segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

pequenas estórias de muitas vidas


Autor: André Pereira


Opinião: Aviso já que o autor é meu primo. Isto é importante por dois motivos, o primeiro dos quais é que era fácil cair na parcialidade, nesta opinião, mas só vai acontecer se me descair. Não tenho este blog para andar aqui a apaparicar autores só porque têm ADN e o Benfica em comum comigo. O outro motivo é que apenas esses laços familiares, juntamente com o facto de já conhecer a sua escrita, me fazem perdoar o facto do livro ser da Chiado Editora.

Mas vamos deixar de lado esta "editora" e seguir para o livro. O André farta-se de escrever, seja para jornais, revistas, um blog que teve em tempos, guiões para programas de televisão, para rádio, para teatro, para stand-up, enfim, de tudo um pouco. E eu, que tenho acompanhado o percurso dele, já conheço bem a sua forma de escrever. Mais ainda, sei que gosto.

Quando peguei no livro, no entanto, torci ligeiramente o nariz, por causa da estrutura. Dividido em várias partes (as estórias) bastante pequenas, um parágrafo, sempre menos do que uma página, não é propriamente o tipo de leitura que me costume agradar. Mas vinte minutos depois, que o livro lê-se rápido, tive que deixar de lado o preconceito e assumir que sim senhor, gostei!

Foi com um tom quase poético, mas sem medo de dizer o que tinha a dizer, da forma que queria dizer, que o André me convenceu, ao falar de vários Temas com letra grande, como a vida, a morte, a felicidade, a tristeza e outros que tais. O truque está na forma como o fez, com pequenas narrativas de momentos muitas vezes banais, mas intensos.

E é fácil de notar um tom trágico ao longo das páginas, um tom de sofrimento. Mesmo as estórias felizes só o são depois de muito se sofrer. E as que mais brilham, pela intensidade emocional que carregam, são sem dúvida as mais tristes, que apertam o coração e nos contagiam com a angústia dos vários narradores, que quase podiam ser identificados como um sujeito poético.

No fim ficam as várias pequenas mensagens, a boa escrita, e uma vontade de ler algo maior e mais estrutura, porque o André tem claramente potencial para algo mais: a sua capacidade de retratar emoções é fantástica, e isso pode-se ver também nos retratos escritos e nas cartas à máquina que de vez em quando escreve. Pensando ainda nas ideias que lhe conheço, apenas lhe posso dizer que fico à espera!

2 comentários:

Lurdes Andrino disse...

Que mais dizer?! Concordo e não diria melhor. Parabéns aos dois.

Rui Bastos disse...

Obrigado!