sexta-feira, 10 de julho de 2015

Agents of S.H.I.E.L.D. [T2]



Ah, Coulson, Coulson, Coulson. És realmente qualquer coisa de especial. Não sei como é que o actor, Clark Gregg, relativamente pouco conhecido como era, tem conseguido manter uma das melhores personagens do Universo Cinemático da Marvel com tanta qualidade! O apreço por ele é praticamente unânime por entre os fãs, o que é para lá de ridículo.

Mas compreensível. O homem faz da personagem o que quer: Coulson é um tipo porreiro, com um carisma imbatível, uma confiança praticamente inabalável, e um nível de espectacularidade bem acima da média. O facto de existirem várias personagens bastante boas não o prejudica nem por ele é prejudicado, pois consegue dar o lugar a quem de direito, e manter-se fixe, em segundo (e até terceiro e quarto) plano.

Podia ficar aqui bastante tempo nisto, mas ia acabar por escrever odes a esta personagem, em vez de dizer algo de interessante sobre a série, portanto vamos lá a concentrar.

Esta segunda temporada já não tinha a muleta da novidade, nem a de servir única e exclusivamente para expandir um Universo já criado. Depois de tudo o que aconteceu até agora, e de todas as revelações que já foram feitas, esta temporada já estava sentada no seu próprio espaço, com uma mitologia própria (ainda que integrada num mundo mais vasto) e um conjunto de regras específicas.

Para começar foge claramente dos filmes no ponto mais óbvio: quando falamos de grandes vilões estamos literalmente a falar de grandes entidades maléficas como a Hydra e conspirações afins, e não de super-vilões apenas derrotáveis por super-heróis com poderes vistosos.

O que faz todo o sentido, lá está: Agents of S.H.I.E.L.D., mesmo incluindo pessoas com poderes, nunca foi sobre super-heróis e nunca o será propriamente. Mais do que salvar o mundo, o objectivo é fazer o que está certo, tanto uns pelos outros como por toda a Humanidade, com uma ênfase ao mesmo tempo mais particular e mais geral.

Para fazer isso, a primeira temporada tentou balançar a ficção científica em que assenta o Universo Marvel com o desenvolvimento das personagens, que se quiseram fortes desde o início, com mais ou menos sucesso. No início desta temporada as coisas estão muito diferentes, há personagens que se revelaram como completamente diferentes daquilo que esperávamos, outras que sofreram consequências inimagináveis, e todas sem excepção têm que lidar com as escolhas que foram feitas.

O fantástico desta segunda temporada está nisso mesmo: apesar de (mais do que) ocasionalmente morna, a história andou a um bom ritmo e não se limitou a introduzir situações novas. Em vez disso continuou a desenvolver as antigas, porque elas não desapareceram nem ficaram magicamente resolvidas. Tal como acontece realmente! As mazelas foram e são demasiado grandes para serem simplesmente ignoradas, e raramente o são.

Depois as principais linhas narrativas são todas interessantes por si só e confluem de forma bastante inteligente, se querem que vos diga. Uma segunda S.H.I.E.L.D., nascida das mesmas cinzas da S.H.I.E.L.D. que temos estado a acompanhar, os Inumanos (introduzidos vários anos antes de terem direito a um filme seu, o que ainda me deixa espantado e me diz que a Marvel tem grandes, GRANDES, planos para este grupo), os resquícios da Hydra, os poderes de Skye... E por aí fora.

(a forma como convergem não vos digo, para não perder o interesse)

Aquilo que mais afectou a temporada e lhe tirou bastante do seu brilho, foi mesmo um problema intrínseco à série: o número de episódios. Vinte e dois é demasiado, e a sensação que tenho é que o argumento se aproveita disso para arrastar algumas coisas que não deviam ser arrastadas, e assim dar origem a vários episódios bastante medianos. Obrigar a malta criativa a contar as suas histórias em metade dos episódios, para além de desafiante e de implicar incluir menos coisas, seria uma forma bastante fácil de tornar a série melhor.

É que nem só de Coulson vive a série, e por muito que o Fitz, a Simmons, a Bobbi, o Hunter, o Mack, a May, a Skye, e as outras quinhentas mil outras personagens que por lá andam, se esforcem, precisavam de episódios mais intensos e mais bem planeados.

Mas a temporada acaba bem, depois de todos os conflitos evoluírem e evoluírem e evoluírem, incluindo o pai da Skye, que vemos finalmente na sua forma monstruosa (ou pelo menos a caminho). Pelo menos a mim, deixou-me interessado, falta ver se a coisa se concretiza como deve ser na próxima temporada, ainda em Setembro deste ano.

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