Título: Minha Besta
Autor: Christopher Moore
Tradutora: Leonor Bizarro Marques
Sinopse: Estar morto é uma chatice. Ou melhor, ser morto-vivo é uma chatice. Perguntem a C. Thomas Flood, que ao acordar depois da melhor noite de toda a sua vida, descobre que a namorada, Jody - a mulher dos seus sonhos - é um vampiro e... Surpresa! Ele agora também é um. Para alguns casais, essa história de morder gente seria o suficiente para acabar com tudo, mas Tommy e Jody estão apaixonados e prometem um ao outro lidar com os seus problemas - como por exemplo, até que ponto deverá Jody elucidar Tommy acerca dos seus novos poderes (ou terá de ser ele a lidar com isso sozinho). Mas fazer com que a relação resulte não é de todo o problema mais grave de Jody e Tommy. Pior do que isso, os antigos companheiros de Tommy, do bowling de peru congelado, andam atrás dele, instigados por uma prostituta azul de Las Vegas chamada Blue (dah!). E a chatice é mesmo essa.
Opinião: Sou um fã deste autor. Este é apenas o terceiro livro que leio dele, é certo, mas achei os outros dois tão, mas tão hilariantes! O humor de Moore é mordaz e assertivo, essencialmente palerma mas com rasgos de inteligência absolutamente brilhantes.
Isso não é excepção neste livro, com o bónus de que o humor aqui se aproxima bastante do humor português: javardão, javardão, javardão. O livro até tem bolinha vermelha!
Mas antes disso, há um grande problema com o livro que tem de ser apontado. É o segundo de uma trilogia. Brilhante trabalho, Gailivro! Tal como muitas outras editoras portuguesas, lançar os livros por qualquer espécie de ordem não lhes assiste. Não sei porque raio, mas as trilogias, tetralogias, sagas e séries afins não são muito bem tratadas por estes lados (Bertrand, I'm looking at you).
Muitas vezes não cria grandes problemas (ver o caso de Dan Brown, que teve os seus livros editados por cá do mais recente para o mais antigo), mas neste caso em particular senti muito claramente a falta de um livro anterior, para dar algum contexto à coisa, nomeadamente às personagens, que me aparecem em catadupa e até ao fim do livro não fico a saber muito bem quem é quem.
O mesmo acontece com as piadas, algumas delas a fazer referência a acontecimentos do primeiro livro, e que portanto me passam completamente ao lado, como momentos mortos e desinteressantes do livro.
Mesmo assim o livro é engraçado. A escrita deste homem tem montes de piada, e chega a ter momentos bastantes hilariantes. E no entanto, achei-o fraco. Não só por faltar a leitura de um livro anterior, mas também porque o facto de ser um livro assumidamente badalhoco fez com que o autor caísse, invariavelmente... na badalhoquice. Surpresa. Javardice e brejeirice da pior espécie, de tal maneira que, como já mencionei, até começou a soar a humor português.
É que o tipo é de facto engraçado, mas nesta paródia ao fenómeno dos vampiros cai demasiado no gozo puro e simples, sem grande cuidado. Limita-se a disparar piadolas a uma velocidade estonteante, e a fazer acontecer coisas de forma quase aleatória. Há personagens interessantes, como a miúda gótica que cuida dos vampiros, e momentos tão ridículos que desatei a rir às gargalhadas, como quando uma prostituta é transformada em vampiro e o seu corpo começa a regenerar e rejeita os implantes mamários, que saltam de forma bastante literal cá para fora.
Resumindo, tem os seus momentos altos, mas fiquei desiludido. Com o autor e com a editora. Um livro que não tem muito a seu favor, mas que talvez ganhe um novo interesse quando lido no contexto do primeiro. Não me parece é que isso vá acontecer muito cedo.
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