Título: Além do Inferno
Autor: Philip José Farmer
Tradutor: Eurico da Fonseca
Sinopse: Quem sabe que existe um túnel por baixo do Inferno? E que este universo é um brinquedo nas mãos dos horrendos Salvadores desde que o Tempo começou há três começos de Tempo? Terão eles formado o Homem e a Terra, o disco e a impressão do corpo e da alma, além dos alienígenas? E terão cometido erros? Oh, claro que cometeram erros terríveis, pois com tais dentes...
Opinião: Abençoados Argonautas. Imagino como terá sido vê-los a serem publicados, a excitação de ter tantos clássicos, e não só, da ficção científica a irem parar às mãos dos leitores, em edições pequenas e maneirinhas, que cabem literalmente no bolso.
E agora não tenho direito a essa emoção, mas tenho direito a comprar Argonautas a 1 euro, às vezes mais baratos! Foi assim que este Além do Inferno me veio parar às mãos. Sem nunca ter lido nada de Philip José Farmer e conhecendo-o apenas da mais que famosa saga de Riverworld, achei a sinopse deste livro interessante, e como tinha que experimentar e tinha, acabei por o trazer.
O livro é pequeno, mas mostra uma imaginação tremenda. Farmer consegue escrever algo que parece uma história de mistério num mundo, ou Inferno, deveras bizarro e repleto de conceitos fantásticos. Como exemplo dou-vos o facto de os demónios, ou mafarricos, serem escravos dos humanos, pois a certa altura deixaram de ser a maioria; ou o facto de se usar pele humana como papel, por não haver nada com que fazer papel. No Inferno vive-se eternamente, com a morte a ser apenas um sono temporário. As pessoas dormem, comem, trabalham, fornicam (sem procriarem) e fazem aquilo que é, em todos os aspectos, uma vida normal. Isto se descontarem que usam pele humana como papel, e outros pequenos detalhes.
Existe ainda uma personagem misteriosa no meio de tanta mistério, um homem chamado X com aspecto de Jesus Cristo e óculos de sol, que volta e meia aparece para recolher o corpo de alguém morte e apregoa qualquer coisa. Mas o conceito mais interessante é sem dúvida o mundo em si. O horizonte é apenas onde o chão se começa a curvar para cima, acabando por dar origem a um tecto, que é o chão para as pessoas que por lá caminham. O mundo é o interior de uma esfera, e é possível percorrê-lo em linha recta e acabar num ponto em que olhando para cima se veja o ponto de partida, com um telescópio suficientemente potente. E já mencionei que o Sol é apenas um globo brilhante fixo, que acende e apaga? Pois é.
No meio deste Inferno fascinante, aparecem teorias da conspiração, segredos que não era suposto serem revelados e alguns cataclismos. O resultado é um livro interessante, com uma história interessante e que peca principalmente por ter umas personagens apenas vagamente interessantes, que se envolvem em histórias secundárias que não trazem nada ao enredo. Porque o cenário em si é verdadeiramente cativante, e a história acaba por ter umas reviravoltas curiosas... Com a final a ser ligeiramente (só mesmo ligeiramente) previsível, mas muito bem conseguida, a obrigar o leitor a ver a mesma situação de dois pontos de vista diferentes e a perceber mais a fundo aquilo que se estava a passar desde o início.
Acabei por não achar um livro tremendo, nem fenomenal, mas fiquei pelo menos com a ideia de que é um autor a seguir. A curiosidade que tenho pela saga Riverworld é demasiado grande para não ser saciada...
2 comentários:
"O livro é pequeno, mas mostra uma imaginação tremenda."
foi exactamente o que pensei quando li o tempo suspenso.. acho que é impossível não gostar do protagonista. se achaste esse interessante, é possível que este também esteja do teu agrado.. we'll see :P
Mas isso é uma saga, é preciso mais calma xD
Enviar um comentário