domingo, 23 de maio de 2010

Watchmen


Gostava de deixar já bem claro que Watchmen NÃO é um livro de banda-desenhada estilo Tio Patinhas, ou até mesmo Super-Homem. É mais que isso, é uma novela gráfica.

A distinção pode parecer ridícula para alguns, uma mera desculpa para gente grande ler banda desenhada, mas garanto-vos que não se trata disso. Para começar, não tenho qualquer problema em afirmar que gosto de ler banda-desenhada, as histórias do Tio Patinhas e companhia, e dos mais variados super-heróis. E depois, Watchmen tem vários pormenores que o diferenciam desses livros.

Por exemplo não há cá onomatopeias para ninguém. Nada de THUD's quando alguém recebe um murro, nada de SQUASH's quando se pisa uma barata. Apenas imagens e diálogo. Também não é uma história de encantar com o típico final feliz, em que está tudo vivo e de boa saúde, e em que tudo acaba bem. Reviravoltas a cada 2 páginas é o prato do dia.

Falando do livro em si, só posso dizer que não esperava tanto. Quer dizer, vi o filme aqui há tempos (gosto de filmes de super-heróis), após 20 segundos de filme percebi que estes não eram super-heróis como os outros, adorei o filme, e fiquei com curiosidade de ler o livro (em inglês, claro, não queria arriscar traduções ranhosas). Estava à espera de um bom livro, e tive muito mais do que isso. Tive direito a uma autêntica obra-prima, com poucos tempos mortos, talvez apenas meia-dúzia de páginas desinspiradas, com uma média de qualidade altíssima, e verdadeiros rasgos de brilhantismo.

As personagens, só por si, são qualquer coisa de especial. Cada uma delas com uma profundidade psicológica impressionante, desde Roscharch, o herói dois-terços-psicótico, um-terço-solitário, todo ele paranóico; ao Comediante, personagem que morre logo no início, mas que se torna mais ou menos no centro da narrativa, e que nos parece apenas um indivíduo amoral, que faz o que muito bem lhe apetece, com a desculpa de estar a salvar o dia, mas que no fim descobrimos ter sido das personagens mais inteligentes; passando pelo Dr. Manhattan, um antigo físico nuclear que sofreu um acidente, e se tornou num ser superior (ah, e é o único em todo o livro que tem mesmo super-poderes), capaz de teletransporte, de controlar a matéria a seu belo prazer, e que vê o tempo como um todo, passado, presente e futuro como um novelo complexo; com destaque ainda para Ozymandias, o homem mais inteligente do mundo, que anda meio desaparecido durante metade do livro, mas que tem um papel fulcral; Silk Spectre, obrigada, pela sua mãe, a seguir a carreira de super-heroína; e Nite Owl, que cresceu a idolatrar o primeiro Nite Owl, e que quando chegou a idade de gente continuou o seu trabalho.

A história, essa, nem se fala. Um enredo complexo, que salta para trás e para a frente no tempo (muitas vezes graças ao Dr. Manhattan), com reviravoltas atrás de reviravoltas, que levaram a momentos que me surpreenderam completamente. E não posso deixar de destacar o quarto capítulo, centrado do Dr. Manhattan, que é, para mim, o momento mais brilhantemente espectacular de toda a obra, narrado pelo próprio Dr. Manhattan, e onde podemos ter um breve vislumbre da sua visão do tempo: ele fala do presente e do passado como se estivesse a falar do presente.

Resumindo, que já me alonguei demasiado, se alguma vez tiveram alguma dúvida quanto a ler este livro, esqueçam-na e peguem nele! É sem dúvida um dos melhores livros que já li na minha vida!

2 comentários:

DiAlex disse...

Quando vi o trailer fiquei curioso por ver o filme. No entanto, não fui ao cinema e ainda não o aluguei, mas gostava.
Quanto ao livro nada sei, nem sabia que havia. Acho que não faz mal ver o filme primeiro, faz? =P

P.S.: Não queres meter esta opinião (resumida) no fórum? ^^

Rui Bastos disse...

Não faz mal nenhum! Comigo aconteceu o mesmo :p

P.S.: Desculpa, tenho andado desaparecido do fórum, isto da recta final é tramado... Mas a partir d'amanhã estou livre durante uma semana, prometo que vou ao fórum, e inundo aquilo =D