quinta-feira, 30 de julho de 2009

Histórias Extraordinárias


Uma colectânea de contos de um dos primeiros percursores da ficção científica, um dos maiores mestres do macabro e do terror, 'Histórias Extraordinárias' consegue ser um livro assustador. O escritor consegue causar calafrios que nos percorrem as costas pela espinha acima.

Como vem dito na contracapa, vê-se mais do que perfeitamente todo o pessimismo e a imaginação macabra do autor, quer nas histórias em si, como na própria maneira de escrever. As histórias já por si são arrepiantes, mas a maneira como estão escritas dá-lhes um outro nível de terror.

Não é, por exemplo, como H. P. Lovecraft, que mesmo sendo histórias de terror, é uma escrita até agradável, e os pormenores mais macabros eram descritos como a maior das banalidades. Não. Poe consegue escrever de tal maneira que sentimos mesmo repulsa quanto aos acontecimentos, cria mesmo uma atmosfera sombria do mais puro terror. É por isso que ele é um mestre, por esta genialidade da escrita, que ele decidiu virar para o terror. Não é que Lovecraft não seja igualmente um mestre. Também é. Mas por motivos diferentes, é um tipo de escrita diferente. Poe é muito mais sombrio, descreve muito mais pormenorizadamente as cenas mais macabras, e foca em especial os acontecimentos estranhos, enquanto que Lovecraft conta mais uma história normal, com pormenores fantásticos.

Dos contos apresentados, os meus preferidos são "A pipa de amontillado", "William Wilson", e especialmente "O Coração Delator". Neste último, a maneira como Poe descreve a loucura, ou melhor, a maneira como banaliza a loucura do protagonista, é excepcional. A história é contada na primeira pessoa, e os acontecimentos, comportamentos do protagonistas completamente loucos, são descritos quase como coisas normais. Parece que está a descrever como é que está o tempo lá fora. E é isso que o torna tão macabro.

Definitivamente um mestre, um génio, e um livro mais do que aconselhado. Ou qualquer coisa que este autor escreva!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Herbert West: Reanimador


Mais um excelente livro desta colecção da Quasi, que se vem juntar a 'O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde' e a 'O Crime de Lord Arthur Savile'. Desta vez são 3 contos de H. P. Lovecraft, um dos melhores escritores de histórias de terror, e que juntamente com Edgar Allan Poe, é a principal fonte de inspiração para grande parte dos escritores de terror mais modernos.

A primeira história, que dá nome ao livro 'Herbert West: Reanimador', é sobre Herbert West, um aluno de medicina com ideias radicais de reanimação dos mortos. É ajudado por um seu amigo, que ao princípio participa activamente e de livre vontade, mas acaba por começar a sentir medo do próprio Herbert. Após várias tentativas falhadas, conseguem a reanimação de vários corpos, entre eles a reanimação de um corpo decapitado.

A segunda história, 'Celephais', é sobre um homem e os seu sonhos. Este homem era Kurane, e sempre que dormia ficava imerso em sonhos que lhe pareciam reais, e num deles, visita uma cidade magnífica chamada Celephais. Com o passar dos anos começa a ter dificuldades em dormir, e começa a tomar drogas para adormecer e sonhar, na tentativa de encontrar Celephais e lá ficar mais tempo, o que acaba por conseguir, embora a um custo terrível.

Por fim, a terceira história é sobre dois escultores brilhantes, amigos desde sempre, a quem é encomendada uma grande estátua a cada 1, sob forma de competição. Aquele que fizesse a melhor estátua, era aquele que ia receber o pagamento pela estátua. Mas um deles os dois morre durante o trabalho, e como último pedido, pede ao seu amigo para o enterrar com ramos de oliveira perto da cabeça. Assim é feito, e uma oliveira com uma estranha forma nasce por cima da campa do que morreu, e um dos seus pesados ramos acaba por cair em cima da casa onde vivia com o amigo, matando-o.

Uma escrita agradável. Li este livro em 3 tempos, pois além de ser pequeno e com histórias mais do que interessantes, senti-me confortável com a escrita. Lovecraft é sem dúvida um mestre do terror e da ficção científica, criando histórias imaginativas e com finais inesperados, mantendo sempre algum suspense. Algo que notei na primeira história foi a repetição. Ao longo dos capítulos, Lovecraft repetiu vezes sem conta a história, começando os capítulos sempre com um pequeno resumo do que se tinha passado até aí. E, ao contrário do que se podia achar, isto não impedimento para que eu gostasse da leitura. Apesar das várias repetições, não as achei aborrecidas, até acho que fizeram algum sentido, pois eram escritas de maneira diferente e havia sempre algo novo para relembrar.

Sem dúvida uma boa escolha de leitura, e espero em breve ler mais coisas deste autor!

domingo, 26 de julho de 2009

Bestiário, Fábulas e Outros Escritos


É um livro. Escrito por Leonardo Da Vinci. A minha panca por este homem é tal, que isto foi tudo o que foi preciso eu ler para comprar o livro.

Agora sobre o livro. Segundo o tradutor, o dote de escritor foi o último dote de Da Vinci a ser descoberto, especialmente por causa da sua maneira de escrever ao contrário (para se ler tem que se virar o que ele escreve para um espelho), mas também porque ele como que renegava esse dote de escritor. Ele era um "escritor em negação", ou seja, ele tinha o talento, mas não queria ser escritor, pois publicar as suas reflexões em escrita vulgar era inútil.

Por causa disso mesmo, a maior parte dos escritos de Leonardo, são escritos científicos, legendas de imagens, excertos explicativos de alguma coisa, ou dissertações filosóficas, não para publicar, mas para ele mesmo manter um registo das suas ideias e uma organização de todo impossível sem o auxílio da escrita.

Mas por causa principalmente dos seus escritos científicos, foram muitas vezes menosprezados, os seus escritos mais literários, como o Bestiário, a única verdadeira tentativa de tentar escrever alguma coisa que fosse publicado como um livro, alguns pequenos contos e outros escritos. E são precisamente essas coisas que estão publicadas neste livro, juntando toda a obra literária de Leonardo.

É através das pequenas Fábulas, que vemos uma faceta de Leonardo que é muitas vezes esquecida, a de um homem da corte, pois pensa-se que estas Fábulas tinham como objectivo entreter a corte.

O que vemos principalmente nestes escritos de Leonardo, é a sua clara negação como escritor. O talento e o potencial estão lá, mas ele não os aproveita. Historietas curtas, com 5 ou 6 parágrafos no máximo, e tudo o resto são escritos de algumas poucas linhas. Mesmo assim, não deixa de ser uma leitura interessante, pelo menos para fãs de Leonardo.

Um Sonho de Amor


Margo Sullivan, Laura Templeton e Kate Powell, são as melhores amigas desde sempre. Partilhando a infância na luxuosa mansão Templeton, que as três habitavam, sonhando com o futuro. Aos doze anos, Margo já sonhava em grande: queria ser rica, famosa e adorada por todos. Não seria para sempre a filha da governanta. Com este desejo presente, aos dezoito anos, renunciando à faculdade e ao respeito da mãe, Margo parte em busca do seu sonho de ser modelo fotográfica. Com uma beleza excepcional, Margo rapidamente se adapta ao reino de Hollywood, e dez anos mais tarde já havia acumulado uma fortuna vantajosa. Porém, quando se descobre que o seu agente é um traficante de droga qualificado, Margo, quase falida, vê-se obrigada a voltar para o abrigo e conforto da mansão Templeton.

Lá, ao mesmo tempo que tenta reconquistar a confiança da sua mãe, em conjunto com Laura, Kate, e Josh Templeton - o grande amor da sua vida - tenta repor alguns aspectos da sua vida, e repensar o que é realmente importante.


Um Sonho de Amor é o primeiro volume desta boa trilogia de Nora Roberts. Com uma escrita leve mas objectiva, a escritora passeia-nos facilmente de Milão à Califórnia, mostrando-nos claramente os seus lados mais belos. Recomendado aos apreciadores do género.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Frankenstein


Escrito por Mary Shelley com apenas 19 anos, Frankenstein é um livro incontornável, um clássico de leitura obrigatória.

É, antes demais, a história de um homem, Victor Frankenstein, o criador, consumido pelo remorso, que o leva a entregar-se ao ódio e à vingança, e a da sua criação, o monstro como é por vezes referido, que tem um percurso muito mais complexo. A escritora conseguiu conjugar as histórias destas duas personagens, de uma maneira brilhante, apresentando uma clara luta criador/criação. Tanto nos compadecemos da situação de Victor, que vê todos os que lhe são queridos serem mortos, ficando ele cada vez mais sozinho; como sentimos a profunda angústia do monstro, uma criatura criada a partir de corpos mortos, a quem foi dada vida, e que embora tenha um cérebro completamente desenvolvido, dá-me a ideia que não o sabia usar.

Os próprios sentidos do monstro foram-se desenvolvendo a pouco e pouco, ajudando à impressão de criatura imperfeita que ele era, especialmente ao juntarmos todas estas deficiências cognitivas, ao seu aspecto deformado e monstruoso, acho que temos sentimentos contraditórios. Pelas descrições do seu aspecto, vemos um monstro, um horror, um rejeitado pela sociedade. Por outro lado, a total falta de conhecimento do que quer que seja, e o fraco desenvolvimento dos sentidos, causa-nos pena.

Embora a personagem principal seja Frankenstein, o criador, eu tenho que realçar o ponto de vista do monstro, através do qual percebemos que ele não era um assassino. Era um inadaptado social, mantido à margem pelo preconceito, preconceito esse que ele não percebia totalmente ao início. Acho que a escrita da autora, nos deixa ter a perfeita noção que embora as acções do monstro sejam erradas, para ele têm uma justificação, uma justificação que, bem vista, não deixa de ter algum sentido.

Acho que acima de tudo, o ponto principal do livro, é o interessante duelo de sentimentos de ambas as personagens, em especial do monstro, que, só a título de curiosidade, NÃO se chama Frankenstein. Esse é o nome da família de Victor, o criador. A criação nunca é chamada outra coisa além de monstro, ou criatura.

sábado, 18 de julho de 2009

O Pacto



'MEU DEUS': é em tudo o que pensamos quando acabamos de ler O Pacto de Jodi Picoult.

A sinopse deste livro logo me atraiu, porém fiquei sempre com a pulga atrás da orelha. 'Talvez seja um daqueles romances fáceis'. Mas não é. Quando o acabei, reconheci simplesmente que O Pacto englobava uma série de situações presentes na nossa vida: o amor, a morte, a injustiça, a justiça, a raiva, o mistério e a desconfiança, tudo num relato totalmente omnipresente e fenomenal, no qual nos debruçamos e do qual involuntariamente passamos imediatamente a fazer parte.

Desde a mudança dos Gold à 18 anos, para a moradia à frente da dos Harte, que uma amizade praticamente indestrutível se estabelece entre os dois casais. Um anos depois com poucos meses de diferença, nasce o filho dos Harte: Christopher, e a filha dos Gold: Emily. Desde o primeiro contacto no berço que são almas gémeas, e ninguém fica admirado quando mais tarde se descobre que os dois namoram. Na altura do liceu, Emily é tudo para Chris. No entanto, quando Emily é encontrada morta com um tiro na cabeça, e Chris desmaiado a seu lado, num carrossel perto da casa de ambos, Chris alega que se tratava de um pacto suicida entre ambos.

No entanto a justiça tem duvidas, assim como a família da vitima que não consegue aceitar que a filha pudesse ter tendências suicidas. Então Chris é preso, aguardando julgamento.

Em sintonia com o desenrolar destes mesmos acontecimentos, a escritora presenteia-nos com capítulos paralelos, referentes ao passado dos dois adolescentes, o que nos ajuda talvez a compreender o que realmente aconteceu na noite do suposto suicídio. No entanto apenas um facto é certo: Emily está morta, e Chris continua vivo.

Será que o Chris é culpado? Será que não é? Não as perguntas que nos saltam ao espírito ao longo de todo o livro: arrebatador e único, como as próprias personagens.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O Crime de Lorde Arthur Savile



Um pequeno livro, que engloba, na verdade, duas histórias. "O Crime de Lorde Arthur Savile", como diz o título e "A Esfinge sem Segredos".

O primeiro conto, o maior, conta a história de um aristocrata inglês, Lorde Arthur Savile, a quem, numa festa, um quiromante lhe prevê o futuro, e prevê que ele vai cometer um homicídio. Lorde Arthur fica horrorizado com o seu futuro, e debate-se com um problema muito bicudo: o de conhecer o seu futuro, que pode ser uma mais-valia, ou, como neste caso, um tormento. Fica aterrorizado com esta ideia, e estando noivo, acha que não estaria a fazer bem em casar-se sem antes ter cometido o crime, limpando assim a sua consciência.

Por duas vezes Lorde Arthur tentou matar alguém, primeiro com veneno e depois com um explosivo, e das duas vezes falhou, para o seu desespero, acabando por matar o próprio quiromante que lhe tinha dito que ele ia matar alguém.

A segunda história, é muito mais curta, onde, basicamente, um homem conta ao seu amigo o que o aflige: uma mulher que viu apenas de relance e por quem se apaixonou, e que só viu depois, num encontro fortuito durante um jantar, e do mistério envolvendo essa mulher, que levou ao afastamento do homem, e quando voltou, a sua amada tinha morrido.

Ora, duas pequenas histórias que revelam a escrita deliciosa de Oscar Wilde, com pequenas passagens que são autênticas pérolas, e com histórias interessantes (pelo menos a primeira, a segunda já não achei tanta graça). A forma como desenvolve a história de Lorde Arthur, tem a medida certa de curiosidade e fatalismo, deixando o leitor sempre à espera do que vai acontecer.

Um excelente (embora pequeno) livro, de Oscar Wilde, o escritor de "O Retrato de Dorian Gray", que é, provavelmente, a obra mais famosa do autor, e que já tenho aqui em lista de espera para ler!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A Seita



No mais recente livro da colecção CHERUB, o autor, Robert Muchamore, mete James, Lauren e outra agente, em conjunto com uma agente dos serviços secretos australianos, a infiltrarem-se num culto religioso australiano, Os Sobreviventes, construídos com base nas crenças de um, agora velho, ex-vendedor de carros. Todos os membros d'Os Sobreviventes são fanáticos, que acreditam piamente nos seus ensinamentos, e que se sujeitam, e a outros, ao rigoroso regime do culto.

Ora, a missão dos agentes, é infiltrarem-se no culto e serem aceites na academia de elite, para que possam ir viver para a sede do culto, de maneira a descobrirem informações que liguem o culto ao grupo terrorista Ajudem a Terra. Logo no primeiro dia, James trava amizade com Rato, um dos filhos do chefe do culto, e que acaba a fugir com eles, e a ser aceite para ingressar na CHERUB.

Mais um livro de acção, que acaba com uma grande explosão, que foi muito do meu agrado (adoro explosões), e uma matança generalizada dos membros do culto, e de alguns agentes dos serviços secretos australianos.

É provavelmente o melhor livro da colecção até agora, ou anda lá perto, e eles são todos óptimos, por isso imaginem como é que este será!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Golpe



A missão de James neste 4º livro da colecção CHERUB, do autor Robert Muchamore, é uma missão de rotina. Ou começa por ser. Em conjunto com outro agente, James recebe a missão de se fazer amigo do filho de um criminoso de pouca importância, vasculhar a sua casa, e descobrir qualquer tipo de pista que leve à sua prisão.

Mas o que James descobre é muito mais com isso, com assassínios, polícias corruptos e um grande assalto a um casino à mistura, e a única pessoa que poderia ajudar James a descobrir exactamente o que se passa, fmorreu, atirado do cimo de um telhado.

Outra grande história, "O Golpe", tem novamente James como protagonista, e a capacidade de Rober Muchamore em escrever livros de acção, está, mais uma vez, mais do que visível, com um grande livro, um enredo interessante, os percursos das personagens, brilhantemente construídos, e desenvolvimentos de deixar uma pessoa à espera de mais. Os mistérios adensam-se, e nem tudo é o que parece, neste livro, que se revela, outro brilhante livro desta colecção!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Segurança Máxima



O 3º livro de Robert Muchamore, bem como da colecção CHERUB, em "Segurança Máxima", James e outro agente infiltram-se numa prisão de alta segurança, e Lauren já passou a recruta, e é agora uma agente, que também parte com James para a missão, mas fica com o trabalho de os ajudar a fugir, porque a missão consiste em que James e o outro agente ajudem um jovem criminoso a fugir da prisão, para encontrarem o pai dele, um perifoso contrabandista que tem conseguido fugir às autoridades.

Mais um livro de acção, onde toda a... não diria mestria, mas excelente capacidade para escrever livros de acção, se revela. Mais uma vez. Não sendo um livro pesado e complexo, tal como os outros livros da colecção, "Segurança Máxima" é antes um livro simples, com um registo mais adolescente, mas com um ritmo alucinante e uma história interessante, e que mesmo para leitores mais graúdos, não vai deixar de agradar.

As personagens, sendo a maior parte delas crianças e adolescentes, estão bem construídas, e comportam-se tal e qual qualquer criança ou adolescente, mesmo tendo sido treinados para serem agentes secretos, e alguns serem mesmo pequenas máquinas de porrada. As situações são situação reais, e coisas que podiam perfeitamente acontecer na casa ali ao lado, o que dá uma credibilidade atractiva aos livros.

Tirando o facto de os agentes serem crianças, mas isso é o pormenor interessante do livro!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Traficante


O segundo livro da colecção de Robert Muchamore, "O Traficante" retoma a história de James, Lauren e dos seus amigos. Desta vez, James tem a missão de se infiltrar na vida de um famoso e poderoso traficante de cocaína, para o desmascarar, juntando-se à sua organização e fazendo-se passar por simples miúdos a vender droga, em troca de algum dinheirito.

Conseguem infiltrar-se, e James rapidamente sobe na consideração do traficante, tornando-se amigo do seu filho, e convivendo de perto com ele. Na recta final da missão, surgem umas complicações, e para se salvar, James tem que matar um homem, algo que o deixa muito abalado, mas a missão é acabada, com sucesso.

Mais um grande livro de Robert Muchamore, "O Traficante" é um livro de acção, tal como o anterior, onde as descrições são pouco pormenorizadas, e a acção é emocionante, bem como o enredo que deixa sempre um bocadinho de mistério no ar, para nos chamar a atenção! A escrita do autor parece-me perfeita para o tipo de livro que é, simples, fácil, explicativa o suficiente, e ao mesmo tempo leve e satisfatória. Não podia correr melhor, esta colecção!

domingo, 12 de julho de 2009

O Recruta


O primeiro livro na colecção escrita por Robert Muchamore, "O Recruta" conta a história de James Onions e da sua irmã Lauren Onions, filhas da cabecilha do maior gang criminoso de Londres, que morre subitamente deixando os dois filhos orfãos. James e Lauren são levados para um centro de acolhimento a órfãos, onde James é recrutado para entrar numa organização secreta chamada CHERUB, onde todos os agentes têm menos de 17 anos.

Depois de aceitar fazer parte da organização, é levado a iniciar um treino de recruta, a coisa mais dura pela qual James já passou, mas que acaba com distinção e onde faz amigos. É depois destacado para uma missão, onde tem que se infiltrar com outros agentes num acampamento hippie, onde alguns dos seus habitantes são terroristas pertencentes a uma organização terrorista, a Ajudem a Terra.

James tem um óptimo desempenho na missão, e ao voltar ao campo CHERUB, recebe a t-shirt azul, uma t-shirt apenas dada aos agentes que tenham um desempenho brilhante numa missão. Enquanto festeja, descobre que Lauren, a sua irmã, também foi recrutada pela CHERUB, e vai viver no campo CHERUB, até fazer 10 anos e poder ir para a recruta, após a qual se poderá tornar uma agente.

Um livro de acção alucinante, com todas as particularidades de um livro de acção: descrições pequenas e pouco complexas, muita acção (obviamente) e um enredo de suspense que nos deixa sempre à espera de mais. As personagens são brilhantes, especialmente tendo em conta que são agentes secretos de uma organização que nem a maior parte dos serviços secretos britânicos sabe que existe, e todos entre os 10 e os 17 anos. Um bom livro, de uma boa colecção!

sábado, 11 de julho de 2009

Alice no País das Maravilhas


Que posso dizer? Nonsense puro. Alice, toda feliz a descansar com a irmã, quando vê um Coelho Branco a passar por ela a correr. Até aí tudo bem. Mas o Coelho tira um relógio do bolso do colete, e diz que está atrasado. Estranho hã? Obviamente que não. A protagonista nem ai, nem ui, dispõe-se logo a ir atrás dele, a tempo de o ver entrar numa toca, onde ela rapidamente entra. E? Começa a cair numa espécie de poço sem fundo, que tem as paredes incrustradas com prateleiras e armários.

Mas o poço tem fundo, e ela chega lá, e vive toda uma série de peripécias estranhas e que não fazem qualquer sentido. Mas adorei os habitantes. Tinham uma maneira de argumentar com Alice, que, embora mergulhados e barrados em nonsense, faziam mais sentido que eu sei lá o quê. Como é o caso do primeiro encontro de Alice com o Gato de Cheshire:

"- Podias-me dizer, por favor, o caminho para sair daqui? - perguntou Alice.
- Depende do sítio para onde queres ir... - disse o Gato.
- Não me interessa muito para onde vou... - retorquiu Alice.
- Nesse caso, pouco importa o caminho que escolhas. - disse o Gato."

Viram como até que faz sentido? Espectáculo. Há muitas mais situações, embora eu ache que haja situações que perderam o verdadeiro nonsense com a tradução, mas será algo a considerar em breve, arranjar isto em inglês. E a continuação 'Alice do Outro Lado do Espelho'.

Conclusão? Uma leitura agradável, especialmente para apreciadores do nonsense e de uma boa lógica, embora eu pessoalmente ache que isto nunca venderia se tivesse sido escrito hoje. Mas não deixa de ser um bom livro!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Fado da Sombra



Antes demais, não sei se descreva este livro como dos melhores ou dos piores da saga. Tem umas reviravoltas absolutamente surpreendentes, de deixar cair o queixo, e outros momentos de completa monotonia, e de desilusão. O prólogo é interessante e tal, deixa muita coisa no ar, mas depois Seltor só aparece no final, o que para uma personagem tão excepcional como ele é, é um bocado a puxar para a desilusão...

Temos a situação do Quenestil, que é interessantíssima, e que provavelmente vai decidir o futuro das Crónica no próximo e último livro, mas o envolvimento do Tannath, com aquela luta de um capítulo inteiro, foi extremamente aborrecida. Cerca de 20/30 páginas cuja única coisa que acontece são estes dois a porrada? Não obrigado, estendeu-se demasiado.

Depois temos o Allumno, que até que começou bem, mas teve um fim precipitado e que foi sinceramente decepcionante. Esperava mais desta personagem, e do que lhe aconteceu.

Worick, Taislin e Lhiannah estiveram um bocado apagados, embora já sentisse falta do thuragar, com as suas piadas e constante luta com o burrik! E Worick teve um belíssimo ponto alto na invasão dos thuragar, pois estava no seu meio natural, rodeado de inimigos e a andar à porrada.

De Kror mal se ouviu falar, apenas com uma perseguiçãozita, e uma partezita de nada no final, embora essa parte tenha sido interessante, mas esperava-se mais de uma personagem tão interessante.

Aewyre, o grande protagonista, foi... bem, o grande protagonista. Teve os seus momentos altos, e um momento altíssimo, que simplesmente adorei, no final, depois da luta com Seltor.

A Slayra regressou em força às suas origens, embora não seja um desenvolvimento assim tão bom, mas está melhorzinha do que nos livros anteriores.

E toda a situação do Aereth e do Culpa foi das melhores situações de todas as Crónicas, embora ache que Culpa foi uma excelente personagem, muito sub-aproveitada.

Quanto à história em sim, um claro desenvolvimento da parte do autor, quando comparado com os outros livros, e a linguagem é aqui muito menos complexa, embora ainda hajam alguns laivos de complicação, mas pouca coisa...

Balançando, o livro fica numa linha ténue entre o melhor livro e dos piores. Depende do capítulo em que uma pessoa estiver a ler!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Vagas de Fogo


No 5º livro das Crónicas de Allaryia, de Filipe Faria, temos provavelmente o conjunto de histórias mais dispersas de toda a saga. Aewyre e Kror voltam para Ul-Thoryn, depois de a Cidadela da Lâmina ter sido arrasada pela presença de Culpa (que acho que me esqueci de referir no último post...). Para resumir, Culpa é o humano pai de Seltor, e sente-se de tal maneira culpado por ter trazido o Flagelo ao mundo, que não consegue morrer, e como Seltor, derivado da culpa que Culpa sente (desculpem a redundância), tem alguma influência sobre o seu pai, manda-o atrás de Aewyre, e ao chegar lá, a culpa que faz todos sentir, arrasa a Cidadela.

Mas Aewyre consegue fugir, depois de Culpa cair de um penhasco, e volta para Ul-Thoryn, praticamente carregando Kror, que se encontra ferido no joelho, e trazendo também Layaline e Làrianna, uma mulher e sua filha que Aewyre conheceu na Cidadela, e que jurou proteger.

Enquanto isso, Allumno continua a sua demanda por toda Allaryia, matando magos que tenham a probabilidade de se entregarem às sombras de Seltor, até que Zoryan lhe revela algo que o deixa fulo...

(o suspense é lixado...)

Lhiannah, Worick e Taislin, encontram-se já em Ul-Thoryn, com o corpo de Aezrel Thoryn, morto pelo Flagelo, mas Aereth Thoryn, o regente, irmão de Aewyre, não acredita que aquele é o corpo do seu pai, e, com a mente envenenada pelas palavras de Dilet, o bobo, um Aesh'alan disfarçado no palácio, prende Lhiannah e Worick, que conseguem depois escapar com a ajuda de Taislin.

Quenestial e Slayra chegam aos Fiordes, a zona mais remota da Wolhynia, onde assentam na casa de Øska, uma garđing (palavra finesse da wolhynia para chefe), juntamente com os eahlan e Deadan. Quenestil conhece Ijhseorn, um kahrkr, que ainda acredita piamente nas velhas profecias dos Fiordes, e acredita que o eahan é o percursor das Vagas de Fogo, anunciadas por uma dessas profecias, e tenta convencê-lo a ir para Eiħrøin, a ilha onde encontraria o seu destino.

É talvez um dos melhores livros da saga, mas talvez isso também venha da comparação com o anterior, que era muito fraquinho, e as expectativas estavam em baixo, e depois foi razoável, e pareceu-me excelente. Nunca se sabe, mas se não pensarmos nisso, acho que foi mesmo um dos melhores, com a escrita a que o autor já nos habituou, demorada e extremamente descritiva, com batalhas incrivelmente longas, e palavras igualmente longas e complicadas e estranhas, embora essa tendência se tenha vindo a atenuar um bocado...

sábado, 4 de julho de 2009

O Grande Meaulnes


«Já que é impossível seguir Meaulnes fora do romance, só nos resta recomeçar a leitura do próprio livro» Walter Johr.

Pela primeira vez na minha vida, assim que cheguei à ultima palavra do livro, ao ultimo ponto final, de lágrimas nos olhos, quase de forma inconsciente abri o livro na página em que a historia começava e sem pensar, absorvida nas palavras que anteriormente havia captado, decidi seguir Meaulnes uma vez mais nas suas loucas, mas fantásticas aventuras. Sim, porque nunca antes me tinha vindo parar às mãos um livro de tão grande beleza.

"Le Grand Meaulnes" é a historia de dois adolescentes: François Seurel de quinze anos (que conta a historia na primeira pessoa) e Augustin Meaulnes de dezassete, personagem na qual se concentra a maior parte da historia. Quando Meaulnes chega à escola de Santa-Águeda na qual François vivia com os pais (ambos professores), deixou de ser para sempre um jovem sossegado. Meaules, que rapidamente foi nomeado de Grande Meaulnes pelos alunos da escola, tornou-se o maior companheiro de Seurel. No que Meaulnes estava metido, estava François Seurel também.

Porém, uma tarde em que Augustin decide roubar uma carruagem temporariamente para ir buscar os avós de François à estação de comboios, decide não convidar o amigo. Para mal dos seus pecados, Meaulnes perde-se entre as propriedades e sebes todas iguais, e depois de um dia inteiro de caminho descobre-se num estranho domínio, onde no castelo do mesmo estava a decorrer a festa mais estranha a que já tinha presenciado, na qual as crianças pareciam mandar incondicionalmente. Festa, que mais tarde Meaulnes veio a descobrir tratar-se de uma boda, esperando o filho do proprietário do domínio que traria consigo a mulher da sua vida que viria a desposar. Porém, Frantz de Galais - assim se chamava o rapaz - regressou sem noiva e com uma terrível angustia, que o faz tentar suicidar-se.

Paralelamente Augustin travou conhecimento com Ivone de Galais, curiosamente, irmã do suposto noivo, e apaixona-se perdidamente por ela.

Depois de ter passado três dias no domínio misterioso, Meaulnes -se obrigado a regressar a casa, na esperança de voltar a encontrar Ivone. Porém já em Santa-Águeda ao aperceber-se de que não conhecia o caminho de volta para o castelo, uma angustiante tristeza apodera-se dele, e com a ajuda de François, sempre fiel ao companheiro, ajuda-o a tentar encontrar Ivone de Galais e o estranho domínio.

"O Grande Meaulnes" de Alain-Fournier, anteriormente chamado de "Bosque das ilusões perdidas" é sem dúvida um hino à juventude e à beleza do primeiro amor. Não obstante, ao longo do livro, observamos a despedida dos dois jovens à adolescência que lhes fora tão querida. Clássico francês que já foi adaptado por duas vezes ao grande ecrã: uma em 1960 e outra mais recentemente em 2006.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A Essência da Lâmina


O 4º volume das Crónicas de Allaryia, é também o mais fraquinho, na minha opinião. O ponto alto das Crónicas, até aqui, foi o regresso de Seltor, no livro anterior, e a morte do seu recém-voltado pai, Aezrel Thoryn. Para o conseguir derrotar, Aewyre tem que dominar a Essência da Lâmina, que partilha com Kror, um drahreg assim pro esquisito, e para isso vão os dois para Cidadela da Lâmina, onde todos os que possuiem a Essência da Lâmina vão, para a aprenderem a dominar, e para se tornarem mestres na arte da espada.

Mas isto arrasta-se, e no final não se chega a conclusão nenhuma, voltam à estaca zero. Um livro do mesmo estilo que os outros 3, com aquelas características a fazer lembrar uma campanha de um qualquer jogo de computador, e as palavras caras e o enredo divido em várias vertentes para complicar um bocado.

Mas verdade seja dita, continua razoável. É capaz de ser o pior da saga, mas não está mau, dá para entreter. Os treinos na Cidadela são... interessantes. E apesar de se arrastar um bocado (fiquei com a impressão que o autor estava a forçar para ter mais páginas para escrever) lê-se bem.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Estranho Caso do Dr Jekyll e do Sr. Hyde


Um grande título, um pequeno livro, uma grande história. Robert Louis Stevenson conta-nos uma história com uma mensagem profundamente filosófica, através das experiências do Dr. Jekyll. Mas vai revelando as coisas aos poucos, logo desde o início do livro, dando indícios e pistas, e adensando o mistério, até praticamente ao final, onde nos são dadas todas as respostas às perguntas que tínhamos.

É a história do Dr. Jekyll, um homem dos seus 50 anos, médico de profissão, com um carácter correcto e afável, e do Sr. Hyde, uma criatura desprezível, com maus hábitos e estranhamente deformado de uma maneira que ninguém sabia qual era a deformidade, mas todos a sentiam quando o viam, e tinham um imediato sentimento de repugnância. A partir do meio do livro (ou do principio, uma vez que esta história é mais do que conhecida), começamos a suspeitar que estas duas personagens são a mesma pessoa, e que se transformam uma na outra, através de drogas preparadas pelo Dr. Jekyll, como fruto de uma experiência.

O Dr. Jekyll chegou à conclusão que o ser humano possui uma dualidade da personalidade, como se dentro de nós existissem duas pessoas, uma toda ela um poço de virtudes, e a outra o mal personificado, e a pessoa que nós somos não passa de uma mistura dessas duas pessoas. E fica obcecado com a ideia de dividir essas duas facetas da personalidade, inventado uma droga para esse efeito, e é assim, que o correcto Dr. Jekyll se transforma no asqueroso Sr. Hyde. Mais tarde há complicações, e essa transformação começa a dar-se sem o recurso a drogas, chegando o Dr. Jekyll a fechar-se em casa.

No fim, fica a questão: será que o Dr. Jekyll se suicidou? Ou será que simplesmente desistiu do Dr. Jekyll e passou unicamente a ser o Sr. Hyde? O suspense é tramado...