Título: Brasil
Autor: Ian McDonald
Tradutora: Leonor Bizarro Marques
Sinopse: São Paulo 2032
Uma cidade com um coração de néon.
Uma cidade com incontáveis milhões de habitantes.
Uma cidade com fortunas de cortar a respiração e uma pobreza mortificante.
Uma cidade protegida por anjos onde a vigilância é constante e cada movimento é observado, seja o declínio, seja o fluxo do dinheiro ou da vida.
Uma cidade em que um ladrão poderia sair da favela e ficar encurralado no mundo estonteante e letal da computação quântica ilegal.
Rio de Janeiro 2006
Uma cidade sustentada por reality shows.
Uma cidade de gente que vê e que é vista.
Uma cidade onde uma ambiciosa produtora de televisão poderia descobrir o seu próximo grande êxito, perdendo a vida e a alma.
Brasil 1732
Um país de uma beleza paradisíaca.
Um país de ouro e de morte.
Um país de loucura e de religião.
Um país onde um padre jesuíta enviado no encalço de um padre apóstata, encontrará a fé e a realidade levadas ao limite.
Opinião: A decisão de ler este livro foi completamente influenciada pelo facto de o autor vir ao Fórum Fantástico. Tinha-o aqui na estante desde a Feira do Livro deste ano, e aproveitei o balanço.
À partida parecia-me bastante interessante, e não podia ser mais terrivelmente adequado: um livro que envolve mecânica quântica no semestre em que tenho uma cadeira de mecânica quântica. Curioso.
Mas a verdade é que não me conseguiu captar muito a atenção. Dou-lhe, no entanto, o mérito de ser o primeiro livro que me lembro que passa uma sensação completamente caótica, de forma propositada, e que faz com que isso funcione a favor da história. É uma sensação estranha, mas boa, muito boa. Pergunto-me se os outros livros do autor têm o mesmo estilo.
Acho é que o facto de se acompanhar as 3 narrativas, sem se encontrar qualquer tipo de ligação entre elas durante muito tempo, fez com que não me sentisse propriamente cativado por nenhuma. É verdade que se vão notando alguns pontos de contacto, mas alguns nem sequer chegam a ser explicados.
Por aí, acho que o livro perdeu muito. E o sentimento de caos acaba por levar a uma confusão desnecessária, que não me agradou nadinha. Acabei o livro com uma sensação de "então e agora? o fim?". Na prática o livro teve 3 fins, um para cada linha narrativa, mas nenhum deles me soube a fim.
As personagens são interessantes, mas acabam por não ficar tão bem caracterizadas como poderia ter acontecido. Fia, Edson e as suas personalidades, Luís Quinn, Falcon, Zemba, Marcelina... Cada um com os seus dilemas e as suas vidas, mas nenhum que se destaque propriamente.
Em suma, um livro mediano.
10 comentários:
Engraçado que o achaste mediano mas a tua descrição dá-me vontade de ler! De certa forma lembrou-me algumas das sensações que o Thomas Pynchon me provocou no Against the Day.
A leitura não deixa de ser interessante! E depois de ter visto o autor no FF, ainda fiquei com vontade de ler outras coisas suas.
Achei que este se perdeu ligeiramente e podia ter ficado melhor, mas hey, experimenta, é uma leitura diferente (o facto de ser no Brasil é interessante).
E Pynchon já me anda a deixar curioso há demasiado tempo!
Atira-te ao Pynchon e depois diz qualquer coisa por aqui, vale bem a pena!
It shall be done! Thank you.
O problema deste "Brasil" é que perde muito na tradução. A escrita em "Brasyl" dá uma outra textura ao livro pela mistura muito pouco convencional que faz de expressões portuguesas no texto em inglês... um ritmo muito próprio, que marca toda a leitura.
... é por estas e por outras que não tenciono voltar a comprar traduções portuguesas de autores anglófonos. Por boas que sejam... não preciso delas!
(e dito isto, mesmo tendo gostado muito de "Brasyl", achei "Desolation Road" superior)
Parece ser consensual que a tradução para português estragou muito... Which is a shame. Lá terei um dia que ler em inglês! Mas por agora estou mais curioso em agarrar nesse "Desolation Road" e nos seus livros de Marte.
E epah, as traduções se forem bem feitas, funcionam... O problema é mesmo serem bem feitas. Mas confesso que compro poucas, e cada vez menos, até porque em inglês sai mais barato!
Em "Brasyl" não há hipótese - mesmo deixando as expressões ideomáticas que ele colocou em português em itálico... haveria sempre qualquer coisa a perder-se.
Traduções bem feitas, no mercado editorial português dedicado ao fantástico? Contam-se pelos dedos.
... de uma mão.
Por acaso ainda no outro dia a ler o terceiro do Martin (em português) encontrei por lá uma barbaridade qualquer que até me fez doer o coração... É uma pena!
Mas acho que é capaz de afectar mais a ficção científica, porque há mais termos recorrentes que todos conhecemos pelo seu nome original, e que por cá se tenta traduzir e sai uma desgraça.
Nunca li "A Song of Ice and Fire" em português - tenho os quatro primeiros em trade paperback, cada um a metade do preço da metade de cada um na edição portuguesa (se isto faz sentido); e tenho o quinto na primeira edição hardcover, comprada dois dias após a publicação - também saiu mais barata que uma das metades. Sim, eu sei - mercados, economias de escala e isso tudo. Not my problem.
Quanto a isso da tradução: mais à frente, terás uma que será um autêntico cheirete... ;)
I fear...
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