Título: Lenda de S. Julião Hospitaleiro
Autor: Gustave Flaubert
Tradutora: Maria Franco
Opinião: Cá está um exemplo dum conto de que gostei bastante, mas que ainda podia ter gostado mais. Os ingredientes para o adorar incondicionalmente estão todos lá, mas o autor conseguiu estragar isso, já no fim.
A história está dividida em 3 partes, e são as duas primeiras que para mim fazem o conto sobressair, com a terceira a estragar tudo.
É que na primeira e na segunda parte, o narrador conta-nos a vida de Julião, predestinado a ser santo, mas que se revela uma criança eminentemente cruel e sádica.
Castigado por isso mesmo, já adulto, acaba por matar os pais, no meio de voltas e reviravoltas que me conseguiram surpreender e deixar agradado.
O final da segunda parte é a sua queda em desgraça, a espiral descendente de Julião enquanto enfrenta os remorsos e a culpa, olha de frente o homem mau que era, e anseia por obter redenção.
Até aqui o conto é negro e está muito bem construído. É então que chega a terceira parte, em que o narrador conta como é que Julião ascende da criatura miserável que se tinha tornado, até santo.
É uma parte cheia de luz e graça divina, aborrecida por isso e não só, e que não me pareceu acrescentar nada de relevante à história. O final da segunda parte era aberto o suficiente para criar especulação na mente de quem lê, e fechado o suficiente para parecer de facto o final de história, portanto não percebo esta terceira parte, para além do facto de ter que lá estar, pois este conto é, afinal de contos, uma lenda sobre um santo.
Mas apesar desse pequeno contratempo final, não deixa de ser um bom conto, que apreciei bastante, e que me deixou curioso para ler mais obras deste autor.
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