quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Ideias Fugazes, Teoremas Eternos


Autor: Joaquín Navarro


Opinião: Adoro ler os livros desta colecção. Há qualquer coisa no tratamento leve, mas rigoroso, que fazem da matemática e temas associados que me agrada. Confrontado todos os dias (agora não, agora estou de férias, mas mesmo assim...) com matemática dura, da qual gosto bastante, acaba por ser refrescante ler estes livros de divulgação. Aprendo sempre qualquer coisa, apesar de tudo!

Este livro não é excepção. O título é dos melhores, e o conteúdo também. Os problemas matemáticos são tema para longas e frustrantes discussões, e têm a mania de surgir nas coisas mais pequenas, insignificantes e aparentemente apenas remotamente ligadas com a matemática.

Os gregos sabiam isto, os egípcios também, os chineses já brincam há séculos, e desde sempre que a Humanidade, com alguns indivíduos em particular, se mantém ocupada com este ou aquele problema, causados por esta ou aquela ideia, e que levam a este ou aquele teorema. Na pior das hipóteses um que diga "o problema é impossível".

E da época do Renascimento até aos dias de hoje, as coisas só se complicaram. Se na altura de Gauss e colegas os enunciados eram simples e directos, facilmente perceptíveis por praticamente toda a gente, actualmente é uma desgraça.

O que este livro mostra, no entanto, é algo que pode ser surpreendente: os problemas são muitas vezes os mesmos, revisitados, corrigidos e aniquilados de maneiras impensáveis para os antigos matemáticos que dedicavam anos a fazer cálculos à mão para sacarem casas decimais de alguns números intermináveis.

A quantidade de problemas abordados é enorme, e valem todos a pena. O autor mantém a exposição de forma clara e concisa, apenas se alongando quando a explicação técnica é mais complicada, ou quando o problema tem uma particular fama ou relevância.

No meio disto tudo, Joaquín Navarro consegue fazer passar algo que passa ao lado de muita gente: a beleza da matemática. Seja na forma como um jovem Gauss, supostamente, somou todos os números de um a cem num piscar de olhos, ou na demonstração ultra-complicada de Andrew Wiles para o derradeiro Teorema de Fermat, é possível ver a beleza de tudo isto. Ou pelo menos perceber como é que algumas pessoas podem ver beleza em tudo isto. E isso é a grande vitória de qualquer livro de divulgação matemática!

Sem comentários: