Queria começar por louvar a iniciativa da Biblioteca Digital do DN. O jornal ofereceu um número bastante razoável de contos de autores portugueses, de diversas áreas e estilos, em formato digital relativamente bem editado (e incluindo um com ilustrações!). Todos os contos foram acompanhados por uma curta biografia do autor.
É de louvar não só o princípio da coisa, como a tentativa de apresentar um conjunto de autores de tal forma diversificado que até incluiu ficção-científica e fantástico, na forma de João Barreiros e David Soares, por exemplo!
No entanto é preciso pôr os pontos nos i's e deixar bem claro que foi um fracasso. Podem ler a minha opinião sobre todos os contos para perceberem o que quero dizer. E não estou sozinho. Já vi críticas por aí que acham mais ou menos a mesma coisa que eu para a maior parte dos contos,
A verdade é que a apreciação geral é má. Terrível. Não sei se os autores foram de alguma forma pressionados e escreveram tudo à pressa, ou se foi um momento de desinspiração colectiva ou de obrigação contratual, mas são poucos os que se aproveitam.
E se Barreiros não me desiludiu, o que dizer de David Soares, que escreveu um conto mediano, ou de João Tordo, que escreveu um conto mau? Já para não falar dos outros escritores todos, que na sua grande maioria conseguiram apenas aborrecer-me e revoltar-me ligeiramente com os seus contos.
Nem tudo foi mau, é verdade. O já mencionado Barreiros, sempre com o seu estilo característico, é o caso fulcral. Mas fiquei a saber que aprecio a escrita de Lídia Jorge, de Afonso Cruz, e até gostei dos contos de Onésimo Teotónio Almeida, David Soares, Rui Cardoso Martins, Possidónio Cachapa e David Machado. O do Nuno Markl também não foi mau de todo. Mas todos os outros? Entre o mediano-a-tender-para-desinteressante e o deplorável.
O que é uma pena! Havia tanto potencial nesta colecção. Autores relativamente conhecidos à mistura com autores desconhecidos, diversidade de estilos e gerações, uma boa edição e uma divulgação que não foi má de todo... Tinha tudo para ser fantástica e infelizmente ficou-se pelo medíocre!
Também já pensei se este resultado não estará relacionado com a pouca tradição e apetência dos escritores portugueses para o conto. Pelo menos não encaram esse formato como eu acho que ele merece, na sua maioria. Talvez isso já esteja de tal forma enraizado na nossa cultura literária que os escritores têm uma aversão natural e acontece isto...
Mas confesso que dá esperança. Esperança que de talvez apareçam mais iniciativas assim. E com mais destaque para o Fantástico, que também merece e tem muito boa gente capaz de o representar como deve ser junto do público geral. Quando é que volta a acontecer algo assim? Gostava de saber.
Até lá, é continuar a cascar nestes, para ver se este pessoal aprende!
3 comentários:
É pena. Um bom conto ensina a escrever bem, cria gosto pela leitura...
Fico à espera de uma antologia de Fantasia que inclua westerns noir e aí talvez comece a prestar atenção a isto :P
Jorge
Helena, é verdade. Eu gosto bastante de contos, e estes foram uma desilusão.
Jorge, tens pouca fé nestas coisas, devias experimentar, há aqui alguns que se safam.
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