quarta-feira, 27 de maio de 2015

Best Exotic Marigold Hotel (2011)



Tal como o fenómeno das super-bandas, começaram a aparecer os super-filmes. Ou melhor, os filmes com super-elencos. É o caso dos Expendables, um filme com todas as estrelas de acção possíveis e imaginárias a, em termos muito simples, serem fixes.

Mas é também o caso de Best Exotic Marigold Hotel, num registo completamente diferente e a reunir um elenco de luxo que conta com Judi Dench, Bill Nighby, Maggie Smith, Penelope Wilton, Ronald Pickup, Celia Imrie e ainda mais alguns.

Qualquer pessoa que veja o filme reconhece todos os actores de algum lado, na melhor das tradições britânicas de só terem meia dúzia de actores e actrizes que usam para TUDO.

O risco de um elenco destes é que se ofusquem uns aos outros. Praticamente todos personalidades mais do que estabelecidas, com uma enorme presença no ecrã e um ainda maior historial cinematográfico, televisivo e teatral, não era difícil que a coisa corresse mal. Felizmente são todos, também, excelentes actores (e actrizes). Cada um faz o seu papel, brilha quando tem de brilhar e deixa que os outros brilhem quando é a vez deles. É impressionante.


Nem sequer é o meu tipo de filme, e deixou-me agarrado ao ecrã. Convenhamos, uma "comédia dramática" relativamente ligeira é mais o tipo de coisa para eu ver numa preguiçosa tarde de Domingo, apenas com meio cérebro acordado. E no entanto, as representações excepcionais, a história bem construída e os diálogos deliciosamente, digamos, britânicos, conseguiram ganhar a minha atenção.

A história sobre um grupo de velhotes que por um motivo ou por outro acaba na Índia, num suposto hotel fantástico que na realidade está a cair aos bocados, torna-se para lá da hilariante, com os seus momentos de intensidade emocional. É fascinante ver uma Maggie Smith racista e resmungona rodeada de indianos, ou uma Judi Dench completamente zen a curtir a vida.


Best Exotic Marigold Hotel não é um filme que siga alguma moda das que por aí andam: é um filme calmo, exuberante sem precisar de explosões ou relações explosivas, e que consegue ter momentos de excelente comédia ao mesmo tempo que explora as emoções de várias personagens de forma extraordinária. Particularmente com uma certa personagem, que tem a maior complexidade e a história mais triste e satisfatória.

E no meio disto tudo, quem consegue juntar este elenco todo e de certa forma pô-los a funcionar em conjunto, é a personagem de Dev Patel, o gerente do hotel, com muitos sonhos, muita ingenuidade, e muita falta de jeito. E que também é outro que tem uma óptima evolução e uma boa história ao longo do filme.

Junte-se a isto os cenários bem feitos e cativantes, diferentes do habitual... Enfim, parecendo que não, foi uma autêntica receita para o sucesso. De tal forma que fizeram um segundo (que não vi), ainda que me custe a acreditar que haja história para mais. Foi bom, mas um filme chegou perfeitamente. Pode ser que me surpreendam, quer dizer, se me conseguiram surpreender com este, porque não com outro?, mas não sei se não será abusar da sorte. Este pelo menos já valeu a pena.

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