Título: A Guerra dos Tronos
Autor: George R.R. Martin
Tradutor: Jorge Candeias
A sinopse contém ligeiros spoilers.
Sinopse: Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, recebe a visita do velho amigo, o rei Robert Baratheon, está longe de adivinhar que a sua vida, e a da sua família, está prestes a entrar numa espiral de tragédia, conspiração e morte. Durante a estadia, o rei convida Eddard a mudar-se para a corte e a assumir a prestigiada posição de Mão do Rei. Este aceita, mas apenas porque desconfia que o anterior detentor desse título foi envenenado pela própria rainha: uma cruel manipuladora do clã Lannister. Assim, perto do rei, Eddard tem esperança de o proteger da soberana. Mas ter os Lannister como inimigos é fatal: a ambição dessa família não tem limites e o rei corre um perigo muito maior do que Eddard temia! Sozinho na corte, Eddard apercebe-se que também a sua vida nada vale. E até a sua família, longe no norte, pode estar em perigo.
Opinião: Finalmente rendido à saga que pôs o leitor comum a ler fantasia, tenho que dizer que desta vez a moda foi bem lançada.
Já ouvi falar muito destes livros, e já sei mais do que aquilo que gostaria (estou sempre à espera de ver uma das personagens a morrer de forma horrenda). Até já tinha visto coisas sobre a série de televisão, e quem fazia de Eddard era o Sean Ben, que para mim será sempre o Boromir. Todos sabemos a fama deste actor, portanto não me surpreendi muito no livro. Mas foi um momento intenso na mesma, filho da mãe do Joffrey...
Bem, desculpem, antes que se percam: o que deu vida a este livro foi o mundo em que a história assente, que me parece bastante bem construído, a história retorcida cheia de politiquices medievais e intrigas que nunca mais acabam, sem se tornarem exageradas, e algumas personagens fascinantes.
É preciso ter em atenção que quando digo "personagens" não me refiro só a pessoas. Os lobos dos irmãos Stark parecem ter alguma relevância, por exemplo; a Muralha, a colossal construção de gelo que protege o reino do que existe do outro lado, é tão imponente e marcante que merece ser vista como uma personagem.
Mas entre os humanos há uns poucos bastante curiosos. O que se destaca, por larga margem, é Tyrion, o anão, engraçadíssimo, acutilante e inteligente. Pertence a uma das famílias mais poderosas, os Lannister, e não é o membro mais adorado, mas consegue lidar bem com isso, pelo menos aparenta, bem como com as dificuldades que já sabe que tem que enfrentar por ter metade da altura de um homem normal.
Eddard Stark (ou Boromir, se quiserem, graças à série este tipo para mim é o Boromir) também é interessante, assim como o seu amigo Robert Baratheon, o actual rei. E mais umas poucas personagens, como o Mindinho, o Varys, enfim, umas poucas.
É claro que no meio disto, há algumas que só conseguiram irritar-me profundamente. Normalmente as personagens femininas. Parece-me, e também já me disseram, que personagens de saia não são o forte deste autor.
De qualquer forma a história é viciante, e isso para mim é mais do que suficiente. A luta pelo poder, as intrigas palacianas e a frente narrativa a oscilar entre a corte do rei Robert, o exílio de Daenerys Targaryen, da antiga dinastia, o Norte dos Stark e onde quer que o Tyrion ande, são aspectos extremamente cativantes e bem desenvolvidos.
Ou seja, acabei por gostar bastante. As personagens, a história, a escrita... Só tenho pena que este livro seja só metade do original, porque mesmo quando estava a chegar à melhor parte, poof, acabou-se-me o livro. Não foi de facto um problema para mim, que tinha o seguinte à mão de semear, mas imagino o que terá sido para quem comprou este livro sozinho, para experimentar a saga, ou algo do estilo. A sensação, bastante desagradável, é a de um livro inacabado.
Já mencionei o Viserys, o irmão da Daenerys? Bem, se fosse mencionar todas as personagens para dizer o que acho de cada uma, nunca mais daqui saía, mas este merece um destaque particular porque é completamente alucinado. Não sei como é que o Martin conseguiu fazer isto, mas parece que cada vez que esta personagem abre a boca, consegue acabar a falar de como lhe roubaram o trono, ou de como o vai reaver, ou de como o seu exército vai esmagar as hordas inimigas, ou sei lá! É incrível! "O que será hoje o pequeno-almoço? Preciso de estar forte para quando for derrotar o Usurpador e conquistar o meu reino de volta!", só faltou isto.
Mas pronto, lê-se bem, e agora vou ter que ler os próximos não é verdade?