Título: The Island of Doctor Moreau
Autor: H.G.Wells
Sinopse: After a collision between two ships in rough seas, a "private gentlemen"--the wreck's sole survivor--languished for eight days under a merciless sun. With neither food to eat nor water to drink, death seemed a certainty. But miraculously, Edward Prendick survived. Yet what he was to encounter in the days ahead was more horrible and terrifying than any death he could ever have imagined. For the island on which he landed was the home of the infamous Dr. Moreau. Exiled from England because of his gruesome experiments in vivisection, Moreau has taken up residence in this remote paradise in order to continue his work.
Opinião: The Island of Doctor Moreau andava há muito tempo na minha lista de livros a ler, e foi uma coincidência bastante feliz vê-lo à minha frente quando liguei o meu e-reader Kobo (sim, comprei um, isso ficará para outra conversa) pela primeira vez. Não sabia bem o que haveria de ler a seguir, portanto a escolha não foi difícil: ao mesmo tempo que lia um livro que queria ler há muito, experimentava o meu novo brinquedo.
Foi assim que li este clássico da ficção científica, escrito por H.G.Wells, um dos pais do género. O livro tem como tema principal algo que nem assim tão raro quanto isso, dentro da ficção científica, mas que as pessoas que olham para o género de lado talvez não acreditem que seja muito frequente, que é o lado negro da Ciência.
Não duvido que a maior parte das pessoas que tem a ficção científica em pouca conta, talvez até um certo desprezo, acha que quando se fala de livros, filmes ou o que quer que seja dentro deste género, pense de imediato em aliens a dispararem lasers contra robots que explodem com planetas, e que é tudo muito engraçado mas sem profundidade nenhuma, meras histórias para exibir armas e sociedades futuristas, em que um herói salva o mundo graças às maravilhas da tecnologia.
Há livros assim. E filmes. Mas limitar a FC a isso é como dizer que os romances históricos são sobre a época dos Tudors. A FC é muito mais que isso, e uma obra dentro do género tanto pode ser propaganda positiva da Ciência, avisos quanto ao seu lado negativo, ou apenas uma boa história sem segundas intenções. Isto porque, e gostava que toda a gente se convencesse disto, a ficção científica não é um género menos literário que os outros. Esse é um preconceito que não podia estar mais errado.
E este livro é a prova disso mesmo. Para começar nem sequer há uma sociedade futurista, nem seres extraterrestres, interdimensionais nem total ou parcialmente robóticos. Há um cientista maluco, Moreau, e uma ilha povoada de experiências ambulantes desse mesmo cientista. Toda a história é seguida pelos olhos de Edward Prendick, o único sobrevivente de um naufrágio que acaba a viver numa ilha isolada durante uns tempos, juntamente com Moreau e o seu assistente, Montgomery, mais as experiências ambulantes.
Com a sua escrita clara e cuidadosa, Wells tece aqui uma trama sobre a condição humana e aquilo que nos distingue dos animais irracionais, bem como da loucura e crueldade humana, e de como a Ciência, e a paixão pela Ciência, podem levar a caminhos tortuosos e indesejáveis.
Na minha perspectiva, a mensagem não podia ser mais clara. Se em a A Máquina do Tempo Wells dá uma perspectiva bastante positiva da Ciência, ainda que não do futuro, em The Island of Doctor Moreau deixa um aviso: a paixão pela Ciência é como qualquer outra paixão, pode cegar e levar a uma sede de conhecimento que ultrapassa a ética e a moral, com argumentos aparentemente lógicos e racionais para justificar todas as crueldades possíveis e imagináveis.
Acredito que tenha sido algo do estilo que aconteceu com os cientistas Nazis, durante a Segunda Guerra Mundial, com as suas experiências com gémeos e coisas afins. Houve mais factores em causa, claro, mas acho que o que é importante reter disso, e deste livro muito bom, é que a Ciência, enquanto propósito e enquanto paixão, tem que ser guiada com cuidado, para que não se esqueça da Humanidade que lhe devia ser inerente e para ter cuidado com os monstros, que raramente são outra coisa que não pessoas.
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