segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

The Final Empire (Mistborn #1)

Título: The Final Empire
Autor: Brandon Sanderson


Opinião: Depois de muito me azucrinarem a cabeça, lá comecei a ler a trilogia Mistborn. Terminado o primeiro livro, The Final Empire, admito que tinham razão: isto é fenomenal!

O mundo criado por Sanderson é bastante intrigante, e a forma fragmentada como ele o apresenta, deixando sempre mais um segredo escondido, está muito bem construída.

No mundo de Mistborn há nevoeiros ameaçadores, chuva quase constante de cinzas, "pessoas normais" e os skaa, trabalhadores/escravos de tal forma oprimidos, e durante tanto tempo, que não têm qualquer tipo de motivação. Uma raça inteira vencida, enfraquecida e rigorosamente controlada.

A governar este mundo está o Lord Ruler, uma criatura poderosa, imortal, o herói que salvou o mundo e o tirano que o controla com mão de ferro.

E por falar em ferro, já ouviram falar do sistema de magia que Sanderson criou? Chama-se Allomancy, e é honestamente badass. Os allomancers engolem metal e conseguem "queimá-lo" para terem certos poderes, como aumentar as capacidades físicas, melhorar os cinco sentidos, atrair ou empurrar metal, e outras coisas que tais, dependendo do metal que for usado. Este sistema de magia tem regras e um funcionamento bem definido, que Sanderson consegue explicar ao leitor de forma simples e sem soar a forçado, ao pôr Kelsier (uma personagem fantástica), um Mistborn, capaz de usar todos os metais possíveis, a ensinar Vin, uma Mistborn recém-descoberta, a usar os seus poderes.

A premissa da história em si é bastante simples: o Lord Ruler é um tirano, Kelsier é um tipo revoltado com o que sofreu, e com as desgraças pessoais que o atingiram, e decide revoltar-se e acabar com o longa ditadura que perdura no mundo. Reúne um bando de poderosos allomancers, todos mais ou menos fora da lei, e juntos põem um plano em marcha.

O truque está nas reviravoltas e nos conceitos que Sanderson inventa. O autor não só não tem medo de tirar o tapete debaixo dos pés do leitor, como ainda tem o descaramento de o enrolar no tapete e o atirar pelas escadas. E o pior é que o faz de forma dissimulada: corre tudo bem, não há assim nada muito imprevisível nem muito repentino, e de repente... BAM!

Já os conceitos, como se a Allomancy não fosse exemplo suficiente, há ainda os Inquisitors, homens com espigões metálicos enfiados nos olhos com as pontas a saírem na parte de trás das suas cabeças, que são demasiado poderosos para o bem de toda a gente. E podia continuar e mencionar os mistwraith, a Feruchemy, os kandra, e o plano secreto do Kelsier...

Ups. Eu disse plano secreto do Kelsier? Queria dizer... Hum... E os Terrisman, claro, os Terrisman.

Mas não pensem que só o Kelsier é que merece as honras da casa, apesar de ser uma personagem interessante, bem construída e extremamente carismática; há ainda que contar com a já mencionada Vin, com Ham, com Breeze, com Sazed (um Terrisman), com Dockson, com Marsh, com Lestibournes/Spook, com Clubs e até com Elend, o mais aborrecido deles todos (mas um leitor revolucionário! I feel you brother!).

Estão a ver de quantos nomes ainda me lembro? Se queriam mais provas de que as personagens são boas... Se mesmo assim isto não vos convence, aviso-vos que mesmo a escrita não sendo nenhum portento, é boa e terrivelmente viciante. O único defeito grande o suficiente para me fazer torcer o nariz é o ritmo da narrativa. A escrita vicia, a história também, mas vi as minhas expectativas a serem constantemente deitadas abaixo, em momentos em que tudo parecia indicar um grande desenvolvimento ou alguma brutal cena de acção, para depois ter mais um momento do grupo a conversar.

Não que não sejam momentos interessantes, mas isso frustrou-me um pouco, ainda que não me tenha impedido de viciar! E levou também a que o autor tenha passado centenas e centenas de páginas a desenvolver, para depois escrever um fim que achei algo abrupto e demasiado simples.

Tirando isso, fiquei bastante agradado que este Sanderson não se tenha revelado um Malazan, mas sim um livro muito bom por si só e como introdução para uma trilogia que promete e que ainda tem muita coisa para contar!