Título: O Conde de Monte Cristo (Volume II)
Autor: Alexandre Dumas
Tradutora: Alexandra Maria Matos de Amaral Maria Ribeiro
Opinião: Na segunda metade deste verdadeiro épico de vingança, Dumas apresenta a vingança de Dantès na sua gloriosa totalidade.
Se no primeiro volume a história é mais centrada na desgraça da personagem principal, e na sua consequente e sofrida subida na sociedade, com os planos de vingança a passarem quase despercebidos, em segundo plano, a evoluírem de forma lenta mas implacável, aqui todos os caminhos vão desembocar numa qualquer espectacular desgraça de alguém que o fez sofrer.
Algo que eu não estava à espera foi o quão diabólicas e geniais foram algumas das formas como o Conde se vingou. Eu sei que esteve uma porrada de anos a planear as coisas, com recursos praticamente ilimitados e uma frieza assustadora, digna de qualquer sociopata, mas os seus inimigos caem que nem tordos, invariavelmente de forma estrondosa.
Dantès guia todas as personagens à sua vontade, moldando os acontecimentos como muito bem lhe apetece, aproveitando alguns rasgos de sorte, é claro, mas sempre fiel ao seu desejo de vingança, que mesmo após vários anos continua tão vívido e aceso como no primeiro dia.
O resultado é um livro fantástico, e nesta segunda metade sem partes a arrastarem-se desnecessariamente. Parece-me que o autor controlou melhor a desenfreada corrida para o fim, que mesmo assim ainda dura quase 800 páginas, do que a lenta evolução de Dantès, na primeira metade.
Esta parte é então bastante dramática e emotiva, com momentos arrepiantes no bom e no mau sentido e, acima de tudo, este meio-calhamaço define o livro como épico, sem tirar nem pôr.
O enredo super intricado cativa que é uma coisa parva, e é impossível não querer saber o que vai acontecer a esta ou àquela personagem. As expectativas são imensas! Quando se percebe que quase todas as personagens principais estão de alguma forma ligadas a Dantès e ao seu passado, a única coisa em que consegui ficar a pensar foi "como é que este se vai desgraçar?".
É claro que também há personagens que ficam bem, Dantès não teve só inimigos, mas até esses percorrem um caminho tortuoso, muitas vezes por causa dos misteriosos desígnios do Conde de Monte Cristo, uma personagem que assume um papel ominoso e quase omnipresente. A sua sombra e influência estende-se por toda a história, e é possível ver a sua presença em muitos dos acontecimentos, claramente causados por ele no caminho para a sua vingança.
Sem me alongar mais, digo que não me arrependo do mini-suplício que foi ler 1500 páginas em tempo de aulas, a um ritmo bastante mais lento do que gostaria: O Conde de Monte Cristo é um dos melhores livros que já li, sem qualquer sombra de dúvida.
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