Será que poderia haver um livro melhor para acabar esta por vezes fabulosa, por vezes hedionda, sempre mal amanhada colecção? Duvido.
Bram Stoker já me tinha conquistado, com a sua obra-prima, Drácula, mas estes 4 pequenos contos só lhe ficam atrás na extensão.
A escrita não é bem a mesma, ainda que o género da história seja o mesmo. Em Drácula, a história é apresentada como uma série de cartas e diários, enquanto que aqui se trata de narrativa normal. Mas isso não prejudica em nada, já que a essência se mantém: histórias de terror, arrepiantes (o título do livro assenta-lhe bem), por vezes sufocantes, sempre magistrais.
Os meus preferidos, no entanto, foram "A Casa do Juiz" e "A Índia". No primeiro, um jovem em procura de sossego aluga uma casa antiga num sítio praticamente deserto, para poder estudar em paz, para os exames. Apesar de avisado para não se mudar para lá, o jovem, fazendo uso da irreverência típica da juventude, faz ouvidos moucos, muda-se, e só tarde demais se apercebe que devia ter seguido o conselho. Este conto evolui lentamente (dentro dos possíveis, para a sua pequena extensão), mas demonstra um ambiente absolutamente sufocante, transmitido de forma magistral.
No segundo, "A Índia", um casal recém-casado parte em lua-de-mel com um amigo (sim, é estranho, e a explicação que é dada não me convenceu), amigo esse que é um autêntico contador de histórias, com a ligeira mania da intelectualidade, e que aprende, da pior maneira, como as mães são perigosas, sejam de que espécie forem. Este conto é muito provavelmente um dos melhores contos que já li em toda a minha vida, especialmente se tiver em conta o seu tamanho. Nem Poe, nem Lovecraft, conseguiram fazer tanto, com tão pouco, ainda que tenham estilos diferentes do deste autor.
Este está aconselhado, apesar da má (como em horrível) edição. Acredito que mesmo não gostando da qualidade do suporte físico, os contos vos vão deixar rendidos!
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