita é mesmo muito boa e a história acaba por se tornar interessante, contada pelo narrador de forma bastante pessoal.
Claramente um livro, e um autor, a não perder.
1 comentário:
Muito provavelmente o único autor que podia escrever um livro todo a reflectir sobre o que tinha comido ao pequeno-almoço e eu ainda gostaria imenso... É dono de uma prosa simplesmente genial.
Jorge
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