Autor: Cesário Verde
Opinião: Já se sabe que poesia não é para mim, mas eu lá vou tentando ler umas coisas, para pelo menos conhecer e criticar com conhecimento de causa. Não tinha nenhum interesse particular neste livro, nem nenhuma curiosidade especial, mas lembro-me de alguém me estudar Cesário Verde no 11º ano. Não fiquei fã, como é óbvio.
O problema é que, objectivamente falando, não vejo nestes poemas nada de especial. Quer dizer, nada assim tão especial que justifique Cesário Verde como um dos nossos melhores poetas. Noutro país qualquer, talvez, mas num país conhecido como "país de poetas", é um exagero.
Fiquei espantado, confesso, com as inclinações narrativas. A maior parte dos poemas contam uma história, por curta que ela seja, e são frequentemente mais narrativos do que líricos, e essa parte agradou-me. Alguém que perceba que poesia não tem de ser sinónimo de palavras aleatórias para transmitir uma mensagem profunda!
Mas depois todos os textos deixam transparecer uma boa dose de snobismo e uma obsessão muito pouco saudável com mulheres, ao ponto de se tornar, muito honestamente, irritante.
Por outro lado há uma fixação com a Morte que é muito curiosa. Até quando os poemas descrevem mulheres bonitas e situações românticas e lamechas, recorrem a cenários e a termos trágicos, quase mórbidos. É uma faceta interessante e provavelmente muito indicativo do carácter da escrita de Cesário Verde.
No entanto, não me encheu as medidas, nem de perto nem de longe.
4 comentários:
Confesso que a poesia de Cesário Verde, ainda que agradável, não é das minhas favoritas. Transmite em alguns momentos algum pavor pelo mundo citadino... algo que até compreendo mas que não levo ao extremo como o poeta fazia...
Está na hora de leres mais uma vez a Mensagem. Esse sim é que é o melhor livro de poesia desde Os Lusíadas.
Adoro o poema Os Colombos na mensagem... demonstra todo o genuíno génio de Fernando Pessoa.
Não vi muito desse pavor citadino aqui, por acaso!
A Mensagem está na pilha, para ler depois dos Lusíadas e antes do Viagem à Índia ;) Vou tentar que seja ainda este ano, que já era para o ter feito no Verão passado!
O Horas Mortas do C Verde demonstra algum desse pavor citadino, mas o que há mais é paixão (nostalgia?) pelo campo...
Abraço
Francisco Fernandes
Isso compreendo... E nota-se bem.
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