Argumento: Frank Miller
Desenho: David Mazzucchelli
Cor: Richmond Lewis
Tradução: Paulo Moreira
Sinopse: Elevou-se no ar, batendo as asas, então começou a cair, e as suas asas tornaram-se uma capa esvoaçante que envolvia o corpo de um homem. Esta é a história do Cavaleiro das Trevas de Gotham City... Como apareceu e quem ele veio a ser.
Opinião: A história de como o Batman se tornou o Batman já foi contada tanta vez, que agarrar num livro destes tem que ser feito com algum cuidado. Mas se o nome do autor for Frank Miller, não é preciso hesitar lá grande coisa.
Criador de Sin City, uma saga de BD's bastante conhecida, e argumentista de títulos não só como este Batman, mas também coisas do Wolverine, do Daredevil, mais Batman, a saga Ronin e 300, Frank Miller é um nome de peso da BD americana.
Neste livro é preciso notar que a história mais interessante acaba por não ser a do Batman, mas sim a de James Gordon, o polícia quase sempre presente em todas as histórias deste super-herói, seu cúmplice e amigo.
A razão é simples: a evolução de Bruce Wayne enquanto Batman não é nada de especial. A ideia que dá é a de um jovem ridicularmente rico que andou a aprender artes marciais e agora veste uns collants e tenta deter uns criminosos, só que tem pouco jeito para a coisa, e a certo ponto a coisa torna-se inverosímil, até para os padrões do universo da BD.
No espaço de, digamos 10 páginas, o desgraçado apanha 3 ou 4 tiros, leva com metade dum prédio em cima e apanha alguns sopapos. Limita-se a ignorar a dor e a pontapear uma coluna, ainda com uma bala enfiada na perna, que obviamente se parte a meio. Eu sei que isto é comum nestas histórias, mas aqui não ficou muito conseguido. Normalmente há o factor "ele é um super-herói, ele aguenta!", mas aqui, como já disse, o Batman é apenas um jovem absurdamente rico com uma máscara.
Já Gordon tem uma história mais interessante. Enquanto tenta lidar com o facto de todos os polícias em Gotham City serem corruptos, tem a mulher grávida e envolve-se com uma colega de trabalho. E para ajudar à festa, aparece o Batman, este "super-herói" meio inútil que não sabe bem o que anda a fazer e consegue tornar-se no inimigo número 1 de meia dúzia de pessoas. No meio disto tudo, Gordon tem que aceitar certas coisas, lutar contra outras e, acima de tudo, fazer escolhas, muitas escolhas.
Um Batman muito longe do Batman misterioso e que aparenta ter super poderes, quando na realidade é tudo à base de muita habilidade física, algumas maquinetas engenhosas e o pobre do Alfred, mas um Gordon bastante interessante, com uma história bem construída e uma personalidade bem desenvolvida e explorada. As suas lutas interiores são das mais difíceis, pois a certa altura tem que escolher entre fazer o que está certo e... fazer o que está certo. As nuances são uma coisa tramada.
No fim de tudo, o aspecto gráfico podia ser melhor, mas gostei do pormenor de a narração do Batman ter um grafismo diferente da narração do Gordon. Deu um ar muito mais distintivo e pessoal ao ponto de vista de cada um. Ah, já me ia esquecendo de dizer que para mim, o grande defeito deste livro é não ter um vilão "a sério", um Joker ou um Penguin, ou outro qualquer. E o Gordon acaba por ter uma aura muito mais negra do que aquele que é suposto ser o Cavaleiro das Trevas. Tudo isto faz de Batman - Ano Um um livro agradável, mas que podia ter sido bem melhor.
Criador de Sin City, uma saga de BD's bastante conhecida, e argumentista de títulos não só como este Batman, mas também coisas do Wolverine, do Daredevil, mais Batman, a saga Ronin e 300, Frank Miller é um nome de peso da BD americana.
Neste livro é preciso notar que a história mais interessante acaba por não ser a do Batman, mas sim a de James Gordon, o polícia quase sempre presente em todas as histórias deste super-herói, seu cúmplice e amigo.
A razão é simples: a evolução de Bruce Wayne enquanto Batman não é nada de especial. A ideia que dá é a de um jovem ridicularmente rico que andou a aprender artes marciais e agora veste uns collants e tenta deter uns criminosos, só que tem pouco jeito para a coisa, e a certo ponto a coisa torna-se inverosímil, até para os padrões do universo da BD.
No espaço de, digamos 10 páginas, o desgraçado apanha 3 ou 4 tiros, leva com metade dum prédio em cima e apanha alguns sopapos. Limita-se a ignorar a dor e a pontapear uma coluna, ainda com uma bala enfiada na perna, que obviamente se parte a meio. Eu sei que isto é comum nestas histórias, mas aqui não ficou muito conseguido. Normalmente há o factor "ele é um super-herói, ele aguenta!", mas aqui, como já disse, o Batman é apenas um jovem absurdamente rico com uma máscara.
Já Gordon tem uma história mais interessante. Enquanto tenta lidar com o facto de todos os polícias em Gotham City serem corruptos, tem a mulher grávida e envolve-se com uma colega de trabalho. E para ajudar à festa, aparece o Batman, este "super-herói" meio inútil que não sabe bem o que anda a fazer e consegue tornar-se no inimigo número 1 de meia dúzia de pessoas. No meio disto tudo, Gordon tem que aceitar certas coisas, lutar contra outras e, acima de tudo, fazer escolhas, muitas escolhas.
Um Batman muito longe do Batman misterioso e que aparenta ter super poderes, quando na realidade é tudo à base de muita habilidade física, algumas maquinetas engenhosas e o pobre do Alfred, mas um Gordon bastante interessante, com uma história bem construída e uma personalidade bem desenvolvida e explorada. As suas lutas interiores são das mais difíceis, pois a certa altura tem que escolher entre fazer o que está certo e... fazer o que está certo. As nuances são uma coisa tramada.
No fim de tudo, o aspecto gráfico podia ser melhor, mas gostei do pormenor de a narração do Batman ter um grafismo diferente da narração do Gordon. Deu um ar muito mais distintivo e pessoal ao ponto de vista de cada um. Ah, já me ia esquecendo de dizer que para mim, o grande defeito deste livro é não ter um vilão "a sério", um Joker ou um Penguin, ou outro qualquer. E o Gordon acaba por ter uma aura muito mais negra do que aquele que é suposto ser o Cavaleiro das Trevas. Tudo isto faz de Batman - Ano Um um livro agradável, mas que podia ter sido bem melhor.
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