Título: Os Filhos do Flagelo
Autor: Filipe Faria
Sinopse: Allaryia, o mundo distante e fantástico, povoado de seres extraordinários, que ficámos a conhecer em A Manopla de Karasthan, abre-se de novo diante dos nossos olhos com a publicação do segundo volume das suas crónicas - Os Filhos do Flagelo. A demanda de Aewyre e dos seus companheiros prossegue, na tentativa de chegar a Asmodeon e levantar o véu de mistério de envolve o desaparecimento de Aezrel Thoryn, mas muitas são as adversidades que têm de enfrentar a caminho do seu destino. Separados, os companheiros mais que nunca dependem uns dos outros para sobreviverem às provações que se lhes depararão: Quenestil e Babaki, que partiram em busca de Slayra e dos seus captores, e o resto do grupo, que segue para as inóspitas estepes de Karatai em perseguição de Kror, o enigmático drahreg que partilha com o jovem Thoryn a Essência da Lâmina, um segredo milenar dos guerreiros de Allaryia. A saída de Ancalach, a Espada dos Reis, do reino de Ul-Thoryn, fez despertar de um longo torpor os Filhos da Sombra, começando a libertar a sua pérfida influência maligna. Insidiosamente, a coberto das sombras, nos obscuros espaços das trevas, o Mal vai estendendo os seus múltiplos e mortíferos tentáculos, antecipando o abraço letal, e tornando, a cada momento, mais visíveis os contornos tenebrosos das suas reais intenções. Há um perigo oculto do qual as gentes de Allaryia ainda não se aperceberam e Pearnon, o escriba, pressente-o sem o poder transmitir. A determinação e a força de armas de Aewyre e seus companheiros serão certamente postas à prova nos tempos vindouros...
Opinião: Apesar de ser o segundo livro da saga, foi exactamente com este livro que tudo começou. Ofereceram-mo, pareceu-me interessante, e esteve arrumado na estante durante meses e meses, até eu encontrar o primeiro volume.
Na altura adorei. O meu fascínio pelo autor, Filipe Faria, foi avassalador. Ao reler as opiniões das primeiras leituras, lembro-me perfeitamente de como adorei as semelhanças da história com o guião de um jogo de tabuleiro, especialmente no primeiro livro. Era só aventuras atrás de aventuras, doses de cachaporrada atrás de doses de cachaporrada... O que é que eu podia pedir mais?
A verdade é que agora não me fascina por aí além. Este segundo volume já me parece mais maduro, com uma escrita mais consistente, uns diálogos mais realistas... Enfim, é sem sombra de dúvida um livro melhor, muito melhor. Mesmo esquecendo a minha parcialidade relativamente a esta saga, posso afirmar sem problemas de consciência que este livro está acima de mediano, é quase quase um bom livro.
É que lá está, a saga não me está a parecer assim tão espectacular, nesta segunda leitura. É interessante e as personagens continuam óptimas, ainda que algumas tenham algumas decisões e acções um tanto ou quanto... estranhas, mas não é nenhum portento da literatura. De todo.
Ainda por cima, e por mais que goste da saga, este livro em particular nunca me caiu bem. Não posso de forma nenhuma revelar quaisquer pormenores, mas deixem-me dizer que acontece algo a uma certa personagem que é absolutamente imperdoável. Esse momento neste livro é um fardo que a saga carrega nos próximos 5 e que eu nunca consegui perdoar ao autor.
Quer dizer, é algo que até é recorrente em grandes sagas de fantasia, de tal forma que quem for familiar com esse mundo de certeza que já percebeu do que estou a falar. Mas neste caso em particular não me caiu nada bem. E o que há 2 ou 3 anos me pareceu absolutamente abominável, parece-me agora como um pequeno laivo de génio. Este tal acontecimento que eu faço soar a heresia, ou algo do estilo, acabou por se tornar no ponto alto do livro e criou em mim revolta genuína. Na altura pareceu-me idiota, mas agora percebo que foi apenas algo bem feito e que consegue fazer os leitores sentir algo com o que se passa no livro.
Resumindo, a coisa melhorou, mas ainda não atingiu o expoente máximo que eu sei que a saga é capaz de atingir. O final deste volume já é o começo de algo grande e espectacular que aí vem, e pelo qual eu mal posso esperar... Diga eu o que disser, a verdadeira espectacularidade começa no próximo livro, sem que este deixe de ser quase quase um bom livro!