sábado, 4 de dezembro de 2010

Eu sou a Lenda

Ora cá está um autor que sempre me despertou muita curiosidade, embora só lhe conhecesse o livro "Eu sou a Lenda", que era o que eu pensava que vinha neste livro da revista Visão. Mas aquilo que realmente cá vem, é o seguinte: esse livro "Eu sou a Lenda", e mais 3 contos, "Nascido de Homem e Mulher", "Presa" e "Perto da Morte".

Foi, no entanto, sem saber muito bem o que esperar que comecei a ler este livro. Em parte porque já tinha visto partes do filme, e não me tinha agradado por aí além. Tinha ficado com a ideia que era mais um filme de zombies/vampiros, baseado num banal livro de zombies/vampiros. Mas tenho sempre uma enorme desconfiança em relação às adaptações cinematográficas de livros, queria ler o livro, para tirar as dúvidas.

E só tenho a dizer que eu tinha razão em estar desconfiado. Depois de ler o livro, fico agora com medo de ver o filme todo. Primeira coisa: estão a ver o protagonista do filme, o Will Smith? Um afro-americano careca, de caçadeira na mão, sempre na companhia de um cão? Adivinhem lá como é que é o protagonista, no livro... Pois é, loiro, de olhos azuis, sem cão, e que raramente anda com armas nas mãos.

Enfim. Falemos do livro. A história é aquele tipo de história que eu gostava de conseguir dominar com esta mestria. Uma história inteira com apenas um punhado de personagens (1 central, e meia-dúzia que aparem em flashbacks, sonhos, ou já no final do livro), mas uma história que mesmo assim tem pouco momentos realmente monótonos.

É sobre o último homem na Terra, num mundo que foi assolado por uma estranha praga, que transforma as pessoas em vampiros, mas à qual Robert Neville parece ser imune. A escrita directa do autor favorece uma história que raramente aborrece (há alguns momentos mais mortos, mas nada de insuperável), sobre a vida deste homem, que se vê sozinho e rodeado por vampiros, o que o obriga a barricar-se em casa, durante a noite, e a sair à rua durante o dia, num verdadeiro contra-relógio, para chegar a casa antes que anoiteça.

A melhor parte? O final. Ainda que quando se comece a aproximar, tenha um travo ligeiramente sensaborão, a cena final é perfeita. Se eu pudesse ter escolhido o final de antemão, teria sido algo deste género. Adorei mesmo.

Destaque ainda para os 3 contos finais. O primeiro "Nascido de Homem e Mulher", foi aparentemente o primeiro que o autor publicou, e apresenta, numa escrita infantil, um relato na primeira pessoa daquilo que ao começo parece ser uma criança como outra qualquer, mas que com o desenrolar da curta história se revela algo mais.

O segundo, "Presa", é uma história absolutamente deliciosa, ao estilo dos filmes "Chucky" (até me pôs a pensar se não terá havido inspirações aqui pelo meio... seja do filme para o livro, ou do livro para o filme), sobre um boneco assassino. Muito bem escrito.

O terceiro e último, "Perto da Morte", ocupa apenas 2 páginas e um bocadinho de uma terceira, mas foi, sem dúvida, o meu favorito. Completamente banal o tempo todo, até que chega à última linha. Brutal!

Não se preocupem com o filme, que não me parece que tenha muito a ver, daquilo que vi, só mesmo o essencial, "último homem na Terra, rodeado de vampiros/zombies". Resumindo, está aconselhado.

4 comentários:

Ana C. Nunes disse...

Confesso que adorei o filme e tenho o livro cá em casa +ara ler. Mas bem, não podemos todos gostar do mesmo.
Ainda assim, é bom saber que os contos incluídos também são bons.

Rui Bastos disse...

Bem, verdade seja dita, não posso dizer que não gostei do filme, uma vez que não o vi de fio a pavio :p

Mas será algo que tentarei fazer, um dia destes, e fica prometido fazer a crítica aqui no blog ^^

E sim, os contos são óptimos =D

Cat SaDiablo disse...

Também li este livro recentemente, apesar de já o querer comprar há séculos (benditas edições low cost.
Adorei a história, e os contos foram uma excelente surpresa! Divinais.

Nunca vi o filme, mas já ouvi dizer que não tem nada a ver :P

Rui Bastos disse...

Nem mais, uma autêntica surpresa =D