sexta-feira, 3 de abril de 2015

Saga #4


Argumento Brian K. Vaughan
Arte: Fiona Staples

Sinopse

Opinião: O meu apreço por estas BDs está mais do que bem documentado. Quando encontrei o primeiro livro, barato, nas estantes da FNAC, há ano e meio, não fazia a mínima ideia do que me esperava. Conhecia Saga de nome, mas apenas tinha ouvido que "era bom". Não sabia mais nada. Na altura pareceu-me suficientemente apelativo, barato, e interessante o suficiente para começar a engrossar seriamente as minhas estantes de BD.

Mal sabia eu o quanto ia adorar isto. O mundo de Saga é vasto, detalhado, bizarro e completamente dinâmico. Acompanhar estas histórias é deixar-me envolver por completo pelas imagens e argumento. Aquilo que Vaughan escreve é cativante, e aquilo que Staples desenha é genial. A sério.

Todos os mundos alienígenas, todos os alienígenas, os vários pormenores, os cenários, o sangue e as tripas, o ar fofo de Hazel (que no futuro se torna na narradora), a sensualidade e o nojo inerentes a cada recanto desde universo, tudo desenhado com a mesma... Clareza. Não é bem a palavra que eu quero, mas acho que expressa bem o que quero dizer. Nem um nem outro têm medo de fazer a história avançar, tanto narrativamente como graficamente, por onde quer que seja preciso.

Isso implica ter um cabeça de televisão coberto de sangue, com um bebé ao colo dum lado e uma cabeça agarrada pela espinha do outro? Seja! É preciso ver um homem normal envolvido com uma alienígena meio aracnídea? Siga!

A verdade é que tudo isso choca, mas não destoa. Faz sentido. O universo de Saga é um universo brutal, e matar alguém nunca é algo simples e limpinho.

Mas querem saber o que é que é mesmo, mesmo relevante? As personagens. No meio de tudo isto de que já falei, aquilo que brilha mais são as personagens, as relações entre elas e os seus problemas e desenvolvimentos. Cada personagem está bem construída e realista, por mais tentáculos, caudas, pernas, mamas, caudas de castor, asas, cornos ou outra coisa qualquer tenha.

Marko e Alana, o casal de protagonistas, são pais preocupados, mas também têm problemas na sua relação. Fraquezas. O mesmo se passa com Prince Robot III, um veterano traumatizado mas igualmente um pai extremoso e um marido em choque. Tudo isto feito da forma mais envolvente possível. É praticamente impossível pegar nisto e largar!

Ainda assim, na opinião ao livro anterior disse isto: "Começo a ter a sensação de que se está a aproximar o fim da história. Tudo parece andar ao ritmo certo para tal, mas nem pensar que tudo acaba no próximo livro, ou em mais dois ou três. Ou seja, o que raio é que estes tipos vão inventar a seguir? Como é que vão fazer a história avançar?"

E na altura era verdade. Tudo parecia estar a caminhar para um fim, tudo direitinho, problemas semi-resolvidos, as personagens todas encaminhadas... Mas depois de ler este livro tenho que retirar o que disse. Vaughan fez a história da melhor maneira possível: tal como a vida real, as coisas não acabam só porque se resolveram os principais problemas. Se noutras histórias talvez a solução fosse um "e viveram felizes para sempre", aqui apareceram os desenvolvimentos naturais do que se tem vindo a construir, continuando de forma perfeita, e coerente, toda a narrativa, ao mesmo tempo que se lhe dá um novo fôlego.

Por isto tudo, aconselho vivamente a leitura. Não sei se já perceberam, mas sou um fã incondicional. Ainda por cima os livros têm jeito para os princípios e os fins, tal como eu gosto, mais por culpa de Staples, que arranja sempre umas imagens marcantes para essas partes. As deste livro são das melhores. A do início por causa de ser completamente inesperado e abrupto, e a do final por ser simplesmente perfeita. A sério. Um cliffhanger bem feito como há muito tempo não via, uma união improvável, mas um desenvolvimento que faz todo o sentido. Mal posso esperar pelo próximo volume, provavelmente mais perto do fim do ano!

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