sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Fondly Fahrenheit


Autor: Alfred Bester

Opinião: Um conto peculiar, este. Já me aconselharam outras obras de Alfred Bester, fazendo comparações com O Conde de Monte Cristo (I, II) de Dumas e tudo, mas este conto tinha o tamanho ideal para experimentar ler o autor.

O que tenho a dizer é que se não fiquei excessivamente impressionado com a escrita do autor, a história é bastante interessante, para além de estar bem contada, e o narrador é peculiar. O que eu adoro narradores peculiares.

Nas minhas próprias histórias, quando tento escrever alguma coisa, muitas vezes acabo por ter um narrador estranho. Ou fala directamente com uma personagem, ou segue o ponto de vista de uma aranha, ou de um rato fantasma canibal, enfim, digamos que gosto de fazer experiências.

Por isso, encontrar aqui um narrador (ou deverei dizer narradores) deste calibre é muito interessante. O conto foi-me aconselhado por isso mesmo e só posso agradecer a recomendação: fiquei fã.

A história é sobre um andróide e o seu dono, que andam fugidos por causa dos instintos violentos do andróide - instintos esses que nem deviam ser possíveis, segundo as directivas básicas de todos os robots, como foi ditado por Asimov.

O narrador é confuso logo ao início, tanto fala na primeira pessoa do singular, como na segunda, como na terceira, e nunca se percebe muito bem se é o dono do andróide, o próprio andróide, ou outra personagem qualquer.

A resposta, digo-vos, é fantástica. Só lendo a história é que podem perceber, e eu não me atrevo a fazer-vos um spoiler tão grande, mas digamos que encontrei aqui uma das melhores ideias que já vi, se estivermos a falar de formas de narração perfeitamente integradas e inseridas na história que é narrada.

Bester fica assim um autor a reler, provavelmente pela primeira recomendação que me fizeram: The Stars My Destination. Se conseguirem arranjar este conto, não hesitem!

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