Título: Mucha
Argumento: David Soares
Ilustração: Osvaldo Medina e Mário Freitas
Sinopse: 6 anos depois da A Última Grande Sala de Cinema, "Mucha" marca o tão aguardado regresso à BD do romancista David Soares (Lisboa Triunfante, A Conspiração dos Antepassados), numa história de horror intimista, subversiva e inteligente, bem reveladora da voz autoral ímpar que define a obra do erudito autor.
Baseada na premissa da peça surrealista Rhinocéros, de Eugène Ionesco, "Mucha" é uma extravagância visceral sobre a ameaça da desumanização que pende sobre a cabeça de Rusalka, uma camponesa que se vê, de um dia para o outro, imergida num mundo que insiste em ser uniforme, perigoso e destituído de qualidades.
Ilustrado por Osvaldo Medina (A Fórmula da Felicidade) e Mário Freitas (Super Pig) num estilo negro e singular que recupera o expressionismo gótico das bandas desenhadas clássicas de horror, "Mucha" apresenta cenas de cortar a respiração, pautadas por um ritmo frenético que não deixará nenhum leitor indiferente; ou doravante tranquilo perante uma simples mosca.
Opinião: Depois de Cidade-Túmulo me ter deixado ainda mais curioso quanto às BD's de David Soares, eis que agarro em Mucha. Esta pequena BD tem claramente inspirações Kafkianas e aparentemente também de Eugène Ionesco, já que entra no campo do absurdo misturando 2 conceitos desses 2 autores: temos por um lado pessoas que se transformam em insectos, à là Kafka, na Metamorfose, e por outro uma vila inteira que se transforma num animal, e o caos que daí segue, à là Ionesco, em Rhinocéros, uma peça de teatro em que acontece isso mesmo, só que, adivinharam, com rinocerontes.
A história é bizarra, como não podia deixar de ser, inclui fenómenos inexplicáveis, sangue e tripas, e uma aura negra e de certa forma mística bem patente quer no argumento quer nos desenhos, da autoria de Osvaldo Medina e Mário Freitas.
O estilo a preto e branco, à semelhança do que acontece na Cidade-Túmulo, empresta uma força e uma intensidade muito próprias às palavras e ao enredo de David Soares. O efeito é obviamente diferente, já que quem desenhou o primeiro foi o próprio David Soares, o que não aconteceu aqui, mas em essência é a mesma coisa.
Notei foi que a história é demasiado curta, e talvez tivesse beneficiado de mais algumas páginas. O livro assim passa a correr, demasiado depressa para ser apreciado condignamente. Talvez seja propositado, pois há um forte contraste entre a serenidade do meio rural e a velocidade e precipitação dos acontecimentos, que acabam por envolver a aldeia, e Rusalka em particular, numa série de fenómenos e acontecimentos desgraçados, com poucas ou nenhumas explicações e sem grandes previsões de finais felizes.
Algo que ainda não sei se deva apoiar se deva censurar, é o facto de os soldados alemães que aparecem entretanto falaram de facto alemão, sem direito a tradução. Se por um lado obriga o leitor a identificar-se com a personagem e a sentir mais na pele aquilo que ela sente (à semelhança do que acontece com o filme The Shrine, só que com polaco), não me pareceu justificado obrigar o leitor a ficar assim tão perdido relativamente ao que os soldados diziam.
Por fim, acho que posso dizer que senti com este livro o que senti ao ler contos do autor pela segunda vez: gostei, mas esperava melhor, comparativamente, neste caso, à Cidade-Túmulo.
A história é bizarra, como não podia deixar de ser, inclui fenómenos inexplicáveis, sangue e tripas, e uma aura negra e de certa forma mística bem patente quer no argumento quer nos desenhos, da autoria de Osvaldo Medina e Mário Freitas.
O estilo a preto e branco, à semelhança do que acontece na Cidade-Túmulo, empresta uma força e uma intensidade muito próprias às palavras e ao enredo de David Soares. O efeito é obviamente diferente, já que quem desenhou o primeiro foi o próprio David Soares, o que não aconteceu aqui, mas em essência é a mesma coisa.
Notei foi que a história é demasiado curta, e talvez tivesse beneficiado de mais algumas páginas. O livro assim passa a correr, demasiado depressa para ser apreciado condignamente. Talvez seja propositado, pois há um forte contraste entre a serenidade do meio rural e a velocidade e precipitação dos acontecimentos, que acabam por envolver a aldeia, e Rusalka em particular, numa série de fenómenos e acontecimentos desgraçados, com poucas ou nenhumas explicações e sem grandes previsões de finais felizes.
Algo que ainda não sei se deva apoiar se deva censurar, é o facto de os soldados alemães que aparecem entretanto falaram de facto alemão, sem direito a tradução. Se por um lado obriga o leitor a identificar-se com a personagem e a sentir mais na pele aquilo que ela sente (à semelhança do que acontece com o filme The Shrine, só que com polaco), não me pareceu justificado obrigar o leitor a ficar assim tão perdido relativamente ao que os soldados diziam.
Por fim, acho que posso dizer que senti com este livro o que senti ao ler contos do autor pela segunda vez: gostei, mas esperava melhor, comparativamente, neste caso, à Cidade-Túmulo.
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