quarta-feira, 18 de março de 2015

Torchwood [T4] - Miracle Day




É um bocado injusto só falar desta temporada da série. Vi-as todas, mas as primeiras três ainda marcharam o ano passado, quando não escrevia opiniões sobre séries. Portanto vou fazer uma introdução alargada.

Depois do sucesso que foi trazer Doctor Who de volta, Russel T. Davies e companhia pegaram numa personagem mais ou menos secundária, Captain Jack Harkness, e deram-lhe a sua própria série. O actor, John Barrowman (que é fantástico) ficou bastante feliz, pois adora a personagem, e os fãs ainda mais felizes ficaram, pois ainda gostam mais da personagem.

O Captain Jack foi daquelas personagens que passou por Doctor Who e se tornou praticamente universalmente apreciado. São poucos os fãs da série que não ficaram fãs dele. O que é que há para não gostar num tipo vindo do futuro, omnisexual (homens, mulheres, humanos, não-humanos...), com o carisma de Barrowman? Eu digo-vos: nada.


A série que protagonizou, Torchwood, foi sendo introduzida em Doctor Who, com referências aqui e ali, mais ou menos directas, mas quando ganhou o seu espaço, ganhou a sua própria identidade. Até chegou a cruzar-se com a série original, mas tornou-se num spin-off com vida própria, um cantinho do universo de Doctor Who com histórias e conceitos mais maduros, mais violência e enredos mais pesados e dramáticos.

Quase um Doctor Who para adultos. Mas muito mais do que isso! Torchwood foi uma série original desde o início, muito criativa e na qual o argumento não tinha que se preocupar demasiado com limites, sobre uma organização secreta com o objectivo de combater as ameaças alienígenas à Terra.

As primeiras duas temporadas são relativamente normais. São interessantes e introduzem uma série de personagens fascinantes, ainda que apareçam de vez em quando personagens como a protagonista, Gwen Cooper, altamente sobrevalorizada dentro e fora da série, e que eu não consegui suportar durante um único episódio das quatro temporadas.


Mas a verdade é que a qualidade esteve um pouco aquém daquilo que seria expectável. Conclusões palermas, resoluções apressadas, conflitos de personagens que não faziam muito sentido, enfim, uma série de falhas que não estava à espera de encontrar. Pequenos defeitos, mas que fizeram a diferença.

Tudo mudou, no entanto, com a terceira temporada, em formato mini-série de apenas cinco episódios alargados, e que ultrapassou largamente as minhas expectativas. Havia esperança para o programa!

E depois veio a quarta temporada, também ela uma espécie de mini-série, com dez episódios co-produzidos com um canal americano. Sim, isso mesmo. Eu fico espantado que os fãs não se tenham revoltado e deitado abaixo a BBC, que tudo o que esteja relacionado com Doctor Who costuma ser religiosamente britânico e ai de quem sugerir o contrário. E eu aqui até apoiava, pois o resultado foi... fraco.

Quer dizer, a ideia é excelente. Estilo Intermitências da Morte, um dia as pessoas deixam de morrer, sem mais nem menos. Só que aqui a trama descamba numa conspiração super complexa de farmacêuticas e grupos criminosos semi-secretos. E até aqui, tudo bem. Era uma história interessante de se seguir.

Mas realmente, a americanização do programa fez-lhe mal. Explosões só porque sim, maus actores, a insistência em dar tanto protagonismo à Gwen, juntamente com a insistência em dar quase zero de protagonismo ao marido dela, Rhys, uma personagem infinitamente mais interessante... E um enredo de desenvolvimento confuso, com muita, mas mesmo muita coisa a não fazer muito sentido.

Apesar de ter alguns bons momentos...
Foi uma pena. O orçamento foi claramente elevado, e a conclusão até é interessante, especialmente aquilo que deixa em aberto para futuras séries (que ainda não aconteceram, apesar da série não ter sido oficialmente cancelada), mas o miolo da coisa, meh.

Tenho alguma esperança que Torchwood eventualmente volte, e que seja realmente bom, mas depois de conseguirem fazer uma má temporada logo a seguir a uma excelente temporada... Enfim.

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