A mais recente obra de Manuel Alegre, e também, a primeira que leio dele. Confesso que desde as ultimas eleições presidências (já la vão quase quatro anos) tem crescido a vontade de ler alguma coisa mais consistente do poeta, à parte dos poemas "avulso". Ora foi então que este nome me despertou a curiosidade há uns dias numa livraria O miúdo que pregava pregos numa tábua. Li então o excerto do verso que passo a citar:
"Entre tanto o miúdo cresceu, quer seja o que pregava pregos muito direitos numa tábua, quer o que engoliu os comprimidos do avô, quer o que se rebelou contra a humilhação das mangas curtas, quer os outros todos ou eu próprio, que não sei se fui cada um deles menos um, este que conta e tem tendência ora a efabular ora a querer ser tão verdadeiro que põe em dúvida o que de facto foi e até de si mesmo suspeita. Seja ele quem for, o certo é que o miúdo cresceu. E agora está aqui (mas ainda será ele?) a ver se consegue escrever um livro, sem saber o quê nem como. Pois que outro livro pode escrever-se? Vida de tantas vidas na tão curta vida."
Tal como o excerto sugere, trata-se nada mais nada menos do que de uma auto-biografia de Manuel Alegre. Em curtas mas muito significativas palavras, Alegre conta-nos trechos ora inspiradores, ora emocionantes ora íntimos da sua vida. Atrevo-me a dizer que o autor se abriu completamente nesta obra, partilhou connosco tudo o que para ele há de mais importante na vida, e as vivências que o tornaram no homem que é hoje. Penso que muito pouca gente consegue fazer uma coisa assim hoje em dia. Abrir-se e Reconhecer-se.
Aplaudo, portanto com ferocidade este miúdo cujas palavras me encantaram.
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