Título: John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos
Autora: Catarina Coelho
Sinopse: Este livro apresenta sente contos que conjugam fantasia, magia, sobrenatural e improvável. Entrando directamente na mente e nas emoções das personagens, cada história procura ser, ao mesmo tempo, visão imaginária e reflexo de sentimentos.
Opinião: Tenho que confessar que ter escolhido este livro para ler não foi de todo um acto aleatório. A verdade é que acabei ontem uma temporada épica, em que li 4 épicos, e que me cansaram muito, apesar de ter adorado. Como tal, e depois de estar quase 2 meses a ler a Divina Comédia, não me foi difícil escolher o livro mais pequeno que encontrasse cá em casa para ler a seguir... E bem, o escolhido para curar a minha "ressaca epopeica" foi este, assinado pela autora, a simpática Catarina Coelho, que já nos deu uma pseudo-entrevista muito interessante. Devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendido, com algumas histórias meramente razoáveis, e algumas muito boas.
Logo o primeiro conto, John Lennon nunca morreu, que dá o nome ao livro, não me agrada por aí além. Os diálogos são demasiado forçados e pouco naturais, a história evolui de forma ingénua, graças às suas personagens ingénuas, e tem um final ligeiramente desapontante. Vê-se que é uma história escrita por um fã, mas podia ter sido melhor trabalhada.
O segundo, A Troca, sofre mais ou menos dos mesmos problemas, com os diálogos pouco naturais, ainda que tenha uma história interessante, apesar do desenvolvimento previsível. Tem, no entanto, um final surpreendente, que mesmo não sendo algo que me tenha feito cair o queixo, me fez gostar mais da história.
Adorei o terceiro, Pequenos demónios, que me fez lembrar um conto do João Barreiros (e que não vou dizer qual é, ou a história perde logo a piada, para quem conhecer) ainda que, como é óbvio, num tom MUITO menos sombrio. Tem um final macabro, e o único defeito que lhe ponho é mesmo o de ser demasiado curto.
O Sacrifício, o quarto conto, é algo previsível, embora tenha alguns pormenores inesperados que ajudam a que esta seja uma boa história, que mesmo não tendo um enredo muito original se torna interessante, especialmente se tivermos a conta a ténue dose de mistério, que podia, apesar de tudo, estar mais desenvolvida.
A quinta história, E nada mais importa, transmite uma mensagem bonita que peca pela simplicidade com que os acontecimentos são explicados. Acontecimentos absolutamente fenomenais são aceites num piscar de olhos, e embora a autora tente explicar o porquê disso acontecer, não o consegue muito bem. Podia ter aproveitado para carregar mais a história, tornar o ambiente ainda mais denso e carregado, talvez assim as coisas encaixassem melhor.
No penúltimo conto, Espelhos, fiquei agradavelmente surpreendido, pois a mini-sinopse não me tinha deixado com uma boa impressão, mas a verdade é que adorei este conto. É que embora a ideia não seja nada de novo, a forma como a autora a apresenta e aquilo que faz com ela acaba por ser. Também só lhe vi um grande defeito, que é o final, que é um dos finais mais anticlimáticos que eu me lembro de ler!
Por fim, Espírito da Natureza, o último conto, é estranho. Interessante, mas estranho. Ao início parece bastante previsível, mas não sei bem como, a autora consegue desviar a atenção e fazer-me duvidar daquilo que eu achava ter percebido, apesar de, no fim, as minhas previsões se revelarem correctas.
Resumindo, no geral gostei do livro. Algumas coisas menos agradáveis, algumas bastante agradáveis. Fica a promessa de prestar atenção aos próximos livros desta jovem autora.
2 comentários:
Hummm...
não me convences!
;)
Oh, então, eu sei que foge um bocado ao teu estilo habitual de leituras, mas dá-lhe uma oportunidade, é uma autora que promete :D
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