terça-feira, 9 de julho de 2013

Nocturnos (Sandman #1.2)

Título: Nocturnos

Argumento: Neil Gaiman
Desenho: Sam Kieth, Mike Dringenberg e Malcolm Jones III
Cor: Robbie Busch
Tradução: Pedro Vieira de Moura

Sinopse: Sandman: Nocturnos prossegue a saga de Morfeu, o Senhor dos Sonhos, em busca dos atributos que lhe permitirão restaurar o seu poder, ao mesmo tempo que se dá a conhecer ao leitor outro membro da família dos Eternos, a Morte.

Opinião: Gaiman consegue, mais uma vez, escrever uma BD fantástica, com uma arte irrepreensível, especialmente as cores (again!), da parte de Sam Kieth, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III e Robbie Busch.

A busca de Morfeu continua, desta vez pelo seu rubi, detido por um tal de Doutor Destino, vilão clássico da DC e visto duma perspectiva bastante interessante e tenebrosa, com direito a 2 capítulos verdadeiramente excepcionais.


O capítulo em que se fecha num café com quem lá está, e usa os poderes do rubi para controlar tudo o que lá se passa, roça o genial.

Assustador e com momentos verdadeiramente psicadélicos e violentos, esse capítulo tem algumas das melhores páginas de BD que já me passaram pelas mãos, com a brutalidade a escalar e a surpreender-me a cada virar de página.

E isso foi, se não superado, pelo menos igualado, com o capítulo seguinte, em que Morfeu luta com Destino no Reino dos Sonhos, para reaver o rubi. As ilusões do vilão, os seus sonhos, os seus pesadelos, os seus desejos, tudo isso faz deste capítulo outro grande momento do livro.

Depois o capítulo final introduz a Morte, a irmã mais velha de Morfeu e outra dos Eternos. Morte é uma personagem caricata, tem o aspecto de uma jovem mulher, de pele pálida e cabelos negros, como os olhos, à semelhança de Morfeu, e transmite a mesma aura de mistério e poder que o irmão.

No entanto é muito diferente do Senhor dos Sonhos. Enquanto este é calmo e melancólico, paciente até, Morte é impulsiva e perde as estribeiras com facilidade. E como se isso não fosse suficiente, parece perfeitamente capaz de oscilar rapidamente entre essa personalidade explosiva e uma personalidade mais como a do seu irmão, mais calma e assertiva.

Suponho que isto reflicta as naturezas daquilo que representam: Morfeu tem um carácter etéreo, claramente não pertence ao nosso plano de realidade. É calmo, ponderado e sábio, ao mesmo tempo que é aterrador. Como os sonhos e os pesadelos.

Já a Morte é como a morte, ora repentina e demasiado rápida, ou lenta e ponderada, mas sempre fria, distante e dolorosa para alguém.

Neil Gaiman consegue assim construir duas personagens muito interessantes, que se juntam ao resto das personagens que têm aparecido ao longo destas páginas, algumas criadas outras emprestadas, mas todas bem aproveitadas.

E o resultado de misturar essas personagens com a sua história fantástica, e com a arte fabulosa daquela equipa de artistas ali em cima, é um livro excepcional.

4 comentários:

Nuno Amado disse...

Boa crítica Rui.
A Morte foi das personagens mais interessantes que surgiu na série Sandman. Irás reparar nisso ao longo da série!
;)

Abraço

Rui Bastos disse...

Obrigado... Mal posso esperar para continuar a ler isto. Acho é que as BLX não têm a saga toda :/

Nuno Amado disse...

Se estás a ler em português posso já adiantar-te que não têm, a Devir só publicou dois ou três livros desta série...
:(

Rui Bastos disse...

É uma pena... Mas nem me faz espécie ler estes em português e o resto em inglês, acho é que mesmo assim as BLX não colaboram comigo...