sexta-feira, 5 de setembro de 2014

The Return of the King [1/2] (The Lord of the Rings #3)


Autor: J.R.R.Tolkien


Opinião: Deixem-me começar pela parte desagradável. Acho que este livro se arrasta um pouco. As batalhas são épicas, os desenvolvimentos importantes para a narrativa e para as personagens, mas estou com a sensação de que também houve uma boa dose de palha. E não posso ignorar o título dos capítulos da segunda metade, que me indicam que mais de metade vai acontecer depois do grande clímax que já todos sabemos qual é.

Pronto. Já disse. Vou continuar a idolatrar o Tolkien, agora.

É que para ser realmente honesto, aquela sensação de que os acontecimentos se deixam arrastar ligeiramente só surge quando olho para o livro depois de lido, e avalio as coisas de forma objectiva. Durante a leitura estive completamente imerso nas palavras do autor. E isso é incrível!

O mundo rico que Tolkien criou parece de facto real, de tão detalhado que é. Todo o tempo que as personagens passam a debater, contar e cantar histórias antigas e pormenores sobre terras distantes parece inútil, mas não é. Cria dimensão: Middle-Earth não parece um sítio ficcional.

No que toca a acontecimentos, esta primeira metade do terceiro livro deve ser a parte mais importante de toda a saga. Lutam-se batalhas importantes, Aragorn finalmente assume o seu papel de rei de Gondor, derrota-se o principal general de Sauron, há reis mortos por todo o lado, a Irmandade praticamente toda junta outra vez, e um exército marcha até às portas de Mordor.

Vai lá vai. E reparem em como estes acontecimentos se preparam para deixar uma nova geração tomar conta dos tronos, ao mesmo tempo que começam a juntar os antigos companheiros, recuperando a esperança dos bons da fita.

Reparem ainda em como os bons não morrem, só os maus. Gandalf parecia que tinha morrido, mas voltou. Théoden, o rei de Rohan, era fraco e deixou-se levar por maus caminhos, ainda que tenha recuperado no fim. Morreu. Denethor enlouqueceu e, enfim, usou uma Palantír e cedeu. Morreu. Boromir sofreu do mesmo mal que Théoden. Faramir e Eowyn? Morreram? Pensava-se que sim. Mas não!

Mas passando calmamente por cima disso, há uma personagem que se destaca neste livro: Aragorn. Vou ter que concordar com o asesereis (comentador assíduo aqui do blog), o desgraçado do herdeiro de Gondor é um líder e pêras, e nesta parte brilhou a bom brilhar. Consegue liderar os mortos para a batalha, vence tudo e todos, toma decisões sensatas, cura pessoas, e ainda tem a lata de ter uma humildade e um cuidado extremos. Impressionante!

De destaque são também os hobbits, Merry e Pippin, a provarem que Gandalf é que tem razão em ser fã do Shire. Os próximos capítulos serão delicados, com Frodo e Sam em perigo já dentro de Mordor, e o resto dos seus companheiros literalmente a bater à porta com um exército atrás. De certa forma está tudo em aberto, mas mesmo que eu não soubesse já o desfecho, não duvidaria de que tudo vai acabar bem. Afinal, depois de 900 páginas desta trilogia, já me habituei às ideias de Tolkien: os bons ganham, os maus são esmagados sem piedade.

Venha daí a próxima metade, de qualquer forma!

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pela referência, Rui.
Desde já agradeço a tua menção.

O bom da obra de Tolkien é que é um clássico; e assim dá sempre para discutir mais um pouco sobre ela de tempos a tempos.

Cada vez que penso no Senhor dos Anéis, vem-me à cabeça a pergunta:
Será que o JRR Tolien via o mundo a preto e branco? Seria apenas isso que ele nos queria dizer? Que os bons são recompensados e os maus castigados?

É curioso o facto de JRR Tolkien ter vivido durante os tempos mais doentios e negros da humanidade mas ter escrito uma obra deste tipo. Talvez quisesse mesmo dizer às pessoas, se tiverem bom coração, se tiverem os valores no sítio e nunca sucumbirem aos poderes do anel, não se preocupem, conseguirão chegar onde pretendem...

Será que o homem não via que o mundo é dos interesses e que raramente encontramos pessoas absolutamente boas (Samwise Gamgee) e absolutamente más (Sauron)? Quando é que o mundo teve um líder como Aragorn? (Que me lembre, só Mandela é que conseguiu ser um exemplo para o mundo nos últimos cem anos.)

O homem escreveu uma história utópica, mas, não sei porquê, talvez seja pela educação que me deram e pelos valores que tenho, continuo a adorar esta separação, esta ideia:

"No mundo, existe sempre o bom e o mau. Agora, cada um escolhe o lado que prefere."

Quem disser o contrário não percebe nada disto...

Abraço

Francisco Fernandes

João Campos disse...

"Afinal, depois de 900 páginas desta trilogia, já me habituei às ideias de Tolkien: os bons ganham, os maus são esmagados sem piedade."

Sim e não. Não sei estás a reler, ou se a única referência que tens é o filme do Peter Jackson (como eu tinha quando li pela primeira vez). Mas há um momento fundamental da trama, lá mais perto do final, que não passou para a adaptação, e que faz toda a diferença em termos temáticos.

Rui Bastos disse...

Francisco, compreendo o teu ponto de vista, mas não sei se concordo. Quer dizer, não podia estar mais de acordo com a tua última frase, mas quanto ao tratamento que Tolkien dá ao tema, tenho as minhas dúvidas. Mas também não sei o suficiente sobre o autor e a sua obra para te contradizer!

João, estou a reler, embora já tenha sido há muito tempo e grande parte das referências sejam efectivamente dos filmes... Que momento é esse?