Tendo em conta o número reduzido de comentadores e comentários que este blog tem, basta alguém comentar mais do que uma vez e eu fico a conhecer essa pessoa. E a considerá-la, pelo menos, uma pessoa conhecida.
Alguns, no entanto, são bastante reincidentes. Por esses, poucos, tenho uma grande estima. Ainda para mais quando todas as suas intervenções são relevantes e interessantes, como é o caso do Francisco Fernandes (aka asesereis).
Esta conversa, para além de agradecer a sua contribuição para as discussões aqui no blog, é só para introduzir uma sugestão que o Francisco fez e que vou seguir (mais ou menos): personagens favoritas.
É complicado falar de favoritos, sejam livros, sejam autores, quando somos completamente viciados em literatura, mas no fim fica fácil. Se tiver sido um livro que nos marcou o suficiente para ser o nosso favorito, não nos vamos esquecer. E o mesmo para autores. Mas personagens favoritas? Personagens há muitas!
No meu caso, assim de repente, basta lembrar-me de Tolkien e de Stephen King, e já fico, literalmente, com um manancial de centenas de personagens disponíveis. E se ficar a saber os nomes dos cerca de cem livros que leio por ano já é abusar da minha memória, nem sequer pensem em ficar a saber os nomes de todas as personagens.
Mas no entanto há algumas que ficam. Outras cujo nome já não sei, mas que conheço perfeitamente. Quer queiramos quer não, é como os livros e os autores - só que a uma escala maior.
E com as personagens até é possível acontecerem coisas bastante curiosas... Como por exemplo, uma das minhas personagens favoritas é o Glotka, o torturador desfigurado e manipulador da trilogia The First Law, de Joe Abercrombie, que achei apenas mediana. Mas o meu livro favorito deste autor, Best Served Cold, também tem uma personagem que aprecio, embora bastante níveis abaixo de Glotka: Friendly, o tipo frio e obcecado com a matemática, cujo ponto de vista originou alguns dos capítulos mais interessantes que já li.
O "pior" é quando começo a desbobinar os nomes de que me vou lembrando, e o resultado é uma lista recheada de vilões. Seltor, Joker, Pennywise, a enfermeira psicopata que depois é interpretada por Kathy Bates... Podia ficar aqui o dia todo.
Por outro lado, como raio é que faço uma lista destas sem dar destaque a meia dúzia de personagens de Tolkien? Ou de Alan Moore? Ou de Neil Gaiman? Ou do George R.R. Martin? Ou da Rowling? Ou das outras centenas de autores?
E o Sherlock Holmes? E o Poirot? Impossível! Impossível!
A minha resposta ao teu desafio é esta, Francisco: provavelmente, se me perguntares qual é a minha personagem favorita, digo-te sempre o Seltor, mas se todos os dias me pedires uma lista de cinco personagens favoritas, o mais provável é eu dar-te uma lista diferente de cada vez.
2 comentários:
UI...
Grande resposta!
Antes de mais, e mais uma vez, Rui, provas a cada dia que este não é apenas mais um blog.
Crónicas, pensamentos, análises e entrevistas cada vez com mais qualidade juntam-se neste canto literário da internet.
Porém, o que te diferencia é que não lês apenas os comentários com os olhos; lês e estimas cada opinião sempre com a resposta que todos merecem.
Acho que falo em nome de todos os fãs aqui do site quando te agradeço pela consideração que tens por mim e pelos outros.
Feito o elogio ao autor do melhor site literário português... vamos à discussão:
Primeiro ponto, partilho e subscrevo que os nossos gostos derivam ao sabor do tempo e das nossas experiências. Claro que uma lista de gostos, qualquer que ela seja, e especialmente uma lista de gostos literários, pode mudar a cada livro que se fecha. Claro que as personagens que hoje gostamos, amanhã podemos detestar ou simplesmente esquecê-las...
Todaviaaaaaaaaa, atenção: por mais que se queira existe sempre um lote que, não adianta quem vier, será sempre inferior.
Fazendo referência à Joana Reis, não antevejo para mim um herói juvenil capaz de igualar a dupla Eragon/Saphira e Harry Potter. Claro que espero que apareçam mais, muitos mais autores a darem heróis ao mundo juvenil, mas quase de certeza que nenhum deles conseguirá obter de mim um gosto igual ao que tive ao ler a saga Herança e a saga de Harry Potter. Era criança, eles cresceram comigo e agora seremos para sempre melhores amigos.
Segundo ponto, prefiro heróis bem trabalhados a bons vilões. Sempre achei que é mais difícil tornar um herói lendário correndo sempre contra a maré do herói se tornar chato do que tornar um vilão conhecido (Mentes deturpadas e interesses estratégicos que nós às vezes até compreendemos não faltam no nosso quotidiano para serem usadas como bons vilões). -----------)Mais uma sugestão para um post sobre personagens????------------------
Por isso, e sinceramente, Rui, não percebo como o Flagelo, um vilão!, pode ser a tua personagem favorita... mas também ainda só vou no início do Marés Negras. Lá para a frente, talvez compreenda melhor.
Quanto ao Inquisidor Glokta, um antagonista é sempre um antagonista, mas este consegue ser muito melhor só com uma perna do que quase todos os outros que conheço... nem que se cague todo para o conseguir :D
Abraço, Rui
Desculpa tantas letras...
Francisco Fernandes
Epah. Obrigado. Muito obrigado! Eu tento apenas que isto seja realmente um sítio interessante e de discussão. Se os comentários são relevantes - como os teus - merecem resposta relevante :)
Não digas é coisas como "o autor do melhor site literário português" que eu até me sinto mal!
Da discussão: tens razão, eu já nem me lembrava do Eragon e da Sapphira, mas agora que falas nisso, nunca vi um dragão mais adorável (excepto o toothless, do how to train your dragon) e ao mesmo tempo mortífero, com uma personalidade tão vincada e carismática e uma interacção tão fantástica com um humano. Faz-me lembrar este filme: http://www.imdb.com/title/tt0116136/, que adoro!
No que toca a heróis/vilões, concordo que um bom herói pode ser uma personagem muito interessante, mas os vilões são invariavelmente mais interessantes. Ou os anti-heróis. Se tiveres um BOM vilão, podes ter um EXCELENTE herói, que ninguém quer saber. Tipo o Joker do Heath Ledger. O Bale faz um papel muito bom (embora ache que ainda não acertaram com o batman) nesse filme, mas who cares? Joker FTW!
O Seltor, o Flagelo, o Anátema, epah, dá-lhe tempo. Ele tem uma personalidade magnética, um carisma muito único e uns esquemas muito, muito hardcore xD E é, sem dúvida a personagem que o Filipe Faria escreveu melhor. No final desse livro já percebes melhor.
Nada a dizer quanto ao Glokta, tens toda a razão :p
Abraço e obrigado mais uma vez!
P.S.: vou pensar no teu caso, para outro post de personagens daqui a uns tempos!
Enviar um comentário