segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A Morte Persegue-me (Fatale #1)


Argumento: Ed Brubaker
Arte: Sean Phillips, Dave Stewart
Tradução: José Hartvig de Freitas


Opinião: Vi este livro no Fórum Fantástico do ano passado, e ainda pensei em comprá-lo juntamente com o primeiro Tony Chu, mas folheei e as ilustrações, por algum motivo, não me atraíram. Passado algum tempo deixei-me convencer pela fantástica edição da GFloy deste policial noir lovecraftiano, e não me arrependo.

É muito interessante a forma como Brubaker não tem, propriamente, um protagonista, mas sim uma história para contar, mais importante e maior do que qualquer personagem e qualquer acontecimento do livro. Tudo o que acontece são desenvolvimentos de partes dessa história maior, que acaba por ser contada com mestria, de forma muito subtil.

A arte, que ao início não me tinha convencido, é bastante apropriada ao tom do livro. Continuo a não ser o maior fã, mas revelou-se mais agradável do que estava à espera.

A subtileza da narrativa nota-se a vários níveis, e um deles é a femme fatale que serve como olho da tempestade ao longo destas páginas. Misteriosa, com vários segredos e relações peculiares, desde o início que mostra ser uma personagem com muito mais para dizer do que aquilo que aparenta. O seu encanto vai-se estendendo a várias personagens, que se vão deixando embasbacar, umas atrás das outras.

O mais impressionante é que ela parece realmente interessada nos homens que vai usando. Mesmo aqueles de que está activamente a tentar fugir. É como se a certo ponto tenha de facto estado interessada neles, ou se tenha habituado de tal forma que é quase a mesma coisa. E isso parte-lhe o coração, tanto como aos seus apaixonados. Um autêntico segundo gume escondido da faca que é ser uma verdadeira femme fatale.

Mas no meio do ambiente noir aparece um tema que encaixa como uma luva: terror lovecraftiano. Nada demasiado chocante, pelo menos por agora, mas com uma utilização muito eficaz. Não que não existam alguns momentos chocantes, com muito sangue e muitas tripas bastante explícitas, mas raramente estão relacionadas com os monstros. Esses actuam mais em segundo plano, pela calada, e ficamos a saber dos horrores perpetrados mais pelas consequências e por descrições, do que por visualização directa.

Isto é um pormenor interessante e muito provavelmente deliberado, que não só está perfeitamente de acordo com o estilo original de Lovecraft, como dá uma nova dimensão ao medo do desconhecido, aqui transposto para BD.

O final deixa água na boca e muitas pontas por atar, de tal forma que me deixou imensamente curioso e com vontade de pegar imediatamente no volume seguinte (o que infelizmente só acontece pela Primavera, a acreditar no que diz na última página do livro), o que é de louvar, tendo em conta que estou a falar de um livro que inicialmente não me chamou a atenção.

2 comentários:

Optimus Primal disse...

Bom livro a arte é a mesma de Criminal,Incognito Icon/Image e Sleeper Dc tudo trabalho dessa dupla fantastica.Tenho essa serie toda em tpb image,mesmo que acabe a g-floy.

Rui Bastos disse...

Fiquei honestamente impressionado...