sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Brasil

Título: Brasil
Autor: Ian McDonald
Tradutora: Leonor Bizarro Marques

Sinopse: São Paulo 2032

Uma cidade com um coração de néon.
Uma cidade com incontáveis milhões de habitantes.
Uma cidade com fortunas de cortar a respiração e uma pobreza mortificante.
Uma cidade protegida por anjos onde a vigilância é constante e cada movimento é observado, seja o declínio, seja o fluxo do dinheiro ou da vida.
Uma cidade em que um ladrão poderia sair da favela e ficar encurralado no mundo estonteante e letal da computação quântica ilegal.

Rio de Janeiro 2006

Uma cidade sustentada por reality shows.
Uma cidade de gente que vê e que é vista.
Uma cidade onde uma ambiciosa produtora de televisão poderia descobrir o seu próximo grande êxito, perdendo a vida e a alma.

Brasil 1732

Um país de uma beleza paradisíaca.
Um país de ouro e de morte.
Um país de loucura e de religião.
Um país onde um padre jesuíta enviado no encalço de um padre apóstata, encontrará a fé e a realidade levadas ao limite.

Opinião: A decisão de ler este livro foi completamente influenciada pelo facto de o autor vir ao Fórum Fantástico. Tinha-o aqui na estante desde a Feira do Livro deste ano, e aproveitei o balanço.

À partida parecia-me bastante interessante, e não podia ser mais terrivelmente adequado: um livro que envolve mecânica quântica no semestre em que tenho uma cadeira de mecânica quântica. Curioso.

Mas a verdade é que não me conseguiu captar muito a atenção. Dou-lhe, no entanto, o mérito de ser o primeiro livro que me lembro que passa uma sensação completamente caótica, de forma propositada, e que faz com que isso funcione a favor da história. É uma sensação estranha, mas boa, muito boa. Pergunto-me se os outros livros do autor têm o mesmo estilo.

Acho é que o facto de se acompanhar as 3 narrativas, sem se encontrar qualquer tipo de ligação entre elas durante muito tempo, fez com que não me sentisse propriamente cativado por nenhuma. É verdade que se vão notando alguns pontos de contacto, mas alguns nem sequer chegam a ser explicados.

Por aí, acho que o livro perdeu muito. E o sentimento de caos acaba por levar a uma confusão desnecessária, que não me agradou nadinha. Acabei o livro com uma sensação de "então e agora? o fim?". Na prática o livro teve 3 fins, um para cada linha narrativa, mas nenhum deles me soube a fim.

As personagens são interessantes, mas acabam por não ficar tão bem caracterizadas como poderia ter acontecido. Fia, Edson e as suas personalidades, Luís Quinn, Falcon, Zemba, Marcelina... Cada um com os seus dilemas e as suas vidas, mas nenhum que se destaque propriamente.

Em suma, um livro mediano.

10 comentários:

André Nóbrega disse...

Engraçado que o achaste mediano mas a tua descrição dá-me vontade de ler! De certa forma lembrou-me algumas das sensações que o Thomas Pynchon me provocou no Against the Day.

Rui Bastos disse...

A leitura não deixa de ser interessante! E depois de ter visto o autor no FF, ainda fiquei com vontade de ler outras coisas suas.

Achei que este se perdeu ligeiramente e podia ter ficado melhor, mas hey, experimenta, é uma leitura diferente (o facto de ser no Brasil é interessante).

E Pynchon já me anda a deixar curioso há demasiado tempo!

André Nóbrega disse...

Atira-te ao Pynchon e depois diz qualquer coisa por aqui, vale bem a pena!

Rui Bastos disse...

It shall be done! Thank you.

João Campos disse...

O problema deste "Brasil" é que perde muito na tradução. A escrita em "Brasyl" dá uma outra textura ao livro pela mistura muito pouco convencional que faz de expressões portuguesas no texto em inglês... um ritmo muito próprio, que marca toda a leitura.

... é por estas e por outras que não tenciono voltar a comprar traduções portuguesas de autores anglófonos. Por boas que sejam... não preciso delas!

(e dito isto, mesmo tendo gostado muito de "Brasyl", achei "Desolation Road" superior)

Rui Bastos disse...

Parece ser consensual que a tradução para português estragou muito... Which is a shame. Lá terei um dia que ler em inglês! Mas por agora estou mais curioso em agarrar nesse "Desolation Road" e nos seus livros de Marte.

E epah, as traduções se forem bem feitas, funcionam... O problema é mesmo serem bem feitas. Mas confesso que compro poucas, e cada vez menos, até porque em inglês sai mais barato!

João Campos disse...

Em "Brasyl" não há hipótese - mesmo deixando as expressões ideomáticas que ele colocou em português em itálico... haveria sempre qualquer coisa a perder-se.

Traduções bem feitas, no mercado editorial português dedicado ao fantástico? Contam-se pelos dedos.

... de uma mão.

Rui Bastos disse...

Por acaso ainda no outro dia a ler o terceiro do Martin (em português) encontrei por lá uma barbaridade qualquer que até me fez doer o coração... É uma pena!

Mas acho que é capaz de afectar mais a ficção científica, porque há mais termos recorrentes que todos conhecemos pelo seu nome original, e que por cá se tenta traduzir e sai uma desgraça.

João Campos disse...

Nunca li "A Song of Ice and Fire" em português - tenho os quatro primeiros em trade paperback, cada um a metade do preço da metade de cada um na edição portuguesa (se isto faz sentido); e tenho o quinto na primeira edição hardcover, comprada dois dias após a publicação - também saiu mais barata que uma das metades. Sim, eu sei - mercados, economias de escala e isso tudo. Not my problem.

Quanto a isso da tradução: mais à frente, terás uma que será um autêntico cheirete... ;)

Rui Bastos disse...

I fear...