segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Devaneios de Bach

"Às vezes, pensamos que já não há dragões, que já não resta um valoroso cavaleiro, uma princesa deslizando por florestas misteriosas, encantando veados e borboletas com o seu sorriso. Às vezes, pensamos que a nossa época enterrou as fronteiras e as aventuras. O destino é para além do horizonte; sombras reluzentes que passaram a correr há muito tempo e desapareceram. Que prazer enganarmo-nos! Princesas, cavaleiros, encantamentos e dragões, mistério e aventura... não só existem aqui e agora como são as únicas coisas que sempre existiram na terra! No nosso século, mudaram, claro de roupa. Os dragões usam hoje fatos governamentais e trajos de malgoro e equipamento de tragédia. Os demónios da sociedade guincham, caem rodopiantes sobre nós mal tiramos os olhos do chão se nos atrevemos a virar à direita numa esquina em que nos disseram para virar à esquerda. Tão astuciosos se tornam os aspectos exteriores que as princesas e os cavaleiros podem não dar uns pelos outros, podem mesmo nem se reconhecer a eles próprios.
Tadavia, as senhoras da realidade continuam a entrar-nos nos sonhos para nos dizer que nunca perdemos a protecção de que necessitamos contra os dragões, esses arcos coltaicos azuis que nos ligam uns aos outros para mudarmos o mundo à nossa vontade. O que a intuição sussurra é verdade: Não somos pó; somos magia!
"



Richard Bach

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