segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Supernatural [T10]


Há coisas que não sabem quando acabar. Piadas britânicas, actualizações do Windows e esta série. São aquelas coisas que começam, até podem conseguir atingir um certo nível de brilhantismo, mas depois insistem e continuam a arrastar-se de forma indefinida, como se quisessem propositadamente estragar tudo.

E se no humor britânico isso já é esperado, e faz parte do ADN da coisa, e nas actualizações do Windows não há nada a fazer a não ser fugir desse sistema operativo (viva o Linux!), a esta série só lhe está a fazer mal.

Os planos iniciais eram só até à quinta temporada. Foram cinco fantásticos conjuntos de episódios, a terminarem de forma espectacular, ligeiramente inesperada, e mais ou menos inovadora. Não teve um final feliz, mas sim um final compreensível e com lógica. Tudo estava bem nesse longínquo ano de 2010.

Hey Lucifer, não queres voltar e acabar com a miséria do programa?
Foi então que decidiram continuar. Como é óbvio, a qualidade nunca foi a mesma, e o facto de há dois ou três anos terem dito "temos planos até à décima temporada", e agora estarmos à espera de uma décima primeira, é mais do que indicativo da forma como estão a fazer a série. Temporada atrás de temporada de "então e agora, o que vamos inventar?".

Nessa quinta temporada, cinco temporadas atrás, já tinham praticamente todos os bons elementos da série: o Dean, o Crowley, o Bobby, o Castiel, e enredos fortes. Até conseguiram, no último episódio, verem-se livros do Sam! Perfeito! Tirando o facto do episódio seguinte começar logo com o Sam de volta, sabe-se lá como. Apresentaram mais família dos irmãos Winchester, novas ameaças cada vez mais idiotas e incapazes (o plano dos Leviathans em junção com a loucura passageira do Castiel foi das coisas mais ridículas de sempre), e conseguiram arrastar a relação entre Dean e Sam até ao ponto em que parecem uma paródia deles próprios.

Sempre que há um momento de partilha entre os dois, eu rio-me. Não há outra reacção possível.

Chacina-os e fica com a série para ti Crowley, tu mereces.
Para terem noção, nesta temporada o Dean, depois de morrer no final da temporada anterior, regressa como um demónio, graças a uma marca que tem no braço e que lhe foi dada por Cain, o homicida original, e anda por aí a fazer porcaria, mais o Crowley, satisfeitos da vida. Mas sabem o que é que acontece mais? Há uma personagem que regressa de Oz (não estou a brincar), aparece a mãe do Crowley (continuo a não estar a brincar) que é a bruxa mais poderosa de sempre (a sério), Sam consegue humanizar Dean (como é óbvio), e o mais parecido que há com uma nova ameaça são os Styne, que são na realidade a família Frankenstein (yap, isto acontece).

É isto. Não preciso de mais argumentos, para apontar o ridículo da situação, e é uma pena que esta série se tenha tornado nisto. Até voltei a ter algumas esperanças com o último episódio, em que Dean, incapaz de resistir à marca de Cain, que o está a transformar não tão lentamente quanto isso num selvagem sedento de sangue, faz um acordo com a Morte: ele mata o Sam (yay!) e a Morte envia-o para um planeta longínquo, onde não possa fazer mal a ninguém. Dean não pode morrer, graças à marca, portanto isto era um final duplamente agonizante, chocante e bom! Mas querem saber o que é que acontece?

Depois de tantas situações em que não fazem o que está certo para se salvarem um ao outro, e isso dar muito para o torto, o Dean arrepende-se do seu acordo, e MATA A MORTE! Não, a sério, ele mata-a com a sua própria foice. Mas calma, que felizmente o feitiço que a mãe do Crowley e companhia andavam a preparar para tirar a marca funcionou, e o Dean está livre! Só que no processo, libertaram a Darkness, que é uma nuvem gigante de fumo negro que aparece no horizonte e atropela os irmãos, seguros dentro do Impala.

O vilão da próxima temporada é uma nuvem de fumo. Era só isto.
Triste, é só triste. A única vantagem disto é que nunca ninguém vai fazer uma paródia desta série: ela já existe e chama-se as últimas cinco temporadas.

3 comentários:

Artur Coelho disse...

pessoalmente sou fã da primeira temporada, antes do lado telenovela ter tomado conta de uma série cujos primeiros episódios conseguiam realmente arrepiar. apesar de ter tido momentos muito interessantes, nunca conseguiram voltar a capturar o terror puro dos primeiros momentos.

Anónimo disse...

O problema das séries americanas deste tipo é que se deviam bastar com cinco temporadas no máximo. A primeira é para conhecermos os personagens e enfrentar um vilão interessante. A segunda deve ser para desenvolver os personagens e as suas dúvidas ao mesmo tempo que aparecem vilões a preparar a chegada do maior vilão. A terceira deve ser a continuação da segunda e ter o melhor vilão de toda a série. A quarta deve servir para juntar as peças destroçadas pelo vilão e a quinta deve ser a batalha final contra o vilão.

Caso contrário perde-se o encanto e o suspense. Ao Smallville aconteceu-lhe isso, aos Diários do Vampiro e ao True Blood também é quanto aos heroes..... sem palavras

Abraço
FBF

Rui Bastos disse...

Artur, concordo que as far as villains go, nada bate o yellow eyes. Tinha um bom actor e era mesmo arrepiante. Nesta altura já é uma paródia self aware. Como prova apresento o episódio desta décima temporada em que há um musical numa escola, feito por miúdos, sobre a saga de livros que existe dentro da série, com o mesmo nome da série, e que retrata a vida dos irmãos. Foram escritos por um profeta. Case closed.

Francisco, esta realmente já se perdeu também, nem vale a pena!