Argumento: J. Michael Straczynski
Arte: Olivier Coipel, Mark Morales, Laura Martin, Paul Mounts
Tradução: Filipe Faria
Opinião: Thor e as personagens a ele associadas são das que mais gosto de ver no Universo Marvel. Directamente recortados da mitologia nórdica, acabam sempre por ser personagens um pouco atípicas, se os compararmos com os "comuns" heróis.
E sem esquecer que o Thor é dos heróis mais poderosos de sempre, sendo tecnicamente um deus e oficialmente uma espécie de alien, mas também um dos mais engraçados. A sua forma de falar shakespeariana e a permanente incompreensão das coisas simples que o rodeiam geram momentos muito engraçados, capturados na perfeição nos filmes em que aparece.
Um livro com o Thor sobe logo na minha consideração. Pode até ser uma grande desilusão, mas as expectativas já vão positivas. Dito isto, parti para a leitura sem conhecer o argumentista, algo que é bastante frequente quando pego numa BD, especialmente se for da Marvel ou da DC (são tantos!).
Não fiquei desiludido. Depois de ter acontecido qualquer coisa épica e dramática em histórias anteriores, que envolveram o Thor a sacrificar-se para interromper o ciclo a que os deuses nórdicos estavam sujeitos e que culminava no Ragnarok, o herói encontra-se preso numa espécie de limbo, de onde é de alguma forma resgatado.
Até foi bom ter lido esta história, pois relembrou-me de algo fulcral à identidade deste herói e que, infelizmente, passou ao lado dos recentes filmes da Marvel: o facto de Thor ser um alter-ego ligado a um humano. Bem, é mais complicado do que isto, mas acreditem que é interessante.
O livro tem alguns momentos verdadeiramente impressionantes, como quando Thor reclama um pedaço de terreno para re-erguer Asgard, e lhe dizem que não pode estar nesse terreno, que é propriedade privada: limita-se a pôr toda a cidadela a levitar acima do terreno. Ah! E depois passa a fazer parte da comunidade e é convidado, juntamente com o resto dos asgardianos, para as reuniões de condomínio. Duplo ah!
E sim, o resto dos asgardianos. Parece que o Ragnarok não foi assim tão final quanto isso, pois os asgardianos estão (quase) todos vivos, só que escondidos dentro de humanos que não fazem a mais pálida ideia. O que Thor faz é partir numa demanda emotiva e intensa em busca dos seus amigos.
O reencontro com o Iron Man, já depois da Guerra Civil entre heróis, e deste ter criado um clone do Thor, é dos melhores momentos. Confiante de si próprio, Tony Stark não hesita em enfrentar o seu amigo, que lhe mostra, à marretada, que já não está para brincadeiras. Que se tinha andado a conter, mas que esses dias acabaram. Relâmpagos, marteladas e enxertos de porrada sem dó nem piedade, é isso que Thor promete. E é por isso que Stark se vai embora, com o rabinho entre as pernas.
Durante todos estes acontecimentos, fica ainda bem vincada a luta que Thor tem consigo próprio, em busca da sua identidade. Dialoga com a sua parte humana e consigo próprio, tentando perceber o seu novo papel, agora que está livre das amarras do destino cíclico há tanto tempo traçado para si e para os seus.
Resumindo, é um livro interessante. A arte não me fascinou, mas reconheço que é boa. Tem detalhe, ainda que talvez lhe falte alguma expressividade. Mas é um livro que vale a pena.
2 comentários:
É um bom livro pena que nao editem o resto da fase para editarem Wolverines e Contos de Fadas.Quanto a localização de Asgard vai trazer problemas em o Cerco.
É um dos próximos a ser lido! E por acaso gostei desta versão do Thor, fiquei curioso... Será que a Panini, por cá, se aventura a publicar coisas menos chamativas como isto, eventualmente? Gostava!
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