E foi no passado fim-de-semana que se deu o Fórum Fantástico deste ano, na Biblioteca Orlando Ribeiro, em Telheiras, também conhecida como o sítio do costume.
O programa foi bom, como já é habitual, mas faltou-lhe ali qualquer coisa... Se fosse obrigado a descrever o que sinto, diria que o programa me pareceu morninho, compreendem? E embora tenha presenciado alguns momentos verdadeiramente fantásticos, também houve alguns que deixaram um pouco a desejar.
Com muita pena minha só consegui ir no na Sexta ao final do dia e Sábado, e foi com o dever de participar na sessão mensal da Oficina de Escrita - que já parece uma coisa profissional, nós quando nos concentramos, concentramos mesmo! - portanto deixei escapar algumas coisas.
Na Sexta queria mesmo assistir ao Debate sobre Blogues de Fantástico, que se revelou fraquito, pois incidiu pouco sobre os blogues e mais sobre a própria abrangência do género em Portugal. Ainda vi a apresentação da Editorial Divergência, que podia ter sido um bocadinho mais cativante, mas não foi nada má.
A primeira coisa a que assisti no Sábado foi ao Painel Tecnologia 3D, com a BeeVeryCreative e o ilustrador José Alves da Silva, moderado por Artur Coelho. Quando começou, eu estava excitadíssimo: tecnologia! impressão 3D! coisas! cenas! quero!, mas revelou-se um painel desapontante, em que a verdadeira informação sobre a tecnologia 3D chegou através do ilustrador presente e da sua experiência pessoal. Não deixou de ser interessante, mas ficou a faltar um representante activo da empresa a explicar as coisas com mais algum detalhe...
Depois foram duas apresentações de livros, Comandante Serralves - Despojos de Guerra, já lido e opinado, e a Insonho, uma antologia de portugueses editada no Brasil, com lançamento previsto para o início do próximo ano, se não estou em erro. O primeiro é bom, apesar das falhas e de alguns contos menos satisfatórios, mas parece ser um excelente primeiro passo deste projecto semi-louco que é o Imaginauta. Sobre o segundo ainda sei pouco, mas é focado no folclore português e promete!
A seguir foi a altura do intervalo, e do grupo da Oficina terminar a sessão, o que nos fez saltar a sessão de Artes Fantásticas e parte da Em torno de Cortázar, que incluiu, na parte que ainda apanhei, uma discussão muito interessante sobre Cortázar, Borges (BORGES!) e outros autores sul-americanos.
O painel com o convidado estrangeiro, Rhys Hughes, foi praticamente sobre o mesmo tema, mas deixou muito a desejar. O homem é super engraçado e afável, mas veio cá e não se falou nem um bocadinho sobre os seus livros. Isso foi, para mim, o ponto baixo do FF este ano (pelo menos do que vi...), terem cá um convidado estrangeiro e porem-no a falar inteiramente sobre outros autores!
Por fim, a entrega dos primeiros Prémios Adamastor do Fantástico, que foram cair no incontornável António de Macedo enquanto Personalidade Fantástica; Nome de Código Portograal, de Luís Corredoura, enquanto Literatura Fantástica Portuguesa; Lisboa no Ano 2000, a antologia organizada por João Barreiros, como Distinção do Público; Dicionário de Lugares Imaginários, de Alberto Manguel e Gianna Guadalupi, para Literatura Fantástica Estrangeira; O coração é um predador solitário, conto de João Barreiros presente na Lusitânia #2, enquanto Ficção Fantástica em Conto; e por em Dog Mendonça e Pizzaboy III: Requiem, de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa, para Ficção Fantástica em BD.
Tudo escolhas que me pareceram altamente acertadas. Só não me pronuncio sobre o livro de Luís Corredoura, porque ainda não sei quase nada sobre ele, mas a descrição que foi feita durante a sessão deixou-me intrigado.
No Domingo gostava muito de ter conseguido ir, especialmente pela já tradicional sessão de sugestões, mas enquanto não inventarem uma máquina do tempo, posso sempre guiar-me pela recolha que o João Campos fez no seu tumblr.
Com tudo dito, resta-me expressar o meu contentamento pelas bancas de livros presentes do lado de fora do auditório, e o meu desagrado pela já gritante pequenez desse espaço, para o evento em que o FF se tornou.
E agora a minha parte favorita, para finalizar: o caça-autógrafos ataca outra vez! O ano passado consegui oito, este ano ultrapassei-me e consegui dez para mim mais quatro para a minha namorada (incluindo um do próprio Rogério Ribeiro)! Isto mais ano menos torna-se em algo sério e as pessoas já sabem o que esperar assim que virem o tipo barbudo com um ar conspirador... Mas vejamos o que consegui para mim!
A começar pelo Luís Filipe Silva e as piadinhas sobre sangue, no seu conto em Ficções Científicas e Fantásticas:
Depois um Comandante Serralves muito composto, com a equipa quase completa a deixar a sua marca:
Dois do Joel Gomes, colega e amigo da Oficina de Escrita:
E agora, caríssimos nerds, a jóia da coroa. Chorem, chorem muito, pois não só eu sou o tipo que encontrou dois Terrariums à venda, o primeiro foi parar às mãos do João Campos, e o segundo às minhas - o que já me valeu o título honorário de traficante de Terrariums - como sou o tipo que tem o Terrarium autografado por ambos os autores:
É assim, senhoras e senhores, que se faz história. Mais um Fórum Fantástico em cheio, mesmo tendo faltado a muita coisa. Agora vá, tentem lá descobrir onde moro para me virem roubar o Terrarium. Autografado. Aviso que tenho ninjas.
11 comentários:
O auditório está longe de ser pequeno para o evento - a prova disso é que mesmo no ano passado, com mais gente à Sexta e ao Sábado, nunca encheu por completo (faço sempre a comparação - só em termos de afluência, claro, porque a programação, o público-alvo e o propósito são completamente diferentes - ao Anicomics, que enche aquilo de tal maneira que se sentam pessoas nas escadas e ficam imensa gente de fora, a querer entrar e a não conseguir.
Enfim, isto para dizer que, até ver, o auditório da BMOR vai servindo - seria melhor era se estivesse com menos infiltrações...
Uma outra nota, especificamente quanto ao painel sobre blogues (no qual participei): talvez o facto de ter sido "morno" acabe por, de certa forma, reflectir o próprio estado da blogosfera, longe do diálogo e da vivacidade de outros tempos. Mas esta conversa deixo-a para o ano, se repetirmos a iniciativa :)
O auditório em si está impecável. É quanto à parte de fora, onde estavam os livros, que me "queixo".
E concordo contigo, quanto ao painel dos blogs. Mas acho sinceramente que a conversa se deixou desviar demasiado facilmente, acabando por fugir ao tema...
Ah, a parte de fora. Percebo. Se o FF tivesse lugar no Verão seria fácil montar tudo cá fora; no Outono é mais complicado (e repara que chove sempre). Enfim, é algo que não tem solução fácil.
Sim, é true. Talvez um toldo no átrio? Só sei que qualquer dia temos que ter senhas para entrar naquela parte pequenina, e alguém sempre à porta "menos de 15 pessoas, vá pessoal, menos de 15 pessoas!" :p
O toldo é uma ideia interessante (resolve a solução da chuva, ainda que não resolva o frio e a humidade). Passe uma vez mais a comparação: é isso que o Anicomics faz, ou pelo menos fez quando lá fui há aqui um par de anos. Mas um toldo custa dinheiro; sem apoios e com entrada livre é difícil para o FF pensar numa solução desse género.
sobre o terrarium, bem vindo ao clube ;) (e o meu é dos originais. nas minhas prateleiras desde 1999 ;) http://intergalacticrobot.blogspot.pt/2012/07/terrarium.html
sobre o 3D, concordo. nisso a beeverycreative desiludiu muito. perdi a conta aos mails e conversas que tive para os convencer que o momento mais importante do fF é em palco. mas não, acharam que mandar um tipo que só à ultima hora é que soube que tinha de ir ali a telheiras fazer uma cena era a melhor escolha. para o ano chateio a bq. ou, talvez, alguém do ist ;) ?
e yep, o debate sobre blogs foi fraquito. a ideia era explorar a importância da blogoesfera na era das redes sociais, mas não passámos do ya, tenho um blog, porque razões. esperava mais da moderadora, mas pessoalmente também creio que poderia ter sido incisivo no momento e levado a discussão para esse lado...
João, talvez a biblioteca tenha um? Talvez se consiga arranjar algum apoio? Por exemplo, das editoras/livrarias que lá vão, até havia o óptimo argumento de que com o toldo havia mais espaço para expôr os livros e as pessoas ficavam mais à vontade -> compravam mais coisas!
Artur, *high five* pelo Terrarium. Quanto à opção da beeverycreative, não percebo, sinceramente, devem estar mesmo desinteressados no mercado português... E quem sabe se não arranjas alguém do IST, realmente!
Dos blogs, foi exactamente isso que senti. Não foi propriamente mal conduzido, mas foi um bocadinho, embora isso nem tenha sido o pior. A conversa nunca andou muito virada para os lados que era suposto...
Ui. Se fosse assim tão simples, Rui...
É tentar e chatear até alguém ceder!
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