Autora: Ursula K. Le Guin
Tradutor: Carlos Grifo Babo
Opinião: Não sei o que dizer sobre este livro. Sim, é interessante, mas não é assim tão interessante. A protagonista, Arha, a Devorada, aborrece-me. A autora conseguiu ter um livro com uns 95% de personagens femininas, 3% de eunucos e o resto de homens, e não lidar quase nada com os assuntos óbvios sobre o poder e a fala dele que a mulher tem, enquanto género.
Não é que fosse uma obrigação, mas a história até se torna artificial, em certos momentos, por nunca se falar de nada disso, nem isso sequer ser um problema, ou uma questão, ou algo que se note que existe neste Universo. Seja pela positiva, pela negativa, devia-se pelo menos conseguir perceber, mas... nope.
Outra coisa que me aborreceu foi que a protagonista aborrecida que arranjaram está a substituir um dos protagonistas mais interessantes e bem construídos que já vi, Gued, o Gavião, que é apresentado no livro anterior, O Feiticeiro e a Sombra. Esse livro, já agora, é bastante bom. Este não.
A história até é interessante. Fascinantes cultos religiosos, que me pareceram bastante originais, com regras peculiares e uma hierarquia de deuses e reis e sacerdotes mais complicada que a genealogia em Westeros. Como tal, estive entusiasmado durante um bom bocado, que tenho interesse nessas áreas. E no entanto... Nada. Muito pouca exploração dos cultos em si. Muito pouca presença de Gued, a personagem que valia a pena. E aborreci-me.
Acabei por gostar do livro, porque ele é intrinsecamente interessante, mas fiquei longe de fascinado. Até porque notei algo que se nota no volume anterior, mas que é crítico nisto, que é o facto de nunca nada acontecer. Ou melhor, de nunca nada acontecer sem ser de forma silenciosa. Não há grandes confrontações, nem grandes actos de magia vistosa, nem grandes discursos, nem momentos climáticos, nada. Apenas conversas, conversas, conversas e tudo se resolve com conversas.
Para ser justo, há um momento de acção bastante elaborado mais perto do final, mas não compensa o resto da saga do livro. E o motivo de toda a história? Para lá de ridículo. Nem vou dizer exactamente qual é, para não vos estragar toda a "emoção" que de certeza vão ter, se lerem este livro.
Ficam as esperanças de que tudo melhore nos próximos dois livros, que não me fascinam tanto, assim à primeira vista e depois de ter lido este, mas que talvez me surpreendam. A ver vamos.
Sem comentários:
Enviar um comentário