sexta-feira, 9 de julho de 2010

Géneros Literários (4) - O Género Lírico


Mais uma vez tenho que começar por dizer que não sou fã, aliás, que não gosto de poesia. Ou melhor, do género lírico, pois nem todo o género lírico é poesia, e nem toda a poesia pertence ao género lírico. Embora, pessoalmente, nunca tenho visto o género lírico representado por outra coisa que não a poesia.

O essencial deste género é o eu-lírico ou sujeito poético. Como já devem ter percebido, este género é normalmente escrito na primeira pessoa do singular, com especial destaque para os sentimentos e emoções do sujeito poético. E é, na maior parte das vezes, escrito em verso, que pode, ou não, rimar.

E ao contrário dos outros géneros, o importante aqui não é propriamente contar uma história, no sentido normal da palavra. O que importa é passar as emoções para o leitor, admitindo até que cada leitor pode tirar diferentes emoções do mesmo texto lírico. O foco está na beleza da palavra em si, com uma preocupação extrema na construção dos versos, o que faz com que os textos líricos sejam normalmente curtos, e mais de exploração da melodia.

Pessoalmente, tenho a dizer que há vários coisas que me chateiam neste género. Primeiro há a parte subjectiva, não consigo mesmo gostar de poemas. Não consigo apreciar significados escondidos atrás de muralhas de metáforas e outros milhares de figuras de estilo, significados esses tão bem escondidos que nunca sabemos se os encontrámos ou não, pois cada um encontra vários diferentes! Mas enfim, muita gente me crucifica por isto, e vai continuar a crucificar, mas mantenho a minha opinião.

Em segundo e último lugar, há aquilo que realmente me chateia. Sabem quantas vezes já ouvi alguém dizer "Poesia é que é literatura!" e outras coisas do género? Muitas. Demais. E nunca gostei. No fundo, aquilo que muita gente diz é que a poesia é que é a verdadeira forma de literatura, que a poesia é a forma da literatura por excelência! E deixam de lado o género narrativo e o dramático! E isso deixa-me furioso.

Acredito que haja muito boa literatura em forma de poesia, mas sei que existe muito boa literatura em forma narrativa. E enquanto a opinião geral não mudar, eu mantenho-me anti-poesia a todos os custos.

Mas bem, parece-me que me estou a desviar um bocado do assunto, desculpem. Como já disse, este género tem mais figuras de estilo que versos, e tem como principal objectivo transmitir emoções, ainda que diferentes de leitor para leitor, e mesmo de leitura para leitura.

É possível que fique muito por dizer sobre este género, como de certeza ficou do género dramático, mas a minha especialidade é mesmo o narrativo. Mais um post sobre o lírico, e depois ataco em força o meu objectivo principal!

8 comentários:

Ana C. Nunes disse...

Nunca dei uma verdadeira oportunidade ao género lírico, por isso não posso dizer se gosto ou não. Espero um dia tapar essa lacuna convenientemente até porque Portugal é o pais dos poetas, não é?
E deixa lá que essa conversa de a poesia ser a "verdadeira" literatura também me deixa bem arreliada. Há trabalhos merecedores de elogios em todas as vertentes, quer lírica, quer narrativa, ou mesmo dramática. Assim como também há maus exemplos em todos os três géneros.
Não acho bem menosprezar à partida a poseia, mas o contrário também é de repudiar, como em tudo.

Rui Bastos disse...

E não é que não estou sozinho no mundo? :O

Anónimo disse...

Olá.
Não estás de certeza sozinho no mundo! Eu próprio não consigo achar piadinha nenhuma à poesia! Acho que é rídicula a forma como alguns poetas escrevem! Não consigo perceber o porquê de deixar as coisas por dizer e carregar o texto com metáforas, anáforas, aliterações, comparações, etc. se no final, quem vai ler fica a olhar para tudo aquilo, fecha o livro e põe na estante porque não consegue perceber nada do que lá está escrito!

Alice Matou-se disse...

Eu ponho as mãos no fogo por ti Rui, e declaro aqui publicamente que odeio Os Lusíadas, e os considero uma obra nacionalista e sem nexo. Também não sou grande fã de poesia.

Rui Bastos disse...

Goldalsky, é exactamente isso que eu sinto! Para quê escrever, e ter tanto trabalhar a escrever meia dúzia de linhas, se depois ninguém as consegue decifrar? :p

E Arisu, obrigado ^^ não digo que odeio os Lusíadas, porque nunca os li todos, mas pronto xD

LA disse...

Os Lusíadas, embora sejam em verso, pertencem ao género narrativo! Esta obra é uma narrativa épica!...

Rui Bastos disse...

Continua a ser um poema.

Udyat disse...

"Ninguém é quem queria ser
eu queria ser ninguém"
Assim se lê e ouve na musica de Manuel Cruz.
Tem uma verdade que diz que ninguém é aquilo que realmente quer ser e ele frustrado desiste e não quer ser nada. Ou então podes ler assim
"Ninguém é quem queria ser
eu queria ser Ninguém"
Aqui para alem dos outros sentidos "Ninguem" é lido como um nome e o autor diz que se Ninguem é quem queria ser então ele quer ser Ninguem (porque o "ninguem" consegue o que quer)
É um jogo de mestre com as palavras permitido pela poesia.
A poesia está em todo o lado e tu gostas de poesia só ainda n percebeste isso.