sábado, 15 de junho de 2013

Balanço da Feira do Livro de Lisboa 2013


Acabou na última Segunda-Feira aquele é actualmente o maior evento literário-comercial do país. Foi bom enquanto durou, é sempre, e a única coisa que me chateia verdadeiramente é não ter orçamento suficiente para andar por lá todos os dias e dizer simplesmente "olha, vou levar aquele", sempre que me apetecer.

Mas, por outro lado, o baixo orçamento obriga-me a ser criativo e a procurar mais e melhor. Acabei por trazer na mesma uma quantidade bastante jeitosa de livros, com nenhum a custar mais do que 5 euros, e acabando no total com uma média de 1.60 e poucos euros por livro.

Fantástico, não é? Concordo. É verdade que este número é puxado para baixo pelos 14 Argonautas que comprei, que me ficaram mais baratos que um almoço na cantina da faculdade, mas enfim, não me vou queixar!

Não posso deixar de referir a minha melhor compra este ano: o Kalevala, numa edição linda. Eu não gosto de usar palavras como "linda" e "bela", porque não me soam nada bem, mas neste caso não tenho hipótese. Linda, bela, magnífica, fantástica, fenomenal... Podia ficar aqui o tempo todo a pensar em mais adjectivos, e no fim não ia estar satisfeito com a descrição. É uma epopeia! Nórdica! Numa edição espectacular! AH!

E este ano nem sequer pus os pés na Hora H. A verdade é que fiquei satisfeito (e sem orçamento) só com as minhas visitas diurnas à Feira, portanto nem sequer senti necessidade de ir à Hora H, embora tenha perfeita noção de quão espectacular é a oportunidade de comprar livros com um desconto brutal de 50%.

Isto leva-me, no entanto, a algo mais desagradável. Falo de uma tal de Super Hora H, no última dia da Feira. A informação oficial que havia era a que a Hora H acabava na última Quinta-Feira da Feira. Até aqui tudo bem, o pessoal só teve que se organizar, tudo normal.

A coisa descamba quando, depois de a organização da Feira dizer em vários sítios, bem como as pessoas nas bancas, que não havia Hora H na Segunda, decidem avisar na página de Facebook da Feira, que daí a uma hora ou duas (não me lembro exactamente quando é que avisaram) ia haver uma Super Hora H, em que, pelo que percebi, as editoras faziam os descontos que muito bem lhes apetecessem sobre os livros com mais de 18 meses.

Juro que não percebi a jogada. O objectivo era levar mais pessoas à Feira? Falharam, então, porque não é no último dia, sem esperanças de ter direito a mais Hora H, que as pessoas vão sair de casa a correr para daí a uma hora estarem na Feira.

Imagino que tenha sido uma agradável surpresa para quem por lá andava, mas para quem estava em casa e já não conseguiu ir, ou simplesmente para quem já tinha planeado os gastos todos sem contar com uma Hora H no último dia, aquilo que se sentiu foi desagrado.

Eu pessoalmente senti-me ligeiramente defraudado, por princípio. Eu já nem sequer tencionava ir à Hora H e não, mas e se quisesse? Pois. Então e se por lá andasse à noite e comprasse um livro, e daí a hora e meia anunciavam esta Super Hora H e o livro nas minhas mãos passava a estar com 70% de desconto? Sabem o que é que isso é, na prática? Roubo!

Não sei quem é que teve esta ideia, e quem é que a aprovou, mas a coisa acabou por não ter grande efeito, se querem que vos diga. Quer dizer, sinceramente não sei como é que essa Super Hora H correu, em termos de vendas, mas em termos de imagem da Feira e da sua organização... Enfim.

Agora juntem a isto outras falhas, como a selecção duvidosa que algumas editoras fazem dos livros que entram na Hora H (contra a rebaldaria, no melhor dos sentidos, que é o funcionamento disso na Leya e na Porto Editora, por exemplo), os preços já não tão em conta quanto isso dos alfarrabistas, e a sensação cada vez mais comercial que a Feira transmite, um problema do panorama literário em geral, e podia-se pensar que a Feira foi má.

Felizmente, não foi o caso. Embora acredite piamente quando me dizem que já não é a mesma coisa que antigamente, não acho que isso seja necessariamente mau. Nem necessariamente bom. As pessoas que dizem isso provavelmente são melhores para falar sobre isto que eu, mas imagino que antes a Feira fosse um evento mais pequeno, sem grupos editoriais gigantes a uns anos de ocuparem metade do recinto, e que alguns dos preços fossem mais em conta.

Mas sabem que mais? Eu cá gosto sempre de ir à Feira do Livro, nem que seja para andar por lá rodeado de livros, sem probabilidades, electromagnetismo, bioquímica ou outra coisa qualquer a ocupar-me a mente e a preocupar-me. É bom andar no meio dos livros.

4 comentários:

Denise disse...

Em quase todos os teus comentários verifico uma insatisfação qualquer :P Temos crítico!
Ainda bem que a Feira foi proveitosa, de qualquer maneira ;)

Gosto muito do blogue e das críticas (bem) afinadas.

Rui Bastos disse...

Não consigo evitar, quando há coisas que correm mal. Mas não digo só mal :)

Obrigado!

Anónimo disse...

Como bom leitor que dizes ser, e depois de 5 posts sobre a FL de Lisboa, surpreende-me como o teu espírito crítico ainda não se lembrou do assassinato que fizeram à FL do Porto.
Deve ser um dos teus próximos posts, ou pelo menos espero isso do cidadão interessado e preocupado que pareces ser.

Rui Bastos disse...

Isso é um assunto que por acaso nunca me lembrei de falar aqui. E como também não estou muito dentro do assunto, sei apenas que não se realizou por causa de umas razões um bocado idiotas, não vale a pena vir falar disso às cegas.