Argumento: Christ Claremont, Marjorie Liu, Stuart Moore, Kelly Sue DeConnick
Arte: Milo Manara, Dave Stewart, Filipe Andrade, Nuno Plati, Jay Leisten, Sandu Florea, SotoColor, Mark Brooks, Walden Wong, Emily Warren, Ryan Stegman, Tom Palmer, Victor Olazaba, Juan Doe
Tradução: José de Freitas, João Miguel Lameiras, Paulo Furtado
Opinião: Este foi daqueles que antes da leitura era uma perfeita incógnita. A capa é apresentação suficiente do artista envolvido, Milo Manara, e não sou particularmente fã da sua obsessão com um ou dois tipos idealizados (e exagerados) de mulheres, que desenha até à exaustão, com mínimas variações.
Mas nem só de Manara se faz este volume, que conta com contribuições de artistas portugueses, Filipe Andrade e Nuno Plati, e ainda mais duas histórias, perfazendo assim um volume diversificado, tanto a nível de argumentos como de arte, apesar da "temática" central das mulheres como protagonistas.
É interessante, de um ponto de vista cultural, reparar como isto soa diferente até nos dias de hoje, em que supostamente somos tão progressivos e as personagens femininas ganham cada vez mais (ou menos) destaque qualquer que seja o meio.
Mas essas considerações não são relevantes. Aquilo de que quero falar é de como Manara me supreendeu, os portugueses me deixaram bastante satisfeitos, a arte da terceira história me apanhou desprevenido, e como a última história deixou muito a desejar a todos os níveis.
Primeiro, Manara. Com argumento fraco de Chris Claremont, um veteraníssimo destas andanças, Manara não se deixou intimidar e demonstra uma arte impecável. Continuo a ter um problema com as mulheres que ele desenha, assim como com as "acidentais" poses semi-eróticas e roupas curtas e justas que insiste fazer aparecer por todo o lado, mas o nível de detalhe é fantástico, e dá gozo olhar para estas páginas. É mesmo uma arte boa!
Claro que a história das super-heroínas que vão de férias e se vêem subitamente sem poderes e envolvidas em problemas não é completamente desinteressante, mas o facto de se reunirem meia dúzia das mutantes mais poderosas à face da Terra, e ainda assim precisarem de um homem para salvar o dia... Cai mal, e falha um bocado o objectivo.
A segunda história é a que conta com a contribuição de Andrade e Plati, com um a desenhar as sequências reais, e outro as sequências sonhadas. Foi sem dúvida a minha história favorita, e em grande parte graças à fantástica arte dos dois portugueses, tão diferentes e estranhamente complementares entre si. O argumento é algo confuso, porque é o meio de qualquer coisa e envolve um clone feminino do Wolverine com problemas de identidade, e bastante negro. Diria até surpreendentemente negro, tendo em conta o estilo mais leve e humorístico tão típico da Marvel.
Foi a história seguinte, sobre duas personagens relativamente obscuras, Cloak e Dagger, que me surpreendeu, com um estilo muito parecido a desenhos animados, luminoso e com uma espantosa sensação de movimento.
A história final é sobre Sif, uma asgardiana, e conta com a participação de Beta Ray Bill, um alien muito parecido com o Thor e que é das personagens mais peculiares que já encontrei. Infelizmente, desta vez nem a história nem a arte nem nada me cativou minimamente.
Avaliando o geral, acho que é um livro que vale a pena ler. Tem os seus problemas, a vários níveis, algumas das histórias mais do que outras, mas a arte das três primeiras histórias, especialmente a de Manara e a da dupla Andrade/Plati mais do que compensam. Um livro que foi uma pequena surpresa!
2 comentários:
Totalmente de acordo.
Nem sequer estava à espera que Manara lidasse tão bem com isto. Claro que há poses, digamos, gratuitas, mas de resto, impecável...
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