sábado, 16 de abril de 2011

No que tocas às notas...


...acho que ou são muito bem feitas, ou então não devem sequer ser planeadas. Quem tem acompanhado os meus posts sobre a Temporada Épica, já deve ter reparado que eu dou uma grande importância a estas notas de tradutor (ou notas finais, o que quer que lhes queiram chamar). Primeiro porque para o tipo de leitura que é, de obras épicas, acho que é importante alguma contextualização, além de que acho bastante interessante saber alguns pormenores ou curiosidades que me escapariam por completo, pelo simples facto de não conhecer a matéria em questão.

Mas quer dizer... Uma coisa é contextualizar algo, outra coisa é o exagero a que chegam algumas notas, como é o caso das da Divina Comédia. Na frase "Virgílio disse: Eu..." não preciso de uma nota a indicar que o "eu" é referente a Virgílio! Eu nem imagino o que terá passado pela cabeça de quem tratou destas notas, para fazer algo deste género... Além de fazer coisas como ter uma citação no texto, com uma nota no final com a citação na língua original, normalmente latim. Lógica disso? Não sei! (nota: Je ne sais pas!).

Não estou a dizer que não gosto deste tipo de notas, acho que são importantes, como já disse acima. Só não acho piada a este exagero, que consegue até ter 2 e 3 notas para a mesma palavra, além de fazer notas às notas. Por exemplo, gostei muito das notas d'Os Lusíadas, que não caíam no exagero, e aprofundavam apenas detalhes estritamente necessários para a compreensão do texto. Das do Beowulf também gostei, embora as achasse menos relevantes, talvez por muitas vezes ficar na mesma, por defeito pessoal (problemas com aquele inglês). Achei as do Fausto simplesmente divinais! Poucas, longas, com informação relevante e importante, dada de forma detalhada e pouco exaustiva. Agora, estas, da Divina Comédia... EXECRÁVEIS! Já não posso com elas!

Então e as vossas experiências com estas notas? Que acham delas? Já encontraram algum caso espectacular e/ou algum caso absolutamente horrível? Enfim, digam de vossa justiça, gostava de saber se estou sozinho neste ódio.

2 comentários:

WhiteLady3 disse...

Entendo que com citações se coloque o texto na língua original nas notas, pois por vezes tratam-se de textos que acabaram por não chegar na totalidade até nós e podem ajudar a entender melhor qual era a intenção do autor a citar esses textos. Agora essa do "Virgílio disse: Eu..." e o "eu" ter uma nota a indicar que se referia a Vergílio e completamente descabida.

Eu confesso que não aprecio ler notas, quebram-me a fluidez do texto, mas reconheço a sua função e são importantes para ilustrar e complementar a informação transmitida por em texto, mas acho que quanto menos notas e quanto mais directas, melhor.

Rui Bastos disse...

E o problema é que não acontece de vez em quando, esse tipo de notas são exactamente as mais frequentes neste livro!

Eu gosto de algumas notas, como já disse, poucas e verdadeiramente explicativas, que me permitam realmente apanhar algum significado mais complicado, seja por diferença de culturas ou pelo que for...