sexta-feira, 29 de agosto de 2014

The Two Towers [2/2] (The Lord of the Rings #2)


Autor: J.R.R.Tolkien


Opinião: E aconteceu o que eu tinha previsto. Depois de meio livro a seguir o resto da Irmandade, a segunda metade segue exclusivamente Frodo e Sam. Eugh.

Felizmente não os acompanha SÓ a eles, já que durante a maior parte do tempo têm Gollum/Sméagol com eles, e encontram humanos já perto dos portões de Mordor.

Além disso, aparece a Shelob! Hurray! Quem é não gosta de ver uma aranha gigante, descendente de uma aranha ainda mais gigante, ambas intrinsecamente malévolas e poderosas, a tentar comer dois pequenos hobbits? Diversão para toda a família!

Pronto, já passou, agora vou-me concentrar. Isto não foi tão doloroso de ler como eu estava à espera. A prosa de Tolkien é fantástica, especialmente as suas descrições. Os diálogos são ornamentados até mais não, mas pelo menos fazem algum sentido, tendo em conta o mundo criado pelo autor. A história parece não avançar muito, já que de repente voltamos atrás no tempo até pouco depois do que acontece no início do livro.

Para piorar a situação, o que se segue são páginas e páginas de... Frodo e Sam a caminharem, perdidos, abatidos, com dúvidas e aterrorizados, ocasionalmente com Gollum a ser espectacular por perto (o desgraçado é sempre espectacular, nem sempre está é por perto).

Há momentos interessantes, como quando passam pelos pântanos repletos de mortos - cena igualmente memorável no cinema, é uma das que me lembro melhor - ou quando enfrentam Shelob. O encontro com humanos, nomeadamente com Faramir, o chefe do grupo e irmão de Boromir, é muito inteligente. Dá uma grande densidade emocional a tudo o que sabemos que se passou mas Frodo e Sam não, ao mesmo tempo que permite uma pausa na narrativa para mostrar que mesmo em terras semeadas pelo caos e pela destruição, como as que rodeiam Mordor, se podem encontrar aliados e amigos.

No fundo é um raio de esperança para os dois hobbits cada vez mais desencontrados com eles próprios. Uma justificação adicional para continuarem a carregar o fardo de que estão encarregues, e não desistirem.

É claro que ainda assim, a melhor parte desta segunda metade é sem sombra dúvida o Gollum, que é uma das melhores personagens que já vi na literatura. A sua história conturbada moldou-o de uma forma bastante vincada, e é possível ver a criatura impiedosa e o ser ingénuo em instantes contínuos. Com uma linguagem corporal muito expressiva e uma maneira de falar bastante única, Gollum deve ser, ainda por cima, a única (ou uma das muito poucas) personagem moralmente ambígua do princípio ao fim.

Pode-se argumentar que não há nenhuma ambiguidade, pois ele não segue os maus nem os bons, segue o Anel, mas a verdade é que as suas acções demonstram um desejo de redenção e um de vingança. Aliás, Tolkien era tão fã de ver as coisas a preto e branco que fez de Gollum uma criatura única e completamente diferente de tudo o resto. Além disso anuncia a sua ambiguidade de forma bastante explícita nas conversas entre Gollum, a parte má, e Sméagol, a parte menos má boa.

Por agora a história ficou numa encruzilhada, mas vai-me saber bem uma pequena pausa deste universo antes de prosseguir. As várias conclusões necessárias vão de certeza precisar de ser digeridas com calma e paciência. Mas não devo demorar muito a pegar no terceiro livro, que isto é demasiado bom!

2 comentários:

Célia disse...

Estás a dar-me vontade de ir reler tudo pela enésima vez :)
Do "The Two Towers" gosto definitivamente mais da primeira parte, por ser mais variada a nível de locais e personagens.
Apesar disso, acho que a decisão de dividir o livro em duas partes distintas funciona.

Rui Bastos disse...

Não vejo o problema de o fazeres :p

Eu não desgostei, e este livro até tem momentos de que gostei muito mais do que no primeiro livro: o capítulo dos ents, na primeira metade, é divinal. Mas como um todo... meh, fico indeciso. Por um lado acho que ia criar um problema em termos de ritmo, e por outro acho que criou um problema em termos de ritmo :/