terça-feira, 7 de setembro de 2010

Polikuchka, o Enforcado

Já li muita coisa de americanos e de ingleses. Principalmente de americanos e ingleses. Também um bom número de autores portugueses, alguns franceses, e outros que tais. Mas de autores russos li muito pouco, e confesso que é algo que quero descobrir.

E já tinha iniciado essa descoberta com "A morte de Ivan Ilitch", deste mesmo autor, um pequeno livro, não mais do que um conto, do qual gostei muito.

Tinha, por isso, algumas expectativas quanto a este "Polikuchka, o Enforcado", sem, no entanto, saber exactamente o que esperar. Depois de o ler, fiquei até bastante agradado.

A história é interessante, e a escrita não é má, sem ser propriamente boa... Mas tenho que dar um desconto ao livro, é apenas um conto, de uma obra literária extensa, e um dos livros menos conhecidos deste autor. E ainda por cima a edição não é das melhores...

Mas bem, a ideia, a história, é óptima. Polikuchka é um bom homem, com um bom-coração, em tudo boa pessoa, excepto no facto de gostar de se embebedar, e de, nessas ocasiões, ter tendências criminosas. A sua sorte, é que tem uma patroa, que mesmo não tendo muitas provas de poder confiar nele, aliás, tendo até provas do contrário, confia nele, e um dia, à revelia dos conselhos de praticamente toda a gente, o encarrega de ir buscar uma grande quantia de dinheiro.

A grande dúvida que fica no ar, tanto para as personagens, como para nós, é se Polikuchka, pela primeira vez, vai conseguir manter-se fiel à sua palavra, longe da bebida, e sem roubar o dinheiro, que poderia muito facilmente desviar, para cuidar da sua enorme família.

A escrita é pormenorizada, algo em que eu já tinha reparado em "A morte de Ivan Ilitch", e que já me tinham dito ser uma das principais características da literatura russa. E eu gostei, pelo menos até agora tenho gostado, da escrita de Tolstoi. Tem-me deixado imensamente curioso para ler livros maiores de autores russos, e de ler mais autores russos. Só que neste livro, a escrita pareceu-me um bocado confusa, algo que se tem vindo a repetir nos outros livros desta colecção, o que me deixa a pensar se não será problema meu, se calhar ando distraído, ou se não será das edições (ranhosas, muito ranhosas), que não me deixam focar na leitura. Talvez, não sei, tenho que pensar melhor nisto...

No entretanto, leiam este livro, mas, como é óbvio, tentem arranjar outra edição!

4 comentários:

Vicente Vivaldo Fino disse...

Durante muitos anos o problema da literatura russa no nosso país foi mesmo a tradução. Mas com o aparecimento de 2 ou 3 tradutores de qualidade ( António Pescada, Nina e Filipe Guerra) estes autores começaram a ser olhados (e lidos) com outros olhos. Tolstoi é enorme mas não deixa de ser importante ler Dostóievski, Tcheckov e, principalmente (digo eu) Gógol, que tem um romance inacabado(Almas Mortas) que é fundamental ler para quem anseia por melhor compreender a literatura russa.

Rui Bastos disse...

Gógol nem conheço! Obrigado pela dica ;)

Débora Val disse...

Achei este livro bastante bom, muito pela história, até.

Quanto aos leitores russos, bem, os realistas são os mais conhecidos.

Posso sugerir, de Dostoiévski: O Jogador, O Eterno Marido, Noites Brancas, O Duplo; que, na minha opinião, são muito bons.

Quanto a Gógol, O Diário de Um Louco é um livro óptimo.

Abraços.

Rui Bastos disse...

Obrigado pelas dicas, vou procurar esses livros ;)

Abraços.