sábado, 12 de outubro de 2013

Quando o nome do autor vem em letras maiores do que o título do livro

Tenho a certeza que já toda a gente reparou: há livros em que reparamos no título, e há livros em que reparamos no autor. Não falo de quando isto acontece por sermos fãs do autor ou por ele nos ser desconhecido, isso aí acontece sempre, quer queiramos quer não.

O que eu quero dizer é que há livros em que aparece o título, e depois o autor por baixo, normalmente em letras mais pequenas, e depois há livros em que aparece o autor, por vezes de um tamanho absuro, e só depois, em letras pequenas, o título.

Ora, o que é que isto me diz? É simples, não é? Há autores que vendem pura e simplesmente por serem quem são. Espetar o nome desses autores numa capa, de preferência em letras grandes, é garantir uns milhares de vendas (no nosso país, que lá fora são logo uns milhões de vendas, se for preciso).

É por isso que a maior parte dos autores ditos "comerciais" têm os livros praticamente todos assim. Mas não só, e basta um nome ser conhecido por alguma razão, ou gerar qualquer tipo de controvérsia, e pronto, é só aumentar um bocado o tamanho do nome, diminuir um pouco o título e deixá-lo para segundo plano, e voilá!, vendas!

Acontece com Stephen King, Dan Brown, Nora Roberts, Saramago, Tolkien... Seja qual for a razão, pôr estes nomes numa capa é como ter uma máquina de fazer dinheiro. E eu vejo isso por mim... Não o digo quando a Dan Brown ou a Nora Roberts, mas King, Saramago e Tolkien? São 3 daqueles nomes cujos títulos dos livros só me servem para ver se já tenho.

E não tenho quaisquer remorsos quanto a isso. Se gosto assim tanto de um autor, acabo por querer ler tudo o que já escreveu, estou mais interessado em procurar o nome do que os títulos. E acontece o mesmo com quem devora Dan Brown e Nora Roberts ou, sei lá, Nicholas Sparks e companhia. No fundo queremos um estilo de escrita e de história que este ou aquele autor tem, e portanto não é preciso procurar mais.

Mas até que ponto é que isto é bom? Quer dizer, se gostarmos mesmo muito de um autor, até podemos nem lhe ler os livros todos, mas gostamos de os ter nas prateleiras, para olharmos para eles de vez em quando. Por aí é sempre positivo. Mas e quando há desilusões?

Convenhamos, a maior parte dos livros que a generalidade de nós compra, fazemo-lo por causa do autor. Seja por gostarmos demasiado do que já conhecemos, ou por não termos paciência, ou tempo, ou seja lá o que for, para investigar autores novos, se já temos uns poucos na cabeça, não é preciso procurar muito mais.

No entanto, quantas vezes não me aconteceu já um livro ser uma tremenda desilusão e desmotivar-me relativamente a esse autor? Eu sei, são coisas que acontecem, não há autores perfeitos. Mas seria evitável? Talvez.

Se calhar se tivesse agarrado no livro e lido uns parágrafos, ou umas páginas, antes de comprar, tivesse logo percebido que devia deixar aquele passar. Ou algo tão simples como ler a sinopse. Se bem que há muito livro que não traz sinopse, e ainda mais que traz e é completamente enganadora, mas isso é outra conversa.

Mesmo assim não sei! Acho que é difícil de pensar nisto... Para as editoras é simpl€s, mas não sei bem até que ponto é saudável influenciar os leitores dessa maneira. Não que não o façam de outras maneiras, e sim, eu ainda não me esqueci que as editoras são empresas que precisam de lucros, mas acho sinceramente que uma abordagem mais honesta tivesse melhores resultados.

6 comentários:

Pedaços disse...

Adorei o pormenor do "simpl€s".

Rui Bastos disse...

Até dói, mas é verdade...

Optimus Primal disse...

Realmente é assim mesmo o €s tem muito peso na compra

Optimus Primal disse...

Até na bd é assim,com Moore,Gaiman etc

Rui Bastos disse...

Pois é... Na BD nem me tinha lembrado, ou melhor, ainda nem sequer reparei muito nisso.

Unknown disse...

Sou exactamente assim: quando gosto de um escritor gosto de ler e/ou ter todos os seus livros.
Acho que as desilusões são tratadas de forma diferente se aquele escritor é uma referência para nós. E não faz muito mal não gostarmos de um dos seus livros. Aconteceu-me com Valter Hugo Mãe. Com o "A máquina de fazer espanhóis entrou para o meu TOP de escritores mas o "O Remorso de Baltazar Serapião" deixou-me extremamente desiludida. No entanto não hesitei em comprar o "A desumanização"...
Já quando um escritor não é do TOP então uma desilusão pode fazer com que não compre nem leia mais livros dos escritores. Aconteceu-me com Dan Brown, que com este "inferno" foi banido da minha estante.