segunda-feira, 29 de junho de 2015

Matiné



Argumento: Magno Costa
Arte: Magno Costa, Marcelo Costa, Márcio Moreno, Magenta King, Dalts


Opinião: Depois de Cidade de Vidro, este Matiné é o segundo livro que leio dos quatro que o meu primo André me emprestou. As expectativas estavam altas, que Cidade de Vidro foi uma leitura fenomenal, e embora Matiné não tenha conseguido estar à altura (era muito, muito difícil), aguentou-se bem e também acabou por ser uma leitura bem interessante.

A capa fantástica é o prenúncio da hiper-violência espalhada pelas páginas do livro, agressão pura e dura, sem rodeios nem receios. E todas as três histórias têm uma opção a nível da arte que muito me agradou: há a arte normal, e depois as sequências de drogas/flashbacks seja o que for, que têm uma arte diferente, por um dos convidados especiais (Márcio Moreno, Magenta King, Dalts).

É uma diferenciação explícita e que funciona muito bem, em grande parte porque todos os artistas envolvidos têm um traço muito adequado às histórias e fizeram muito bem o seu trabalho.

A primeira história é O Estranho Sem Nome, uma história curta, mas intensa, com toda a aparência de violência gratuita e sem grande sentido, mas com um final incrível, muito forte, que pega nas nossas expectativas, as agarra pelos tornozelos e as vira ao contrário.

Depois vem O Velho, esta sim com uma boa história, novamente centrada num personagem badass, e que desde o início parece ter uma demanda relevante que não está a esconder, mas que não está a revelar de forma explícita. Ao contrário da história anterior, aqui nunca há a sensação de violência gratuita, já que existe sempre, muito claramente, um propósito para as acções do velho, com a vantagem de um final surpreendente, a afastar-se completamente daquilo que eu estava à espera ao ler a história, e que muito me agradou.

A última história é A Mariposa, que é provavelmente a mais dura de todas as histórias, já que envolve violações e vinganças, mas que também tem a pancadaria habitual das outras duas histórias muito bem feita. O narrador é o melhor das três histórias, mas o final, infelizmente, é o pior. Nem é mau, é apenas estranho. Esta história começa logo com algumas pistas de que as três histórias estão ligadas (ou talvez se limitem a passar no mesmo universo), e acaba com o que parecem ser mais pistas, só que... Não se percebe. E isso estraga muito a leitura.

No fim, são três boas histórias, num bom livro, que vale a pena ler. Não conhecia nenhum dos autores envolvidos e fiquei fã. Foi uma boa revelação!

2 comentários:

Anónimo disse...

Às vezes até concordamos.
Também já li o Matiné e gostei muito das duas primeiras histórias e dos finais inesperados.
Lembrou-me um pouco a violência do Tarantino, mas com finais melhores.

O terceiro conto é que... está a mais?

Francisco Fernandes

Rui Bastos disse...

Finais inesperados e violência bem feita, foi o que me ganhou... Concordo quanto ao terceiro conto, pelo menos com aquele final no mínimo estranho...