"Aprecio a tua boa vontade, mas não sei se chegarei ao fim do que tencionas dizer-me. Os meus pés já começam a parecer-se com pingos de orvalho cristalizados pela friagem de muitos Invernos. O meu estômago deve estar com tantos buracos como o de Sócrates ao acabar de beber a cicuta, sinto os afiados ventos do norte atravessarem-me o tubo digestivo de lado a lado. As mãos (se é que ainda são minhas) já não as reconheço como mãos: são cãibras que se congelaram perpetuamente em feitio de garras mortas."
A noiva vestida de nuvens
António de Macedo
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