sábado, 30 de abril de 2011

Que as citações nos caiam em cima [2]

A citação desta semana foi-nos enviada pela Andreia Silva, do blog Segredos...escondidos!!!!, e é mais uma bela citação, desta vez do Clube das Encalhadas, de Catarina Fonseca.

"Chama-se química à relação que se estabelece entre dias pessoas apaixonadas, mas devia chamar-se alquimia. A química é qualquer coisa demasiado asséptica, que mete batas brancas e números e pós verdes que explodem. A alquimia exige uma fé maior que o mundo, exige acreditar em qualquer coisa que todos sabem que existe mas ainda ninguém viu acontecer de facto, como transformar terra morta e outras coisas que não interessa e que cheiram pior que terra morta em ouro."


O Clube das Encalhadas, Catarina Fonseca

Já sabem, para nos enviarem mais citações só têm que enviar um e-mail para queaestantenoscaiaemcima@gmail.com. Boas leituras!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Enigma de Fermat

Título: O Enigma de Fermat
Autor: Albert Violant i Holz

Sinopse: Nenhuma outra conjectura na história da Matemática é tão sugestiva como a enunciada pelo francês Pierre de Fermat em 1637. A simplicidade da sua formulação contrasta com as profundidades matemáticas às quais dedica o seu estudo, que chegaram a parecer insondáveis.

Opinião: Dos livros que já li desta colecção, este deve ser, muito provavelmente, aquele que tem mais texto e menos equações. Os motivos pareceram-me evidentes, no entanto: por um lado, o famoso último teorema de Fermat é algo tão fascinante e tão polémico, que praticamente todos os grandes matemáticas se debruçaram sobre ele; por outro, a maior parte das explicações envolvem matérias tão complexas e distantes do alcance das pessoas que estiverem de fora deste mundo, que este livro não chegaria para as dar de forma satisfatória.

Como sempre, há uma grande contextualização histórica, em grande parte devido aos três séculos de intenso trabalho sobre este teorema, e não foi por apenas um punhado de matemáticos, mas sim pela grande maioria dos nomes mais famosos, como Gauss, e Euler.

Acho que basta que todo o livro seja dedicado a um único teorema para que se perceba a importância e complexidade desse mesmo teorema. Para além de ser dos teoremas mais famosos da história da matemática, destaca-se dos demais pela simplicidade da sua formulação, coisa que Fermat fez na margem de um livro, em meia dúzia de linhas, embora toda esta simplicidade do enunciado esteja em forte contraste com a extrema dificuldade da sua resolução. Não são todos os problemas que levam três séculos a serem resolvidos...

O livro tem uma escrita simples e acessível, tal como é preciso em obras de divulgação científica, apesar do tema deste ser um bocadinho mais "pesado", em termos matemáticos, mas nada que tire o prazer à leitura, já para não falar da componente histórica, que eu pessoalmente acho sempre fascinante... Fica, portanto, obviamente aconselhado a toda a gente.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Blasfémia

Título: Blasfémia
Autor: Douglas Preston
Tradutor: Manuel Alberto Vieira

Sinopse: O maior supercolisionador do mundo, encerrado numa montanha no Arizona, foi construído para revelar os segredos do momento da criação: o próprio Big Bang. O Torus é a máquina mais cara jamais criada pela Humanidade, gerida pelo computador mais poderoso do mundo, uma invenção do cientista Nobel, North Hazelius.
Será o Torus capaz de divulgar os mistérios da criação do universo? Ou irá, de acordo com algumas previsões, sugar a Terra para um buraco negro? Poderá também ser uma tentativa satânica, como alguns televangelistas clamam, de desafiar o Deus Todo-Poderoso no próprio trono divino?
Sob a liderança de Hazelius, doze cientistas são enviados à montanha remota para activar a máquina, e aquilo que descobrirem deverá ser mantido secreto a todo o custo. Wyman Ford, ex-monge e agente da CIA, tem a missão de descobrir o segredo, um segredo que irá destruir o mundo... ou salvá-lo. A contagem decrescente começou...

Opinião: Já para começar bem, vou-vos contar o porquê de ter estado tão perto de não pôr ali a sinopse deste livro. Primeiro, há muito tempo que não via uma sinopse tão enganadora. Especialmente aquele último parágrafo. A ideia com que pelo menos eu fiquei, é a de que ia ler sobre uma equipa de cientistas arraçados de Indiana Jones, numa viagem perigosa a um complexo abandonado para activarem a máquina e verem o que se passou, para depois serem salvos por Wyman Ford, um agente da CIA, aos tiros, e a rezar pela purificação da sua alma (esta parte é exagerada, mas enfim), e não é nada disto que vem no livro. Depois, vêem onde diz Torus? Pois, se há nome que nunca aparece em todo o livro, é Torus. O nome do supercolisionador é Isabella.

Pequenos (grandes) pormenores à parte, gostei bastante desta leitura, com os seus capítulos curtos, ao melhor estilo de Dan Brown, apesar de ter sentido um bocado a falta de mais algum desenvolvimento a nível das personagens, que ainda por cima tinham praticamente todas um enorme potencial: 12 cientistas super inteligentes, alguns fanáticos religiosos, um ex-agente da CIA e ex-monge... Já agora, esta personagem foi provavelmente a minha maior decepção, não passa de um homem que não se chega a perceber muito bem o que é que sabe fazer, que não chega propriamente a fazer nada de jeito e que embora seja uma das personagens centrais da história, pouco ou nada se fica a saber sobre ele.

No entanto, para depois não dizerem que estou a massacrar o autor sem razão, eu fiz a minha pesquisa, e há uns livros anteriores a este, com uma espécie de continuidade, num dos quais esta personagem tem algum relevo, e é ainda um monge. Pronto.

Quanto ao tema do livro é um tema que me diz muito, a eterna luta entre ciência e religião, os fanáticos (de ambos os lados, reconheço) e enfim, todas as questões associadas a esta batalha já com vários séculos (milénios!) de idade. O ponto de vista apresentado é deveras curioso, assim como a forma como esse ponto de vista é apresentado. Juro que fiquei fascinado com os diálogos que surgiram devido a uma certa e determinada situação, a qual não irei revelar, como é óbvio, para não estragar a surpresa (e também para que quem ainda não leu fique a sofrer um bocadito).

Por fim, uma nota bastante negativa para a edição, que além da sinopse, que é moderadamente horrível pelas questões supra mencionadas, conta ainda com vários erros e gralhas. Um exemplo, assim de repente, é em vez de "bem", aparecer "vem". É uma gralha que acontece, pronto. O problema é que eu vi esta gralha pelo menos duas vezes, o que, segundo as minhas definições pessoais, já conta como erro. E todos sabemos quão desagradável é ler um livro com erros.

Mas bem, no geral é um bom livro, com algumas falhas, que me deixou curioso para ler mais qualquer coisita deste autor, mas que ao mesmo tempo não me deixou com uma ânsia extrema de ir comprar qualquer coisita já a correr de bicicleta. Embora me tenha enchido as medidas, no que toca a resmunguice anti-religião.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Balanço Épico


Foi uma batalha épica. Uma longa temporada, de quase 3 meses, que deu origem a 15 posts (já a contar com este) e a algumas dores de cabeça, que isto não foi nada fácil. Estas epopeias não se lêem como os livros a que estamos mais habituados, embora estejam inseridos no género narrativo, e muito menos como se se estivesse a ler poesia, embora as semelhanças a nível da forma sejam imensas. São leituras para serem feitas com imensa calma, com imensa paciência e com um dicionário por perto, de preferência.

Agora que já assustei todos os interessados em ler estes livros, deixem-me passar às coisas boas. Sabem aquela sensação de verem um daqueles filmes, ainda a preto e branco, que ficaram na história na cinema? Aqueles filmes que praticamente definiram géneros cinematográficos inteiros, ou que criaram técnicas ainda hoje utilizadas? Pois. Ao ler estes 4 livros, que representam apenas uma pequena (ainda que importante) parte daquilo que este género tem para oferecer, senti-me como se estivesse a ler autênticos pedaços da história da literatura, que é, afinal de contas, o que eles são.

São livros verdadeiramente épicos, dignos de se chamarem epopeias. Confesso que me rendi ao género, o que torna as minhas opiniões, e este próprio balanço, algo bastante parcial, logo à partida, mas vou tentar não ser demasiado efusivo, e deixar os gritinhos histéricos para as adolescentes que rezam todos os dias para que a Meyer publique um novo livro. Embora, caros leitores e caras leitores, não se escapem a um texto mais longo que o habitual. Considerem-se avisados.

Ora bem, começando pelo princípio: Os Lusíadas. Quando o comecei a ler não estava assim muito inclinado para gostar, devido às minhas experiências anteriores (viva as leituras obrigatórias no 9º ano!), mas depois de algumas estrofes dentro da coisa fiquei, à falta de outra expressão melhor, doidinho de todo. Sim, está lá o nacionalismo exacerbado, os ideais algo retrógrados e ultrapassados, a fé completamente irracional, mas também lá anda o descontentamento com a situação do país além dos traços de uma fortíssima ideologia humanista. E, como eu não me canso dizer, é preciso dar algum crédito ao Camões. 8816 versos sempre com o mesmo esquema rimático, sempre com a mesma métrica, e ainda por cima conseguindo manter a coerência da história...

Depois veio o ponto mais baixo da temporada: Beowulf. De autor desconhecido, o mais pequeno dos 4 foi lido em inglês e não correu muito bem. Eu, que tanto gosto de me gabar do meu bom inglês, fiquei completamente às aranhas com aproximadamente metade do que era dito. Às tantas habituei-me e lá entrei um bocadinho melhor no esquema, mas foi uma leitura praticamente perdida. Não consegui absorver a musicalidade e a cadência como deve ser e tive vários problemas de vocabulário. Fica no entanto a garantia de voltar a pegar nele, daqui a uns tempos.

De seguida foi a vez de partir para a epopeia mais excêntrica da minha lista: Fausto. Com a sua estrutura hiper-mista de narrativa/poesia e teatro, é um épico ligeiramente diferente dos outros, muito mais liberal em termos de forma, integrando até pedaços em narrativa. Enfim, foi uma leitura curiosa, que demorou mais tempo do que aquilo que eu tinha previsto, mas que valeu a pena e de que maneira! Tem um tom algo surreal, especialmente à medida que a leitura se aproxima do fim, e deve contar para alguma coisa o facto de ter sido o livro que praticamente criou toda a mística em torno dos pactos com o Diabo.

Por fim, o avozinho das epopeias modernas: Divina Comédia. Nunca vi uma obra cujo nome do género em que está inserida se adequasse tão bem. Epopeia. Fica no ouvido e fica na cabeça. Passei metade da temporada com este livro, graças principalmente à escola, mas também às notas desta edição. Já aqui falei e re-falei montes de vezes deste assunto, mas não posso fazer este balanço sem referir o quão ridículas são estas notas. Basta dizer que metade do livro é a Divina Comédia, e que a outra metade são as suas notas. No entanto, nada que tirasse a grandiosidade a este livro, que pura e simplesmente adorei, apesar da sua mensagem ir contra as minhas próprias ideias.

No geral acho que o balanço é mais do que positivo. Li grandes obras-primas da literatura, delirei por completo, aborreci-me de morte, desejei nunca ter feito esta temporada, desejei ter mais epopeias à mão... O que é que se pode dizer, foi toda uma (Vasco da) gama (que piada parva) de emoções, que espero ter oportunidade de repetir, seja epopeias seja outro tema. Foi algo de que gostei muito, escrever mais do que um post acerca do mesmo livro, para dar uma visão mais detalhada da minha leitura. Espero que tenham gostado de me acompanhar tanto como eu gostei de ler estes épicos.

P.S.: Aceitam-se sugestões para a próxima temporada!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Os Subterrâneos da Liberdade: Árduos Tempos


Título: Os Subterrâneos da Liberdade (Vol. 1): Árduos Tempos

Autor: Jorge Amado

Sinopse: Os ásperos tempos, primeiro volume da trilogia, traz a instauração do regime ditatorial do Estado Novo, o comportamento das forças políticas, os ideais proclamados e os primeiros movimentos de resistência. Publicada pela primeira vez em 1954, a obra, dividida nos volumes "Os ásperos tempos", "Agonia da noite" e "A luz no túnel", é a sua forma de protesto e crítica ao Governo Vargas.

Opinião: Há muito que esta crítica esperava ser feita, tal como há algum tempo que já acabei este monumental primeiro volume da trilogia Os Subterrâneos da Liberdade. O tempo é pouco, mesmo em férias e o blog vai sendo sem querer deixado para trás. Não é mesmo nada justo e eu já tinha saudades de aqui escrever.

Quanto a Ásperos tempos, as expectativas eram altas, sendo Jorge Amado um dos meus autores preferidos, e a temática da história também se me afigurava bastante atraente.

Numa belíssima lírica narrativa, Jorge Amado não desilude, e penetra mais uma vez, no âmago das emoções humanas, neste relato do que foi a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas no Brasil.

Focada principalmente na luta operária do Partido Comunista Brasileiro, trabalhando e sofrendo na clandestinidade pela queda do governo de Vargas, a história abraça também outras personagens da baixa burguesia à elite multimilionária de São Paulo.

Jorge Amado consegue assim manipular na perfeição pontos de vista, ideologias, sentimentos e romances variados numa única época histórica.

Inicialmente escrito pelo autor como um único volume, Os Subterrâneos da Liberdade foi dividido em três volumes pela editora, compondo assim uma trilogia com o mesmo nome.

Quanto à recente re-edição pela editora Dom Quixote, só tenho a apelar para que não a comprem. Jorge Amado nunca aprovaria o valor exorbitante de 25€ que é pedido pelo livro, e pô-lo à venda a esse preço, julgo ser uma afronta e falta de respeito pelo escritor.

Os meus Lusíadas

Título: Os Lusíadas
Autor: Luís de Camões 

Opinião: Como o Rui já referiu num outro post, a falta de tempo tem vindo a tornar-se um obstáculo cada vez maior. A verdade é que nunca vi um ano tão egocêntrico como este, o 12º, tem sido um ano muito trabalhoso, por isso a leitura tem ficado para trás e os momentos para escrever nos blogues também têm estado em vias de extinção.


Foi por esta precisa razão que demorei cerca de um mês e tal a ler os Lusíadas e que tenho vindo a atrasar a minha lista de leituras desejadas.

Quanto à minha leitura d' Os Lusíadas, esta começou numa edição emprestada pelo Rui e acabou noutra edição, a que me ofereceram há uns dias pelos meus dezoito anos.

E se me permitem com toda a franqueza e sem qualquer ar de superioridade, gostava muito de falar-vos sobre os meus Lusíadas. Esta edição, que é linda, foi-me oferecida pelo meu pai no dia em que fiz dezoito anos, e sendo eu uma apreciadora de literatura entrei em êxtase quando a vi. Trata-se de uma edição limitada, com capa dura e retoques dourados; um tipo de letra maravilhoso, com papel de qualidade, agradável ao toque e todo ele escrito em português antigo, fiel ao original em que foi escrito. É enorme e pesado, tem aquele ar de antiguidade distinta e pertence àquela categoria de livros que vale a pena ter, nem que seja só para admirá-lo.

Falando agora da minha opinião sobre a obra, o resultado é positivo. Já tinha lido e analisado alguns cantos que fazem parte do programa da disciplina de Português mas resolvi ler a obra completa. 
E apesar de ter gostado muito, a leitura por vezes, tornou-se um tanto ou quanto complexa, o português arcaico da altura, enriquecido com os mais variados recursos estilísticos e latinismos fez com que nem sempre fosse muito perceptível o que é que o poeta queria dizer em determinada estrofe, o que levou com que eu não entendesse algumas passagens e que alguns pormenores históricos me tivessem escapado. É por estes alicerces que a grande obra lusitana é de um certo modo difícil de ser lida e requisita de um nível de concentração por parte do leitor mais elevado do que o necessário noutro estilo de literatura.


Contudo, é sem dúvida uma das grandes, se não a maior obra literária portuguesa, e já que a temos que dar e não a podemos vencer, que tal juntar-nos a ela? E foi o que eu fiz, a opinião essa, ficou inserida no verbo gostar!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Prisioneiros com Dilemas e Estratégias Dominantes

Título: Prisioneiros com Dilemas e Estratégias Dominantes
Autor: Jordi Deulofeu


Sinopse: O jogo, a actividade livre por excelência, também admite interessantes formalizações matemáticas. Este processo culminou em meados do século passado quando, no calor da Guerra Fria e do confronto entre superpotências, se desenvolveu a moderna teoria de jogos, que tem como objectivo estudar estratégias vencedoras com que abordar toda a espécie de conflitos. 

Opinião: Aposto que a partir do momento em que disser que este livro de matemática tem como tema a teoria dos jogos, quem me estiver a ler vai ter sentimentos contraditórios: por um lado, "teoria", vindo de um livro de matemática, implica, à partida, algo sério; por outro, "jogos", deita essa lógica por água abaixo.

Pois bem, caros descrentes, desenganem-se. A teoria dos jogos é algo muito sério, sendo até um dos ramos da matemática com mais aplicações práticas no dia-a-dia!

Sendo algo que começou por analisar jogos em concreto, rapidamente tratou de se abstrair, desenvolvendo uma teoria geral para a resolução dos mais variados problemas, ou até à simples análise de situações, desde saber que jogada efectuar num jogo de NIM, até perceber quais as opções de 2 potências mundiais, no que toca às armas nucleares.

Como todos os livros desta colecção trata-se de um livro escrito com a linguagem mais simples possível, que trata os vários assuntos de forma clara e objectiva.

Nada que me desapontasse, portanto, ou não gostasse eu muito de matemática, e que, tal como o resto da colecção, aconselho a toda a gente, seja amador seja experiente, nestas andanças matemáticas.

sábado, 23 de abril de 2011

Que as citações nos caiam em cima [1]

Esta citação inaugural foi-nos enviada pela Catarina Café, também conhecida por Cat SaDiablo, autora do blog A Bibliófila. É uma bonita citação, retirada de um livro que conta com excelentes críticas por toda a blogosfera: A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón.

"Seguimos o guardião através daquele corredor palaciano e chegámos a uma grande sala circular onde uma autêntica basílica das trevas jazia sob uma cúpula retalhada por feixes de luz que pendiam lá do alto. Um labirinto de corredores e estantes repletas de livros subia da base até à cúspide, desenhando uma colmeia tecida de túneis, escadarias, plataformas e pontes, que deixavam adivinhar uma gigantesca biblioteca de geometria impossível.Olhei para o meu pai, boquiaberto. Ele sorriu, piscando-me o olho.


- Bem-vindo ao Cemitério dos Livros Esquecidos, Daniel. 

(...) - Este lugar é um mistério, Daniel, um santuário. Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar as suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte."


A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón. Tradução de J. Teixeira de Aguilar pp. 13-14. D. Quixote (2004)


Já sabem, para nos enviarem mais citações só têm que enviar um e-mail para queaestantenoscaiaemcima@gmail.com. Boas leituras!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos

Título: John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos
Autora: Catarina Coelho

Sinopse: Este livro apresenta sente contos que conjugam fantasia, magia, sobrenatural e improvável. Entrando directamente na mente e nas emoções das personagens, cada história procura ser, ao mesmo tempo, visão imaginária e reflexo de sentimentos.

Opinião: Tenho que confessar que ter escolhido este livro para ler não foi de todo um acto aleatório. A verdade é que acabei ontem uma temporada épica, em que li 4 épicos, e que me cansaram muito, apesar de ter adorado. Como tal, e depois de estar quase 2 meses a ler a Divina Comédia, não me foi difícil escolher o livro mais pequeno que encontrasse cá em casa para ler a seguir... E bem, o escolhido para curar a minha "ressaca epopeica" foi este, assinado pela autora, a simpática Catarina Coelho, que já nos deu uma pseudo-entrevista muito interessante. Devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendido, com algumas histórias meramente razoáveis, e algumas muito boas.

Logo o primeiro conto, John Lennon nunca morreu, que dá o nome ao livro, não me agrada por aí além. Os diálogos são demasiado forçados e pouco naturais, a história evolui de forma ingénua, graças às suas personagens ingénuas, e tem um final ligeiramente desapontante. Vê-se que é uma história escrita por um fã, mas podia ter sido melhor trabalhada.

O segundo, A Troca, sofre mais ou menos dos mesmos problemas, com os diálogos pouco naturais, ainda que tenha uma história interessante, apesar do desenvolvimento previsível. Tem, no entanto, um final surpreendente, que mesmo não sendo algo que me tenha feito cair o queixo, me fez gostar mais da história.

Adorei o terceiro, Pequenos demónios, que me fez lembrar um conto do João Barreiros (e que não vou dizer qual é, ou a história perde logo a piada, para quem conhecer) ainda que, como é óbvio, num tom MUITO menos sombrio. Tem um final macabro, e o único defeito que lhe ponho é mesmo o de ser demasiado curto.

O Sacrifício, o quarto conto, é algo previsível, embora tenha alguns pormenores inesperados que ajudam a que esta seja uma boa história, que mesmo não tendo um enredo muito original se torna interessante, especialmente se tivermos a conta a ténue dose de mistério, que podia, apesar de tudo, estar mais desenvolvida.

A quinta história, E nada mais importa, transmite uma mensagem bonita que peca pela simplicidade com que os acontecimentos são explicados. Acontecimentos absolutamente fenomenais são aceites num piscar de olhos, e embora a autora tente explicar o porquê disso acontecer, não o consegue muito bem. Podia ter aproveitado para carregar mais a história, tornar o ambiente ainda mais denso e carregado, talvez assim as coisas encaixassem melhor.

No penúltimo conto, Espelhos, fiquei agradavelmente surpreendido, pois a mini-sinopse não me tinha deixado com uma boa impressão, mas a verdade é que adorei este conto. É que embora a ideia não seja nada de novo, a forma como a autora a apresenta e aquilo que faz com ela acaba por ser. Também só lhe vi um grande defeito, que é o final, que é um dos finais mais anticlimáticos que eu me lembro de ler!

Por fim, Espírito da Natureza, o último conto, é estranho. Interessante, mas estranho. Ao início parece bastante previsível, mas não sei bem como, a autora consegue desviar a atenção e fazer-me duvidar daquilo que eu achava ter percebido, apesar de, no fim, as minhas previsões se revelarem correctas.

Resumindo, no geral gostei do livro. Algumas coisas menos agradáveis, algumas bastante agradáveis. Fica a promessa de prestar atenção aos próximos livros desta jovem autora.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Divina Comédia: Opinião

Título: Divina Comédia
Autor: Dante Alighieri
Tradutor: Professor Marques Braga


Opinião: Parece que afinal as minhas previsões até acertaram. Depois de no post do Inferno dizer que ainda devia demorar um mês a acabar de ler o livro, demorei exactamente um mês a acabá-lo (acabei ontem...)!

Agora vou despachar já o ponto negativo mais negativo numa obra tão grandiosa como esta. Eu até já falei disto, em 2 dos 3 posts anteriores: as notas. Não me lembro de ler um livro com notas de tradução tão estupidificantemente exaustivas. Houve um excelente trabalho a nível de tradução do texto, mas a nível das notas... Enfim, a certa altura desisti de ler as notas.

De volta à parte boa do épico, a divisão em 3 partes tem lógica e está perfeitamente bem definida, com o ambiente a mudar radicalmente de parte para parte. Os 100 curtos cantos estão praticamente distribuídos de igual forma pelas 3 partes, tirando o facto (curioso) da primeira parte, o Inferno (a minha favorita!), ter 34 cantos, contra os 33 das outras duas. Eu sei que 100 não se divide por 3 como deve ser, e que haveria um canto extra que teria que caber em algum lado, mas acho interessante que tenha caído na parte em que caiu, a que está repleta de pecadores e avisos...

Como já devem ter percebido, não sou nada imparcial no que toca às 3 partes deste épico. Tenho uma clara preferência pelo Inferno, renegando para último lugar o Paraíso, com o Purgatório ali metido no meio, numa posição meio acinzentada. Pode-se dizer que, se calhar, tem a ver com as minhas preferências pessoais, já que toda e qualquer religião me incomoda um bocado. Ou seja, quando Dante sai do Inferno e se começa a aproximar da redenção e da graça divina, a mensagem da obra começa entrar por um olho e a sair pelo outro.

Mas também tem a ver com o próprio teor de cada parte. O Inferno está repleto de sangue e de vísceras, de castigos excruciantemente imaginativos e horripilantes e tem um ambiente carregadíssimo, super denso, praticamente palpável. O próprio Inferno parece contribuir para os castigos aplicados com a sua atmosfera negra e macabra. É também a parte mais focada na imagem mais geral, com descrições do Inferno, das almas que lá habitam, dos demónios que vigiam e castigam as almas, dos castigos aplicados a tipo de pecador...

É que depois, ao chegar ao Purgatório, a obra começa a evoluir para uma espécie de propaganda religiosa, muito mais focada nas almas e nos seus castigos e consequente redenção do que no sítio em si, pouco ou nada descrito, especialmente se se comparar com o Inferno. É um sítio mais "luminoso", repleto de adoração a Deus e de arrependimento pelos males feitos. Agradou-me menos porque a partir daqui as personagens que vão aparecendo parecem cada vez mais interessadas em passar uma mensagem de redenção, o que até faz sentido, tendo em conta que estão no Purgatório, mas que, no fundo, não me agrada.

E tudo piora quando Dante chega ao Paraíso e encontra almas cada vez mais luminosas e bem-aventuradas, cada uma com uma mensagem cada vez mais repleta de esperança e de louvores a Deus, o que, mais uma vez, faz todo o sentido, mas que não me agrada. A história a que me prendi, no início, foi-se esmorecendo, dando lugar a mensagens cada vez mais explícitas sobre quão espectacular é o Cristianismo, e como se deve adorar a Deus, etc.

Ou seja, achei o Inferno muito mais interessante, porque tinha um certo fio condutor, que me agradou e que me permitiu manter-me muito mais interessado no que nas outras duas partes. Mas atenção que gostei de todas! Apenas gostei muito mais da primeira...

O problema que tenho neste momento, é que ainda podia dizer muita coisa, mas não me quero alongar assim tanto. Vou tentar focar só o essencial do que falta, como a luta entra a Razão, representada por Virgílio, e a Fé, representada por Beatriz. Sendo uma luta quase tão antiga como a própria existência dos seus intervenientes, a forma como Dante aqui a simboliza é muito particular. A começar pelas personagens escolhidas: Virgílio, o poeta preferido de Dante, que habita no Limbo, por ser anterior ao Cristianismo e, por isso, não ser baptizado. Segundo os ideais cristãos, os antigos não tinham propriamente fé, e eles próprios, acreditando em vários deuses, davam uma grande importância à razão. Do outro lado há Beatriz, uma alma pura, que supostamente morreu jovem, sendo por isso uma espécie de mártir, como convinha ao símbolo da Fé.

É interessante ver como Virgílio, a Razão, só consegue acompanhar Dante até ao cimo do Purgatório, onde, para entrar no Paraíso, tem que ser guiado por Beatriz, a Fé. É demasiado óbvio que o poeta está a dizer que para entrar no Paraíso é preciso ter Fé, e que a razão nos leva ao Inferno, podendo até mesmo fazer-nos chegar ao Purgatório, se nos arrependermos, mas que é incapaz de nos fazer ascender ao Paraíso...

Tenho ainda que dizer uma coisa em que reparei. O oportunismo das almas. Aquelas que estão no Inferno pedem a Dante para falar delas no mundo dos vivos, para que rezem por elas e as suas penas sejam atenuadas. No Purgatório pedem-lhe a mesma coisa. No Paraíso não há uma única referência de qualquer alma ao mundo dos vivos. Serei o único a reparar que as almas no Inferno e no Purgatório pediam atenção dos vivos em proveito próprio, para conseguirem atingir o céu, mas que uma vez que lá chegam, as almas deixam de se importar com os familiares e amigos que têm vivos? Curioso...

Confesso que já tenho saudades de ler prosa convencional, e sei que esta opinião se estendeu mais do que é normal, mas uma obra desta magnitude merece isso mesmo. Ficam aqui as minhas impressões sobre este belo épico, que não aconselho a toda a gente. É uma leitura difícil, especialmente o Paraíso, com as suas metáforas e alegorias completamente descontextualizadas... É, no entanto, e sem sombra da dúvida, uma epopeia (moderna), uma história verdadeiramente épica, com tudo o que essa designação implica.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Que as citações nos caiam em cima



Assino aqui uma nova rubrica sobre citações literárias.

Sim, essas citações que quando lemos um livro ficam na nossa memória para sempre, e nos marcam de tal modo que as adoptamos como lemas de vida ou incentivos morais.

São quase tão importantes como a história que lemos e às vezes fazem a história.

Por reconhecermos a sua importância, todas as semanas publicaremos uma citação de um autor ou obra seleccionada por um dos colaboradores do blog ou por um dos nossos leitores.

O nosso blog é vosso, é de quem lê, por isso quem quiser sugerir-nos uma citação envie-a para o nosso mail queaestantenoscaiaemcima@gmail.com, que nós trataremos de a publicar e anunciar o seu remetente.

Contamos com a vossa participação para que esta rubrica seja o mais dinâmica possível!

domingo, 17 de abril de 2011

Divina Comédia: Paraíso

A meio da última parte deste épico, ou seja, a caminho do canto XVI do Paraíso, começo a ter saudades do Inferno. Eu sei que parece loucura, mas a verdade é que tantas páginas cheias de orações e preces e louvores a Deus, com tanta luz e bem-aventurança, não me andam a cair muito bem. Gostei muito mais de ler as partes com tripas e sangue e penas dolorosamente horripilantes.

Não que não esteja a gostar de ler esta parte, porque até estou... Apenas não estou a gostar tanto quanto isso. O Paraíso tem vários pontos a favor: versos cada vez mais grandiosos e eloquentes, personagens históricas fabulosas e monólogos/diálogos discutivelmente fabulosos. Só que por outro lado, tem muitos contras: torna-se repetitivo (a certa altura parece que só leio "E Deus é grandioso" ou "E Deus é poderoso" ou "E Deus é benevolente", enfim, a cada meia dúzia de versos louva-se a Deus), a tal eloquência e grandiosidade começa a tornar-se excessiva, de tanta felicidade e excitação... É como se houvesse emoção a mais, ficando a história meio perdida.

Além de que, por motivos pessoais, não me agrada por aí além a mensagem da obra. Todo este enaltecimento do Cristianismo toca-me na tecla errada. Enfim, eu depois na opinião final falo mais da comparação entre as 3 partes, e o porquê de ter gostado mais do Inferno. Por enquanto, só falta acabar de ler isto. Já não deve faltar muito, acho que o mais tardar amanhã acabo. Pode ser que entretanto mude de opinião. Duvido, mas logo se vê.

sábado, 16 de abril de 2011

No que tocas às notas...


...acho que ou são muito bem feitas, ou então não devem sequer ser planeadas. Quem tem acompanhado os meus posts sobre a Temporada Épica, já deve ter reparado que eu dou uma grande importância a estas notas de tradutor (ou notas finais, o que quer que lhes queiram chamar). Primeiro porque para o tipo de leitura que é, de obras épicas, acho que é importante alguma contextualização, além de que acho bastante interessante saber alguns pormenores ou curiosidades que me escapariam por completo, pelo simples facto de não conhecer a matéria em questão.

Mas quer dizer... Uma coisa é contextualizar algo, outra coisa é o exagero a que chegam algumas notas, como é o caso das da Divina Comédia. Na frase "Virgílio disse: Eu..." não preciso de uma nota a indicar que o "eu" é referente a Virgílio! Eu nem imagino o que terá passado pela cabeça de quem tratou destas notas, para fazer algo deste género... Além de fazer coisas como ter uma citação no texto, com uma nota no final com a citação na língua original, normalmente latim. Lógica disso? Não sei! (nota: Je ne sais pas!).

Não estou a dizer que não gosto deste tipo de notas, acho que são importantes, como já disse acima. Só não acho piada a este exagero, que consegue até ter 2 e 3 notas para a mesma palavra, além de fazer notas às notas. Por exemplo, gostei muito das notas d'Os Lusíadas, que não caíam no exagero, e aprofundavam apenas detalhes estritamente necessários para a compreensão do texto. Das do Beowulf também gostei, embora as achasse menos relevantes, talvez por muitas vezes ficar na mesma, por defeito pessoal (problemas com aquele inglês). Achei as do Fausto simplesmente divinais! Poucas, longas, com informação relevante e importante, dada de forma detalhada e pouco exaustiva. Agora, estas, da Divina Comédia... EXECRÁVEIS! Já não posso com elas!

Então e as vossas experiências com estas notas? Que acham delas? Já encontraram algum caso espectacular e/ou algum caso absolutamente horrível? Enfim, digam de vossa justiça, gostava de saber se estou sozinho neste ódio.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Divina Comédia: Purgatório

Da última vez que falei da "Divina Comédia", disse que provavelmente iria demorar mais um mês a ler o livro todo. Pois bem, cá estamos, praticamente 1 mês depois, e ainda não acabei o Purgatório. Estou mesmo quase, faltam-me 5 cantos, ainda quero acabar hoje e começar a minha viagem pelo Paraíso, mas pronto, ainda não está.

Esta demora prende-se com várias coisas, a começar pelo carácter difícil da obra, e a acabar com a monstruosa falta de tempo livre, causada pela escola. Só agora que entrei de férias é que me consegui dedicar como deve ser à leitura calma e extremamente atenta que este épico merece, pois só assim consigo capturar minimamente a essência de todas as alegorias (embora haja muito que me escapa por completo, até depois de alguma pesquisa, são coisas que exigem um trabalho muito mais aprofundado do que aquele que eu consigo fazer) e apreciar verdadeiramente todos os pormenores desta obra.

Uma coisa que eu já tinha reparado ao ler o Inferno, e que se volta a repetir no Purgatório, é que todas as almas, salvo raras excepções, têm apenas um desejo em comum: que a sua memória se perpetue no mundo dos vivos. São várias as almas que se dirigem a Dante e que, ao despedirem-se, lhe pedem que fale delas, quando voltar a caminhar entre os vivos. Ou então dizem que só partilham a sua história com Dante se ele falar delas, no mundo dos vivos. Só mesmo os pecadores mais gravosos não o querem, por terem vergonha dos seus pecados.

Chegados ao Purgatório, vira o disco e toca o mesmo, mas desta vez com uma pequena nuance: as almas penitentes pedem a Dante para rezar por elas e para pedir às respectivas famílias que rezem por elas, além de lhe pedirem para avisar as famílias que se encontram no Purgatório, a redimirem-se dos seus pecados, e não no Inferno, onde provavelmente mereciam estar, não fosse o seu arrependimento.

Algo de que ainda não falei, embora talvez seja demasiado óbvio, é da religiosidade da obra. O Inferno é apresentado como um lugar absolutamente tenebroso, e fica bem claro o nível de macabro das penas a que cada tipo de pecador é condenado. O Purgatório, por sua vez, já é mais amigável, e mais focado nas almas que por lá andam, não dando tantas indicações do ambiente que as rodeia como acontecia no Inferno, onde o próprio sítio era descrito como insuportável e aterrador. E, como é óbvio, desde o princípio do livro que todo este caminho se faz com um objectivo em mente: Beatriz. A mensagem entra pelos olhos dentro, só se alcança a paz e a graça de Deus, depois de se sofrer no Inferno e de se penar no Purgatório. Traduzindo, não há paz eterna de graça, só com muito sofrimento e sacrifício se atinge o bem supremo. Enfim, coisas daquela tempo, imagino que uma obra deste género tenha dado jeito a muitos padres e bispos e afins.

Como única nota negativa, tenho que me chatear com as notas do tradutor. Já começam a ser absolutamente execráveis, estou a este (neste momento estou com o polegar e o indicador direito bastante próximos, quase a tocarem-se) bocadinho de simplesmente desistir das notas, até a leitura era mais rápida. Já são mais as vezes em que as notas me dizem quem está a dizer determinada fala, ou a quem se refere determinado pronome, do que as vezes em que me dão um contexto histórico, ou algo que seja apenas útil. É irritante e ligeiramente estupidificante ler algo deste género: "E Virgílio disse: Eu..." e depois uma fala qualquer, com uma  notazinha no eu, a indicar que é Virgílio que está a falar. Por amor ao Pateta, quem fez estas notas deve pensar que quem lê isto não sabe interpretar coisas básicas ao nível de uma criança de 3 anos...

Mas pronto, no geral estou a adorar, uma excelente obra e uma excelente experiência!

domingo, 10 de abril de 2011

L___ Tolst___


O título deste post é algo estranho, confesso, mas acho que depois de verem a imagem percebem melhor. O nome deste escritor é algo que me fascina continuamente, pois parece que todos os dias descubro uma maneira nova de o escrever. Aqui representadas apenas 7 dessas maneiras, todas encontradas numa busca rápida, no Google.

Ao todo estão ali 5 formas de escrever o primeiro nome e 3 formas de escrever o segundo nome, num total de 7 formas diferentes de escrever o nome deste autor russo.

"Ah e tal, é por ser russo, a tradução dos caracteres cirílicos pode não ser muito pacífica...", podiam vocês dizer. Bem, tretas! Dostoievsky também é russo, assim como Tchekhov, e eu ainda só vi, no máximo, 2/3 maneiras de escrever os seus nomes... Ora, isso contra SETE formas de escrever o de Tolstói/Tolstoi/Tolstoy... Talvez não seja algo assim tão linear quanto isso.

Mas pronto, a verdade é que de Leo/Leon a Leão, pelas cabecinhas de alguns tradutores medíocres, não vai assim tanta distância quanto isso. Já perder o i de Lev para Liev... É que até se desculpa trocar o y por um i, de Tolstoy para Tolstoi, ou vice-versa, e inventar ou assassinar acentos nem é assim tão grave quanto isso... Grave é todas essas coisas acontecerem, e passarmos de Liev Tolstói para Leo Tolstoy! Até podiam ser dois autores completamente diferentes. Parece que os diferentes tradutores/editores só concordam no L e em Tolst, o resto é como fazer palavras cruzadas, vai-se inventado até se acertar.

Eu cá fico-me por Lev Tolstoi, até porque foi esse o nome que se lhe pôs aqui no blog, nas etiquetas, mas ficarei para sempre com esta dúvida, a exigir um bocadinho mais de pesquisa...

sábado, 9 de abril de 2011

Regresso

E depois de tanto tempo com a estante meio vazia, é chegada a altura de regressarmos. Pelo menos durante as próximas 2 semanas, que depois começa o 3º Período, e daí a 2 meses são os exames! Quer dizer, para a Alice nem por isso, que ainda está no 10º ano, ainda tem uma boa vida...

Mas bem, nessas coisas logo pensamos. O que interessa é que estamos de volta, e que durante as próximas semanas isto irá tentar regressar ao ritmo normal. Vamos lá ver se corre bem.

Pelo menos no que a mim me toca directamente, já sei que vou conseguir regressar à minha velocidade habitual de leitura, o que significa que o fim da Divina Comédia não deve estar longe. E no entretanto também me hei-de lembrar de mais qualquer coisa para vir cá debitar, espero.

E pronto, boas leituras!

sábado, 2 de abril de 2011

Em branco



É assim que têm sido os últimos dias por aqui. Nenhum dos 3 tem tempo para ler muito, quanto mais para escrever.

Falando por mim, desde a última vez que cá comentei as minhas leituras (um post sobre a parte infernal da "Divina Comédia"), já passaram mais de duas semanas, e ainda só li mais 6 cantos! Ainda tenho um longo caminho a percorrer, especialmente se tivermos em conta que ainda mal entrei no Purgatório...

De resto, entre testes e trabalhos, trabalhos e testes, exames disto, daquilo e preocupações que tais, como devem imaginar, o blog deixa de ser prioridade, pelo menos durante estes dias.

Temos pena, todos os 3 gostávamos de escrever mais, de ter mais tempo disponível para o blog, mas antes disso ainda precisamos de arranjar tempo para nos coçarmos...

Mas bem, aproveito para deixar aqui o aviso que é bem possível que ainda passe mais uma semana antes de termos actualizações mais regulares (viva as férias!), mas que iremos tentar escrever qualquer coisita entretanto, para o blog não perder totalmente o seu interesse. No entanto, devo dizer aqui que fiquei surpreendido com o volume de visitantes, que esteve sempre à volta dos 140 visitantes por dia, na última semana, apesar da última publicação ter mais de uma semana... É de louvar termos tantos leitores e seguidores tão interessados naquilo que escrevemos!

Como nota final, e para aguçar curiosidades, fiquem sabendo que já temos mais entrevistas na calha... Não sei quando serão publicados, mas pelo menos já estão a ser pensadas/tratadas. De resto, depende dos nossos ritmos de leitura, que, espero, venha a melhorar, com o fim do período escolar.

(Pergunta: serei o único a achar que estes últimos 3 meses passaram a correr?)