A história da criada Zerlina, contada pela própria, surpreendeu-me. Um livro pelo qual, à partida, eu não dava nada, conseguiu-me manter agarrado e ansioso por saber o desenlace.
E com algo tão banal quanto a vida amorosa de Zerlina, nos seus tempos de juventude, uma história que se mistura com a vida amorosa da sua própria patroa, através de um amor em comum.
Dito assim não parece nada de especial, mas contado por Zerlina, ao novo hóspede da sua patroa, apenas referido como A., ganha uma dimensão. Em grande parte graças à personagem, muito bem conseguida e explorada!
Algo que é de louvar, num livro tão pequeno. A criada Zerlina tem uma voz muito própria, e parece que ganha vida, discursando na primeira pessoa para A., que acaba por ser, ao fim e ao cabo, o leitor. É tal o à-vontade de Zerlina e a sua desenvoltura, com tiques tão característicos e tão fáceis de apanhar, não esquecendo que é um livro pequeno, que passei a sentir, a certa altura, que Zerlina falava comigo, que era a mim que me estava a contar a sua história.
Sendo um autor desconhecido para mim, Hermann Broch convenceu-me, com este pequeno conto. Uma escrita que flui muito bem, e que consegue transmitir na perfeição um discurso oral. Gostei, é o que vos digo, gostei, e ainda hei-de ler mais deste autor!
2 comentários:
A minha mãe tem esse livro em casa e eu nunca o li!
Lê, lê! =D
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