segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Edda (Epic #3)


Autor: Conor Kostick


Opinião: Eu juro que não fiz de propósito, mas já me tinha esquecido que tinha de ler este livro. A verdade é que os dois primeiros (Epic, Saga) são fraquitos, ainda que tenham algumas ideias interessantes, e portanto foi fácil deixar este passar.

Mas não o devia ter feito. Sem dúvida o melhor desta trilogia, Edda consegue a proeza de me manter interessado com o seu enredo e, mais importante ainda, a de me deixar intrigado quanto à premissa central.

Ignorem a Cindela e a Ghost metidas a martelo, tal como tinha acontecido à primeira, em Saga. Não liguem à idiotice que é conseguirem passar de um mundo virtual para outro através de uns rasgões no ar. E não prestem definitivamente atenção à forma idiota como Lord Scanthax tenta dominar tudo.

Aquilo que precisam de ver neste livro é Penelope e o seu avatar, Princess. Tal como o mundo de Epic era um jogo para os colonos de New Earth, o mundo de Edda é um jogo para outro grupo de colonos noutro sítio qualquer. Só que fugiram todos, deixando o jogo ao abandono. O jogo e uma bébé, Penelope, que foi então criada e educada por Lord Scanthax e as suas múltiplas manifestações.

Mantida viva com sistemas de suporte à vida, o corpo físico de Penelope foi atrofiando enquanto o seu avatar de Princess ganhava considerável importância em Edda. Sendo humana, podia interferir com a programação de Edda, o que lhe dava praticamente os poderes de uma deusa. Lord Scanthax aproveitou esse poder para conquistar facilmente todos os seus inimigos (e eventualmente começar a fazê-lo para os outros mundos, entre os quais Epic e Saga).

Esta ideia é fascinante. E é bem explorada. A solidão de Penelope é tocante. Nunca contactou com outro ser humano mas apenas com simulações não muito convincentes, ainda por cima todas elas manifestações de uma só consciência, Lord Scanthax, com mais ou menos autonomia conforme o seu papel em Edda.

Kostick, desta vez, esteve bem. Mas a escrita simplista e o enredo francamente idiota levaram a melhor na mesma. Já considerei este livro bastante acima de suportável, mas não deixa de ser fraco. As inclusões de Cindela e Ghost a martelo, como já disso, soam a isso mesmo: forçadas. O único propósito parece ser servirem de ligação com os livros anteriores, para que a trilogia fique mais coesa.

Isso e, claro, resolverem todos os problemas. Seja através dos objectos mágicos de Cindela ou pelos poderes estranhos de Ghost, a maior parte das coisas são resolvidas em algumas linhas. Isto leva a que não haja risco, nunca é possível o leitor envolver-se com estas personagens, porque sabe que vai sempre ficar tudo bem.

Bem, algumas morrem, incluindo uma mais ou menos protagonista, mas as verdadeiramente protagonistas nunca têm nada em jogo.

Mas pronto, nem tudo foi mau, e pelo menos foi uma leitura minimamente agradável. As ideias presentes são sem dúvida as melhores que vi nestes três livros, só é pena que o autor não tenha conseguido ter este nível de temas desde o início, e muito menos sabido aproveitá-los como deve ser.

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