segunda-feira, 5 de julho de 2010

Géneros Literários (2) - O Género Dramático



Vou ser honesto: não sou apreciador de teatro. Passo bem sem ver uma peça de teatro, e não sinto particular interesse em ler uma peça de teatro, porque acho que são textos que foram escritos para serem dramatizados. Lê-los, a seco, não permite tirar a impressão completa, que os autores querem que tiremos. Por isso, digo já, não percebo absolutamente nada de teatro. O pouco que sei, é graças às aulas de português, e já me esqueci de muita coisa. Para escrever isto, tive que ir fazer pesquisa, e puxar pela memória.

Aquilo que me lembro é da estrutura. São textos baseados em diálogos, com poucos cenários, e todos eles descritos ao pormenor. E claro, não me posso esquecer da didascália (sempre gostei desta palavra), as indicações cénicas antes das falas. Lembro-me também de aprender que existiam, nos primórdios deste género, durante a Antiguidade, dois tipos de textos dramáticos. As tragédias e as comédias, cujos nomes são demasiado óbvios. Lembro-me vagamente dos nomes de alguns dos primeiros dramaturgos, como Sófocles e Ésquilo... Mas aquilo que eu me lembro não chega para aquilo que quero desenvolver aqui e, portanto, fui pesquisar.

E aprendi que existem duas definições, segundo o "Teoria da Literatura", de René Wellek e Austin Warren. A primeira, chamada "teoria clássica", dizia que os géneros "deveriam ser mantidos separados", e tinha como fundamento a distinção entre os vários géneros, preocupando-se com as diferenças entre cada um, e as suas definições. A segunda, chamada "teoria moderna", não está preocupada com regras e definições, nem sequer diz que existe um número limitado de géneros. A "teoria moderna" está mais interessada nos géneros híbridos, e admite o surgimento de novas espécies.

Aquilo que eu tiro daqui, é que a "teoria clássica" é uma definição mais científica, que sistematiza o género, distinguindo claramente cada tipo, e tentando encaixar as várias obras nos sítios certos; já a "teoria moderna" é uma espécie de definição unificadora, mais "artística", que tenta chegar à essência do teatro.

Na minha opinião, a existência destas duas definições, é um claro sinal da evolução do teatro em si, enquanto arte. A "teoria clássica" é um teoria que assenta nos ideais mais antigos sobre o teatro, nomeadamente os ideais gregos. É mais que óbvia, nessa primeira teoria, a preocupação em formalizar, sistematizar e classificar, tão própria dos antigos gregos. A "teoria moderna", por sua vez, surge nos tempos actuais, em que já se sistematizou e classificou tanto, que começam a surgir tendências unificadoras. É assim na Física, com a tentativa de unificação das 4 forças fundamentais, porque é que não haveria de ser assim no teatro?

Pessoalmente, devo dizer que prefiro a "teoria clássica", embora saiba que é a "teoria moderna" que mais se aproxima daquilo que é a maior parte do teatro, nos dias de hoje. Mas eu gosto de ter as coisas definidas e classificadas. É aliás, por isso mesmo, que ando a escrever estes textos.

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